A disponibilidade interna da proteína – novamente – será um dos principais fatores que influenciarão os preços ao longo do ano; Nos EUA, com preço superando os R$ 60 por dúzia, USDA reduz previsão de produção e eleva a de preços dos ovos com gripe aviária.
Gosta de comer ovos? A baixa oferta de ovos e o aumento da demanda levaram os preços da proteína a atingirem recordes históricos no Brasil e nos Estados Unidos. No mercado brasileiro, as cotações atingiram o maior patamar nominal da série histórica do Cepea em diversas regiões, incluindo Santa Maria de Jetibá (ES), um dos principais polos produtores do país. No exterior, a situação também é crítica, com a dúzia de ovos chegando a custar mais de 10 dólares (cerca de R$ 60) nos Estados Unidos.
De acordo com o Cepea, a oferta reduzida e a boa demanda mantêm os preços elevados, e a tendência é de que esse cenário persista pelo menos até a Quaresma, período em que o consumo de ovos tradicionalmente aumenta. A produção nacional, por sua vez, é quase totalmente absorvida pelo mercado interno, já que as exportações representam menos de 1% da produção total.
Mesmo assim, as exportações brasileiras de ovos cresceram em janeiro, alcançando o melhor desempenho desde junho de 2023, conforme dados da Secex. O Brasil, até o momento, não registrou casos de gripe aviária em aves de produção comercial, o que fortalece sua posição como fornecedor seguro para o mercado global.
Crise nos Estados Unidos impulsiona preços
Nos EUA, a situação é ainda mais alarmante. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu sua projeção de produção de ovos devido ao impacto da gripe aviária de alta patogenicidade (HPAI). A nova estimativa é de 8,96 bilhões de dúzias em 2024, abaixo da previsão anterior de 9,14 bilhões. A doença levou ao abate de mais de 120 milhões de aves em 49 estados norte-americanos, afetando gravemente a produção e elevando os preços.
Com a oferta limitada, o USDA reajustou sua estimativa de preço dos ovos de US$ 2,94 para US$ 4,44 por dúzia, o que tem levado muitos consumidores a investir na criação própria de galinhas para tentar driblar os altos custos. Em Houston, uma loja vendeu 100 galinhas em quatro dias, um volume que normalmente levaria três semanas para ser alcançado.
Perspectivas no mercado de ovos para 2025
Apesar do momento de alta, o mercado de ovos pode apresentar mudanças no próximo ano. Segundo estimativas do Cepea, a produção brasileira de ovos para consumo deve crescer 3,4% em 2025, atingindo 3,94 bilhões de dúzias, um aumento mais modesto em comparação aos 10,5% registrados na parcial de 2024.
O consumo também segue em ascensão. Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) indicam que o Brasil deve atingir o consumo histórico de 263 ovos per capita em 2024, um aumento de 21 unidades em relação a 2023. Para 2025, espera-se um crescimento de 1%, chegando a 265 unidades por habitante.
No mercado externo, a ABPA projeta que as exportações de ovos do Brasil cresçam 10% em 2025, atingindo 22 mil toneladas. A ausência de casos de gripe aviária em aves comerciais no Brasil segue como um diferencial importante para manter essa tendência de crescimento.
Impacto nos custos de produção
Outro fator que pode influenciar os preços em 2025 são os custos de produção. A previsão de uma maior oferta de milho e farelo de soja pode ajudar a conter a elevação dos gastos para os avicultores, reduzindo pressões inflacionárias sobre o setor.
Dessa forma, o mercado global de ovos atravessa um momento desafiador, com preços recordes tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. A escassez de oferta, agravada por questões sanitárias e pelo aumento do consumo, sustenta os altos valores. No entanto, projeções para 2025 indicam uma leve retomada na produção e um equilíbrio gradual dos preços, impulsionado pela ampliação dos plantéis e pelo aumento da disponibilidade de insumos. Resta saber se o crescimento da oferta será suficiente para estabilizar o mercado ou se novos fatores poderão manter os preços elevados.
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