“Quando olhamos a luz rosa, identificamos um potencial de venda absurdo. Você consegue comunicar com quem quiser. É um fator sexy pelo qual todos se interessaram”.
Quando Geraldo Maia e os irmãos Mateus e Rafael Delalibera trabalhavam na Mobly, acostumaram-se a compartilhar a hora do almoço para um brainstorming. Os três queriam empreender fora do mundo digital, mas não sabiam o que fazer. Mas a ideia estava ali mesmo, no prato.
Enquanto startups digitalizavam da experiência bancária à imobiliária, o estalo para inovar no campo veio quando Mateus descobriu a incursão de americanos e japoneses na produção de folhosas no meio da cidade — em fazendas verticais iluminadas por um rosa que não passa despercebido.
A Pink Farms, então, foi criada como pioneira da produção de folhas em fazendas urbanas verticais no Brasil. “Quando olhamos a luz rosa, identificamos um potencial de venda absurdo. Você consegue comunicar com quem quiser. É um fator sexy pelo qual todos se interessaram”, lembra Maia.
Agora, o negócio está prestes a multiplicar por dez sua capacidade de produção. A Pink Farms está concluindo uma rodada série A de R$ 15 milhões atraindo a SLC, maior companhia de produção agrícola do país. A SLC Ventures, braço de investimentos do grupo gaúcho, será um dos principais investidores.
“Nós plantamos commodities e eles plantam hortaliça. Um na terra e outro em sistemas hidropônicos em fazendas verticais”, disse Carlos Eduardo Aranha, o executivo responsável pela SLC Ventures, que vislumbra um futuro em que as sementes de grãos também poderão ser multiplicadas com a tecnologia da Pink Farms.
Para a SLC, o investimento — de valor exato não divulgado — é apenas o segundo do braço de inovação. A SLC Ventures conta com R$ 50 milhões para investir em startups em cinco anos, com tíquete médio que vai de R$ 1 milhão a R$ 5 milhões. A Aegro foi a outra agtech que recebeu investimento do grupo.
A rodada da Pink Farms começou a ser negociada há alguns meses e deve ser concluída até dezembro, trazendo de investidores de varejo a grandes corporações como a SLC, passando pelos fundos de venture capital.
Desde julho, a Pink Farms está com uma rodada de R$ 5 milhões aberta na SMU Investimentos. A captação na plataforma de crowdfunding se encerra nesta semana e a meta deve ser atingida. Além dos investidores de varejo, a startup vai completar os R$ 15 milhões do série A com o aporte da SLC Ventures e de outros fundos que ainda não tiveram o nome divulgado. Todos entram no mesmo valuation de R$ 60 milhões (pré-money).
Desde que foi fundada, a Pink Farms fez algumas rodadas menores, captando R$ 8,8 milhões. Para tirar a ideia do papel, os fundadores colocaram R$ 150 mil do próprio bolso para testar a viabilidade da alface produzida em um sala de 50 metros quadrados. Os testes foram promissores, e a Pink Farms saiu à caça de investidores para fazer a validação comercial. SP Ventures, gestora especializada no agro, e Capital Lab toparam e, em 2019, investiram R$ 2 milhões.
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De lá para cá, a Pink Farms levantou mais R$ 6,8 milhões, o que incluiu aportes da Grão VC, de anjos como Christophe Allain (da Jasmine) e de investidores que aplicaram na rodada de R$ 4,8 milhões feita pela plataforma de crowdfunding SMU Investimentos.
O capital levantando até agora ajudou o time liderado por Maia, que é o CEO da Pink Farms, a tornar o produto competitivo e chegar a algumas lojas de redes como Carrefour e GPA. Mas a fazenda vertical na Vila Leopoldina, bairro da zona oeste de São Paulo, ficou pequena para as ambições da startup.
Com a série A, a companhia chegou agora no que pode ser seu turning point em termos de escala. Com a rodada de R$ 15 milhões, a Pink Farms vai construir uma fazenda vertical de grande porte — a primeira da startup em escala exclusivamente comercial. Se na Vila Leopoldina, bairro da zona oeste paulistana a Pink Farms consegue produzir 3 toneladas por mês, o que é um volume muito reduzido para atender grandes varejistas, na nova unidade a capacidade salta para algo mais de 30 toneladas.
A escala também trará uma vantagem de preço. Atualmente, as folhas da Pink Farms chegaram a um preço intermediário entre o produto tradicional e o orgânico. Hoje, uma alface pronta para consumo sai algo entre R$ 8,50 e R$ 9,00. Mas a nova fazenda reduzirá os custos de produção. Só a economia de energia, com a uso do mercado livre, representará uma economia da ordem de 40%.
Na competição com as folhosas convencionais, a Pink Farms também sai em vantagem. A colheita na Pink Farms leva 28 a 40 dias, mais rápido que os da produção convencional (de 60 a 90 dias), e com benefícios ambientais — o uso de água é reduzido em 95% e o de fertilizantes, em 60%. Não há agrotóxico na produção.
A localização da fazenda vertical ainda não está definida, mas deve ficar entre as cidades a 10 quilômetros da Vila Leopoldina, em cidades como Barueri, Cajamar, Osasco ou Guarulhos. A ideia é inaugurar a fazenda em março e atingir a capacidade total até agosto de 2023. Com a nova fábrica, a Pink Farms espera chegar ao breakeven. O faturamento pode alcançar R$ 20 milhões.
A diversificação da produção também está no radar, para incluir cogumelos, morangos e outras berries. Conforme o cronograma, a Pink Farms deixará de ser apenas uma produtora de folhas em 2023. A expansão nacional deve ocorrer a partir do ano seguinte, com a estruturação de dívidas para erguer fazendas verticais para atender cidades como Rio e Brasília.
Fonte: Pipeline
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