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Vendas de máquinas agrícolas no Brasil apresentaram uma queda de 14,7% na comparação com o mesmo período de 2022
No primeiro trimestre de 2023, as vendas de máquinas agrícolas no Brasil apresentaram uma queda de 14,7%, totalizando R$ 17,5 bilhões em vendas no mercado interno e exportações.
Para Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a queda deve-se ao juros altos que são praticados na economia brasileira, que reflete nos valores de financiamentos.
O presidente da Abimaq também prevê uma queda nas vendas para o segundo trimestre e acredita que o anúncio do aporte ao Moderfrota ainda no Plano Safra 2022/23 pode impulsionar os negócios no setor.
Para o ano completo, o setor espera um Plano Safra robusto com juros razoáveis para retornar ao mesmo patamar do ano anterior.
Bastos defende que uma eventual antecipação do Plano Safra deveria ter entrada em vigor imediata, para evitar que os produtores adiem suas compras, aguardando as novas condições.
Cenário de vendas de máquinas agrícolas
Apesar de fechar o ano de 2022 com queda de 5,9% na receita em relação ao ano anterior, o setor de máquinas e equipamentos, de acordo com Maria Cristina Zanella, diretora de competitividade, economia e estatística da ABIMAQ projeta crescimento de 2,4% na receita líquida dos fabricantes.
O desempenho negativo interrompe o ciclo de 4 anos consecutivos de crescimento, que gerou a recuperação de 38,1% nas vendas em relação a 2017.Desde meados do ano passado o setor de máquinas e equipamentos tem sido fortemente afetado pelo custo do capital que, diante dos juros elevados, inibe a demanda e, consequentemente, reduz o valor a ser investido pela indústria na produção.
Quanto aos investimentos previstos, o desempenho negativo das vendas do setor no ano passado, especialmente dos últimos três meses, faz com os R$ 12 bilhões esperados para este ano sejam 21,6% inferiores ao que havia sido anunciado no início de 2022, R$ 15,4 bilhões, e 26,5% menores do que os R$ 16,5 bilhões concretizados.
Segundo Zanella, a injeção de recursos para modernizar os equipamentos e deixar o parque fabril mais tecnológico impulsionou a consolidação de investimento maior do que o esperado no ano passado – até porque não se esperava aumento dos juros no meio do caminho. Com isto houve alta de 6,7% frente aos aportes de 2021.
A dirigente avaliou que durante todo o primeiro semestre deste ano a questão do crédito escasso, caro e de difícil acesso deverá continuar prejudicando o setor, mas a expectativa é a de que a situação melhore no segundo semestre. Alivia também o fato de que, apesar do aumento de 10% no preço do aço anunciado na virada do ano, insumo crucial para o setor e para a indústria automobilística, nos últimos doze meses os custos para a produção diminuíram.
“Por ora isso não é um problema para o setor produtivo”, contou Zanella. “Não temos recebido críticas acerca disso. Recebemos no ápice da pandemia, em 2021, quando houve forte incremento das matérias-primas. Mas ao longo do ano passado vimos a pressão sobre os custos diminuir.”
Os aumentos dos custos de produção e a escassez de créditos, somados às incertezas políticas que marcaram o último semestre de 2022, e mais intensamente o último trimestre do ano, explicam a queda de 5,9% na receita líquida de vendas do setor em comparação com 2021.
Apesar do momento negativo, 2022 ficou marcado pelo aumento das exportações de quase todos os tipos de máquinas, atingindo US$ 12,2 bilhões, um crescimento de 21% sobre o ano de 2021, mais de 20% da receita total do setor. O destaque ficou para o setor de máquinas para agricultura, que registrou crescimento de 32% no período, passando de uma participação de 14% para 16% no total das exportações de máquinas.
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