Apesar de a técnica de suplementação mineral já ser utilizada no Brasil há décadas e existir um amplo conhecimento sobre essa tecnologia, ainda observamos muitos equívocos relacionados a esse tema ocorrendo no campo
Nesse texto iremos abordar 5 mitos frequentemente observados e esclarece-los de maneira clara e objetiva.
Mito 1: “Mineralizar só faz diferença na seca!”
Tradicionalmente todo ano no período de estiagem as vendas de suplementos minerais aumentam de forma considerável. Isso demonstra de maneira clara a preocupação do pecuarista em relação à nutrição dos animais diante de pastos qualitativamente inferiores nesse período. Diante dessa restrição qualitativa da pastagem, principalmente redução dos teores de energia e proteína, nesse momento são esses nutrientes que limitam a produção animal, e não os minerais. Portanto, não há efeito benéfico da suplementação mineral caso a dieta animal não seja nutricionalmente corrigida em proteína e energia.
Mito 2: “Quanto maior o número de diferentes minerais presentes em uma mistura mineral, melhor ela será.”
É muito comum que no campo, esse seja um dos parâmetros para a avaliação da qualidade das misturas minerais comerciais. “Trata-se de uma pressuposição equivocada que pode até resultar em prejuízos à saúde ou à produção dos animais, uma vez que elementos não-deficientes na dieta e incluídos na mistura mineral podem antagonizar com outros realmente necessários” (PEIXOTO, 2005). Portanto, devemos suplementar apenas o mineral que realmente encontra-se deficiente na dieta.
Mito 3: “Quanto maior for a concentração de minerais em um produto, melhor ele é”
Um outro parâmetro utilizado para a avaliação da qualidade dos produtos no campo é a concentração dos minerais na mistura. O pensamento é que se determinado produto possui uma concentração maior de um determinado mineral, este estaria disponibilizando uma quantidade maior de minerais para os animais. O que acontece na realidade é que o que determina se o animal obterá mais ou menos do mineral é o consumo estimado da mistura! Por exemplo, se um sal A possui em sua composição 85g de fósforo por quilograma de produto e seu consumo estimado é de 60g por dia para cada animal, isso significa que cada animal estará consumindo apenas 5,1g de fósforo por dia. Em outro exemplo, um sal B possui em sua composição 80g (5g a menos que o produto A) de fósforo por quilograma de produto e seu consumo estimado é de 70g por dia para cada animal, significa que animal estará consumindo 5,6g de fósforo por dia. Sendo assim, concluímos que, o sal de 80g fornece mais fósforo que o de 85g.
Mito 4: “O animal sabe o mineral que precisa consumir”
Um dos mitos ouvidos com maior frequência no campo. Já foi comprovado pela ciência que os bovinos não possuem a capacidade de selecionar minerais para o consumo. O único mineral que o animal manifesta o DESEJO de consumo é o sódio (o sal branco!), por isso, o cloreto de sódio é utilizado como veículo nas misturas minerais comerciais, para que junto com ele os outros elementos minerais sejam misturados e haja o consumo adequado por parte do animal.
Mito 5: “Quanto maior for o consumo da mistura, melhor ela é”
O maior ou menor consumo de uma determinada mistura mineral está relacionado diretamente com a quantidade de sódio presente na mistura. Como comentado no mito número 4, o sódio é o único mineral pelo qual o animal manifesta o desejo de consumo, podendo ser utilizado como um estimulador ou limitador de consumo.
Confira o vídeo produzido pela Thamara Mendonça do Canal Ruminando!
Sem dúvidas a técnica de mineralização promoveu grandes avanços produtivos na pecuária nacional e o seu bom uso gera grande aproveitamento do potencial genético de produção dos bovinos. O que nos resta é saber utiliza-la de maneira adequada para promover o melhor aproveitamento possível da mesma.
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