O ano de 2020 chega a sua metade como sendo um ano totalmente atípico e desafiador para os estudiosos do mercado do leite
Por Fabrício Nascimento – Início do ano com muita chuva no Centro-oeste e uma seca histórica no Sul, tudo isso colaborando para a produção diminuir. Imaginava-se então que com a oferta baixa o preço pago ao produtor se elevaria, o que em partes aconteceu.
O que ninguém esperava era a chegada do corona vírus, trazendo com ele uma quarentena, mudando hábitos alimentares e de consumo da população.
Momento em que queijos tiveram uma redução significativa no consumo, visto lancherias e restaurantes fechados, alguns laticínios baixaram na hora o preço pago, mesmo que queijo não fosse seu “carro chefe”(atenção com estes laticínios).
A necessidade de ficar em casa associada a busca por estoque de comida fez com que o UHT, o leite em pó e alguns derivados tivessem maior procura.
Laticínios que não tiveram suas vendas afetadas e que trabalham de forma idônea mantiveram o preço para o produtor e hoje acenam para uma alta.
Eis que surge a conversa de que o leite vai a 2 reais (para alguns talvez chegue), aí aqueles laticínios que baixaram o preço e até atrasaram pagamentos correm fazer ofertas milagrosas. Em algumas redes sociais produtores comentam que pra quem produz acima de 1.200 litros/dia já estão pagando o valor de R$ 2,00.
Preço de leite sempre teve altos e baixos, e todos os extremos não são bons, preço muito baixo ninguém quer e preço muito alto não se sustenta.
Sabemos que os queijos voltaram a ter alta com a gradativa abertura do comércio e que o dinheiro injetado na economia via auxílio emergencial estão segurando o consumo.
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Segundo Andrés padilla, analista sênior do Robobank Brasil, o crescimento da renda real da população tem uma correlação de 98% com o avanço do consumo de alimentos, como lácteos.
Expectativas de que a volta as aulas ajudem a segurar um pouco mais este consumo.
Mas vejamos que a produção ja está aumentando e que o preço subindo faz com que o produtor de mais ração para sua vaca, deixe mais tempo no pasto, retome o uso de bst e faça indução a lactação, todas estas iniciativas somadas tem um resultado instantâneo.
O momento é de pés no chão para aproveitar a alta, sem se iludir achando que ela vai durar para sempre, ou seja sem investimentos a longo prazo contando com o leite a “2 reais “.
Fabrício Nascimento, produtor de leite e palestrante – fabriciomachadonascimento@gmail.com