A pastagem deve sair de um tratamento periférico e começar a ter os cuidados merecidos para se tornar uma lavoura, pois capim bom e bem manejado é sinônimo de boi gordo no pasto
Profa. Dra. Janaina Martuscello* – A importância das pastagens no Brasil é inquestionável. A esmagadora maioria do rebanho brasileiro é criado exclusivamente em pastagens e o que resta provavelmente passou algum ciclo de sua vida no pasto.
O pecuarista precisa entender que o bem mais precioso que ele tem na propriedade é o pasto! Isso porque a produção animal sob pastejo é a forma mais barata de alimentar o rebanho e pastos bem manejados promovem desempenhos satisfatórios. Sem capim, sem gado! Capim ruim, gado com desempenho ruim! Capim bom e bem manejado, desempenho bom!
Embora grande parte das forrageiras utilizadas em nossos sistemas de produção seja adaptada a solos de baixa fertilidade e rústicas, não há justificava para pensarmos que as áreas de pastagens não precisam ser adubadas. A falta de reposição de nutrientes e o não respeito à capacidade de suporte são causas da degradação.
É comum vermos áreas de pastagens com lotação muito acima do suportado, pastos rapados e contaminado por plantas invasoras. Isso não combina com uma pecuária competitiva! Assim, há necessidade de se conhecer as exigências em fertilidade de solo e manejo para a forrageira escolhida. Quando o pasto é tratado como lavoura, suas exigências são atendidas e a otimização da produção de forragem leva à maximização da produção animal.
A lavoura-pasto é colhida pelo animal, por isso há necessidade de se regular bem a colheitadora e, no caso da pecuária, essa regulagem é feita com ajustes na carga animal. Isso porque a colheitadora é o boi!
Planejamento e gestão acurados para ter capim
- Você sabe qual é a produção de forragem do seu pasto assim como um sojicultor sabe a produção de sua lavoura?
- Você sabe qual é a sua eficiência de pastejo assim como um produtor de milho sabe a eficiência de colheita?
- Onde estão as perdas de forragem? Já detectou?
Essas respostas são importantes para que o pecuarista saiba se o pasto tem sido tratado como lavoura.
Como então tratar o pasto como lavoura?
O primeiro passo é a análise de solo. Sem esse diagnóstico fica impossível saber se o solo atenderá as exigências da planta, potencializando sua produção. O segundo passo é a interpretação da análise e respeito às recomendações. Não adianta utilizar a recomendação do vizinho. Cada caso é um caso.
Outro grande passo para o sucesso é a escolha correta da forrageira. Pode parecer que temos muitas opções e que a escolha é difícil, mas as forrageiras disponíveis no mercado ajudam a diversificar nossos pastos, e isso é importante para a segurança alimentar da fazenda. Ao escolher o capim, o pecuarista precisa avaliar aspectos relacionados a clima, solo, topografia e principalmente capacidade de manejo. A melhor planta forrageira é aquela que o pecuarista ou a equipe sabem manejar. Isso é primordial! Não adianta buscar o capim da moda. Não existe capim milagroso: existe capim bem manejado.
- Pecuária de precisão ou de decisão?
- Por que devo pesar o gado?
- Qual deve ser a frequência de pesagem do gado na fazenda?
- O “boi ladrão”, chegou a hora de evitá-lo em sua fazenda?
O manejo é outro ponto de destaque para uma boa lavoura de capim, já que ao se respeitar a planta há otimização de sua produção e, com isso, maximização da produção animal como dito anteriormente. Hoje, um dos principais alvos de manejo é a altura do pasto. Para muitas plantas forrageiras já existe recomendação de altura de manejo tanto para lotação contínua quanto rotativa e o respeito a essas alturas tem mostrado resultados fantásticos de desempenho animal. Isso porque planta não responde a calendário humano, e manejar por dias fixos já não é mais uma estratégia que devemos considerar.
Vários outros pontos são importantes para se ter uma pecuária a pasto competitiva, como escolha de sementes de qualidades, ajustes constantes na lotação para melhorar a eficiência de colheita, não deixar capim sobrar nem faltar, fazer planejamento forrageiro para que se obtenha ganhos também no período seco do ano, entre outros.
Mas, o mais importante para o sucesso na produção sob pastejo é compreender que, assim como qualquer lavoura, o pasto precisa da dedicação do pecuarista. A pecuária extrativista ficou em outros tempos! Estamos em uma nova era e precisamos fazer nossa pecuária cada mais forte. Avançamos muito, mas ainda temos muito que evoluir.
Se a pecuária brasileira dá toda essa contribuição ao nosso PIB da forma como está, imaginem quando nossos pastos forem, de fato, lavoura? Ninguém mais irá nos segurar! E aí? Você trata seu pasto como lavoura?
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Janaína Martuscello – Professora de Forragicultura e Pastagens da Universidade Federal de São João del Rei