A expansão do crédito rural para produtores pessoa física deve desacelerar

Em 2023, a taxa de inadimplência entre os produtores rurais individuais foi de 7,1%, um nível praticamente estável em comparação ao ano anterior, conforme dados da Serasa.

No ano passado, a concessão de crédito rural e agroindustrial para produtores individuais aumentou 6,6%, totalizando R$ 224 bilhões, de acordo com dados da Serasa Experian. Para 2024, espera-se um crescimento, embora em ritmo mais lento, devido às margens de lucro mais apertadas e às exigências mais rigorosas dos bancos para a liberação de recursos.

O levantamento da Serasa Experian abrange todas as formas de crédito rural e agroindustrial oferecidas por instituições financeiras, excluindo financiamentos obtidos por meio de fornecedores, tradings ou no mercado de capitais.

César Júnior, gerente executivo de desenvolvimento de negócios agro da Serasa Experian, ressalta que o agronegócio é um setor que depende fortemente de financiamento para o giro de suas safras. Ele explica que, no ano passado, a demanda por crédito aumentou significativamente porque as margens de lucro dos produtores ainda estavam favoráveis.

“A demanda por crédito permanece forte. Embora haja possibilidade de um crescimento mais modesto na tomada de crédito em 2024, não se espera uma redução,”

afirmou o especialista.

Ele destacou que a maioria dos produtores mantém suas obrigações financeiras em dia. Além disso, não há indicativos de que os bancos irão restringir a liberação de recursos devido à queda nos preços das commodities ou ao aumento de pedidos de recuperação judicial entre produtores individuais.

crédito rural
Foto: Divulgação

“O que estamos observando é um aumento na rigidez do monitoramento e das exigências para concessão de crédito,” ele acrescentou, mencionando também a possibilidade de elevação das taxas de juros para os tomadores de crédito.

Em 2023, a taxa de inadimplência entre os produtores rurais individuais foi de 7,1%, um nível praticamente estável em comparação ao ano anterior, conforme dados da Serasa. A análise inclui dívidas vencidas há mais de 180 dias.

“Embora não tenha havido um aumento, estamos agora em um cenário de maior apreensão”, admitiu César Júnior. “O risco de inadimplência está aumentando, mas é essencial realizar um monitoramento cuidadoso para qualificar bem esse crédito e distinguir entre bons e maus pagadores. Este é um público muito diversificado, com realidades bastante distintas”, acrescentou.

Fatores de Expansão

Um dos fatores que continua impulsionando a demanda por crédito, embora em ritmo mais lento, é a expansão da área de plantio. Segundo o gerente da Serasa, com margens de lucro apertadas, os agricultores devem avançar menos na semeadura de grãos para a safra 2024/25, apesar da expectativa de crescimento do cultivo no país.

“As consultorias não preveem o mesmo nível de expansão de área. Talvez o interesse dos produtores em avançar em áreas de maior risco climático diminua, e os arrendatários também estejam mais cautelosos”, comentou ele.

Custo do crédito em 2024

Para 2024, a recente redução na taxa básica de juros (Selic) provavelmente não resultará em custos menores para os financiamentos. Isso ocorre porque o aumento do risco está levando os bancos a serem mais seletivos na concessão de crédito. “O produtor ainda não vai se beneficiar tanto dessa queda na Selic, e o Banco Central também indica que essa redução não será duradoura”, avaliou César Júnior.

Escrito por Compre Rural

TAMBÉM VEJA:

ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM