Apesar de seu sabor e aparência lembrarem nozes e castanhas, o amendoim pertence à família das leguminosas — assim como o feijão, a ervilha e a lentilha
Quando alguém menciona “amendoim”, é difícil não pensar naqueles petiscos irresistíveis que costumam acompanhar boas conversas, festas ou uma tarde qualquer. Seja ele torrado e salgado, caramelizado ou em forma de pasta cremosa — sucesso nas dietas por seu alto valor energético —, essa pequena semente faz parte do cotidiano dos brasileiros de diversas formas.
Mas o que talvez muitos não saibam é que o amendoim, além de saboroso, tem uma trajetória relevante na agricultura e guarda uma curiosidade botânica que surpreende: ele é, na verdade, uma leguminosa.
Um legume disfarçado de castanha
Apesar de seu sabor e aparência lembrarem nozes e castanhas, o amendoim pertence à família das leguminosas — assim como o feijão, a ervilha e a lentilha. A diferença está em sua origem: ao contrário das nozes, que nascem em árvores e se desenvolvem externamente, o amendoim cresce debaixo da terra, protegido por uma vagem, comportamento típico das leguminosas.
Essa classificação científica, por mais curiosa que pareça, tem implicações diretas no modo como a planta deve ser cultivada. Por fazer parte da família Fabaceae, o amendoim participa naturalmente da fixação de nitrogênio no solo, contribuindo para a saúde e fertilidade das lavouras — o que o torna uma excelente opção para a rotação de culturas.
Sua categorização também impacta normas de rotulagem e regulamentações alimentares, especialmente no que diz respeito a alergênicos. Mesmo sendo tratado comercialmente de forma similar às oleaginosas, o amendoim possui tratamento diferenciado em legislações específicas.
Valor econômico e desafios da produção no Brasil
No cenário agrícola nacional, o amendoim se destaca como uma cultura de alto valor nutricional e importância econômica. Seu uso vai muito além do consumo direto: dele se extrai óleo comestível, produz-se farinha, e ele ainda serve como base para a fabricação de biocombustíveis, como o biodiesel.
A produção brasileira de amendoim para a safra 2024/2025 está estimada em 1,093 milhão de toneladas, representando um aumento de 49% em relação à safra anterior, que foi de 733,7 mil toneladas. Trata-se de uma máxima histórica para a cultura no país. A área plantada também deve crescer 6,2%, passando de 255,4 mil hectares para 271,2 mil hectares.
O estado de São Paulo segue liderando a produção nacional, respondendo por mais de 80% do volume colhido. Já o Mato Grosso do Sul consolida-se como o segundo maior produtor de amendoim em casca, com uma área prevista de 42,3 mil hectares para a atual safra — quase o dobro da registrada no ciclo anterior (21,2 mil hectares).
Escolher bem a variedade de amendoim faz toda a diferença
Para quem pensa em investir no cultivo de amendoim, a escolha da variedade é um dos primeiros e mais importantes passos. Características como clima, tipo de solo, resistência a doenças e o tempo de desenvolvimento da planta devem ser cuidadosamente avaliados.
Entre as variedades mais cultivadas no país, destacam-se:
- Runner: de grãos uniformes e alto rendimento, é amplamente usada pela indústria de doces e confeitaria, especialmente no estado de São Paulo.
- Virgínia: apresenta grãos maiores, ideais para consumo direto, torrado ou in natura.
- Spanish: com sementes menores e ricas em óleo, é preferida pela indústria de óleo comestível.
A adaptação ao ambiente é outro ponto crucial. Regiões com maior índice de seca, por exemplo, demandam variedades de ciclo mais curto e resistência ao estresse hídrico. Já em áreas úmidas, é necessário priorizar cultivares resistentes a fungos e doenças comuns em ambientes mais molhados.
Para garantir um plantio eficiente, recomenda-se adquirir sementes certificadas de instituições reconhecidas, como a Embrapa ou cooperativas especializadas, que também oferecem suporte técnico no manejo correto de cada cultivar.
Mais do que um ingrediente versátil na culinária, o amendoim representa uma cultura estratégica na agricultura brasileira. Conhecer suas peculiaridades, desde sua classificação botânica até a escolha ideal da variedade para o plantio, é fundamental para explorar ao máximo seu potencial produtivo — e, quem diria, tudo isso vindo de um legume que cresce embaixo da terra.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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