10 lições para não fazer em melhoramento genético bovino

Pontos bastante importantes que podem ter passados pela sua cabeça, mas que devem ser esquecidos.

Por Luiz Antonio Josahkian

Uma das maiores contribuições da Ciência para revolucionar a pecuária bovina brasileira foi a melhoria da genética do rebanho. A introdução do gado zebu no Brasil Central, por exemplo, foi essencial para a expansão nesta região e se tornou a base do rebanho brasileiro. A evolução genética das raças criadas no Brasil utiliza técnicas adotadas e provadas no mundo todo, pela atuação de produtores rurais e profissionais técnicos especializados e qualificados. A pesquisa aperfeiçoa as melhores características genéticas por meio do cruzamento entre as diversas raças existentes, conseguindo ganhos em rusticidade, resistência a doenças e parasitas, desempenho, eficiência e qualidade (Embrapa).

Confira os dez pontos que você definitivamente não pode levar em conta na hora de fazer melhoramento genético bovino:

1. Raça preferida

Apenas pense no tipo de gado que gostaria de ter e estabeleça seu critério de seleção com base nisso, confiante de que querer é poder.

2. Olho no mercado

Não dê importância ao mercado. Bobagem, cedo ou tarde ele vai se moldar ao seu negócio.

3. Dados e informações do rebanho

Desista completamente de implantar uma escrituração zootécnica confiável. Afinal de contas, você conhece todo o rebanho e não precisa dessa burocracia enorme criada por um chato de plantão.

4. Me engana que eu gosto

Adultere de vez em quando alguns dados, se isto te trouxer um benefício extra, ainda que momentâneo. Você sabe que é fácil e, afinal de contas, os genes nem vão se importar com isso.

5. Mensuração

Não meça nada no seu rebanho. Não pese, não avalie com nenhum método. Não faça nada mesmo. Isso dá muito trabalho e não leva a lugar nenhum. Seria um desperdício de tempo e dinheiro porque seu olho, aliado à sua lucidez e inteligência, será capaz de avaliar tudo durante anos e anos e fazer comparações complexas e precisas.

6. Interação genótipo-ambiente

Desconsidere a existência de interação genótipo-ambiente. Para sua tranquilidade, todos os genes funcionam iguaizinhos em todos os sistemas de produção.

7. O Selecionador

Parta do princípio de que as respostas genéticas correlacionadas não existem e selecione somente aquela característica que mais te atrai. Claro, você está seguro que nada de inesperado vai acontecer e, se acontecer, você resolve fácil (afinal, não foi sempre assim? Ainda que, “estranho” – você pensa –, “tenha ficado um pouco mais difícil ultimamente”. Mas não se preocupe. Siga em frente).

8. Tecnologia

Acredite que toda e qualquer tecnologia deve ser incorporada ao seu sistema de seleção o mais rápido possível. Nos negócios, não podemos perder tempo ponderando custos x benefícios, senão corremos o risco de ficar para trás, fora de moda ou, o que é pior, não vai ter muito o que falar no próximo encontro com os amigos.

9. Leis Ambientais

Esqueça que existem leis ambientais. Afinal de contas, elas são produtos da imaginação dos ecopirados.

10. Flexibilidade

E, por último, mas não menos importante, nunca ceda, em tempo algum, à tentação de descumprir qualquer uma das regras acima, por mais que a ciência, os amigos, os não amigos, os conhecidos e os parentes te digam o contrário. Deixe que falem. Você se basta e discorda frontalmente de quem disse que ninguém é uma ilha. Você sabe que é uma. E de excelência.

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Foto: Divulgação

Luiz Antônio Josahkian

Possui graduação em Zootecnia pela Faculdade de Agronomia e Zootecnia de Uberaba (1982) e Especialização em Produção de Ruminantes pela Universidade Federal de Lavras (1997). Atualmente é professor titular – Faculdades Associadas de Uberaba e superintendente técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, além de jurado efetivo das raças zebuínas Tem experiência na área de Zootecnia, com ênfase em melhoramento animal, atuando principalmente nos seguintes temas: bovinos de corte e leite, registro genealógico de zebuínos e julgamento de animais das raças zebuínas.

*Publicado na Revista ABCZ Nº57 (Julho /Agosto 2010) via Assessoria Agropecuária

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