Consultoria diz que oferta de bezerros será maior em 2021 e renda do produtor de boi melhorará; confira os destaques da semana
O próximo ano deverá ser valoroso para a pecuária de corte, como o foi 2020. Os mesmos fatores que impulsionaram os 47% de aumento do boi até o mês passado se manterão, com uma exceção: “a reposição pode começar a sentir uma melhora de oferta, e, consequente, estagnação dos preços”.
Na percepção da consultoria Agrifatto, dito isto se deduz que a situação do produtor ficará pouco melhor, já que o custo da animais jovens para recria e engorda estará mais amigável. Em 2020, a explosão dos preços do bezerro, especialmente de boa linhagem para exportação do futuro boi, comeu parte da rentabilidade.
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Após dois anos de intenso abate de fêmeas, entre 2017-18, que redundou na oferta achatada de animais até agora – e fator principal da valorização do boi gordo neste ano -, a Agrifatto percebe que a melhora na disponibilidade de reposição tem base na retenção de matrizes iniciada no começo de 2019.
Em relação aos fundamentos positivos que poderão se repetir em 2021, apontados pela consultoria, é ainda a sequência de volume menor de animais acabados e o apetite chinês pela carne bovina, como reflexo da peste suína africana (PSA).
Até novembro, os embarques globais brasileiros somaram a computou 1,848 milhão de toneladas e a China movimentou 1,071 milhão, 31% a mais em volume e 57,9% em receita, segundo dados do governo.
Os recordes observados no setor pecuário nacional em 2019 foram renovados em 2020
As intensas exportações brasileiras de carne bovina, especialmente à China, atreladas à oferta restrita de boi gordo no pasto, evidenciada por dados oficiais indicando menor número de animais abatidos em boa parte do ano, mantiveram os preços de todo o setor em alta no mercado nacional na maior parte de 2020. Em novembro, os preços do bezerro, do boi magro, da arroba do boi gordo e da carne atingiram recordes reais nas respectivas séries do Cepea. No caso da arroba bovina, chegou a ser negociada próxima de R$ 300,00 em novembro.
No entanto, a valorização da arroba não indica que o pecuarista conseguiu margem maior em 2020, já que os animais de reposição (bezerro e boi magro) também operaram em patamares recordes reais das respectivas séries do Cepea em praticamente o ano todo. Além da reposição, a forte valorização do dólar em 2020 elevou os preços de importantes insumos pecuários que são importados. Ainda, as cotações de insumos de alimentação, como milho e farelo de soja, também subiram com força ao longo de 2020.
No caso da indústria, enquanto as exportações aquecidas e o dólar elevado ajudaram na receita em Reais, as unidades que têm como foco apenas o mercado doméstico se depararam com a matéria-prima em preço recorde e a demanda por carne bovina um pouco enfraquecida. Ressalta-se que, em boa parte do ano, a população brasileira esteve com o poder de compra enfraquecido, diante da crise econômica gerada pela pandemia de covid-19.
Com isso, muitos consumidores migraram para proteínas mais baratas, como suínos, frango e ovos.