
Infecções causadas por bactérias, vírus e protozoários comprometem a fertilidade do rebanho, impactando diretamente a produtividade e a rentabilidade das fazendas
A mortalidade de bezerros, os abortos e o nascimento de animais debilitados são desafios que afetam diretamente a pecuária brasileira. Em 2024, estima-se que quase 10% dos bezerros não sobrevivam até o desmame, totalizando a perda de aproximadamente cinco milhões de animais. Embora muitas dessas mortes sejam frequentemente atribuídas a “picadas de cobra”, as doenças reprodutivas infecciosas são, na verdade, uma das principais responsáveis por esses prejuízos.
Infecções causadas por bactérias, vírus e protozoários comprometem a fertilidade do rebanho, impactando diretamente a produtividade e a rentabilidade das fazendas. Diante desse cenário, a vacinação reprodutiva se apresenta como uma estratégia indispensável para reduzir perdas e garantir a eficiência da atividade pecuária.
Vacinas Reprodutivas: Quais São e Como Garantir a Proteção do Rebanho?
A imunização do rebanho é um dos pilares da sanidade animal, especialmente no que se refere à reprodução. Doenças reprodutivas podem comprometer a fertilidade, causar abortos e afetar diretamente a produtividade da fazenda. Por isso, a vacinação adequada é essencial para manter a saúde dos animais e prevenir surtos que possam comprometer toda a criação.
As vacinas agem estimulando o sistema imunológico a produzir defesas específicas contra patógenos responsáveis por diversas enfermidades. Seu uso, aliado a boas práticas de manejo e nutrição balanceada, contribui para a redução da incidência de problemas reprodutivos no rebanho.
Principais Vacinas Reprodutivas
Na pecuária de corte, algumas vacinas são indispensáveis para evitar transtornos relacionados à reprodução:
- IBR (Rinotraqueíte Infecciosa Bovina e Vulvovaginite Pustular Infecciosa) – Protege contra doenças causadas pelo herpesvírus bovino, que afetam o trato respiratório e reprodutivo.
- BVD (Diarreia Viral Bovina) – Previne infecções que podem causar infertilidade, abortos e malformações fetais.
- Leptospirose – Vacina eficaz contra diversas variantes da Leptospira (L. hardjo, L. pamona, L. wolffi, L. canicola, L. grippotyphosa e L. icterohaemorrhagiae), prevenindo abortos e natimortos.
- Brucelose – Indicada para fêmeas jovens, protege contra a Brucella abortus, bactéria responsável por provocar aborto contagioso e comprometer a reprodução do rebanho.
Protocolos de Vacinação para a Sanidade do Rebanho
IBR e BVD
A imunização contra IBR e BVD deve iniciar aos três meses de idade, seguida de um reforço após quatro semanas. Para garantir a proteção contínua, é necessário um reforço anual em dose única. Nos rebanhos de reprodução, recomenda-se vacinar os animais um mês antes do início da estação de monta, contribuindo para a sanidade e o desempenho reprodutivo.
Leptospirose
A vacinação contra leptospirose deve ocorrer entre quatro e seis meses de idade, com uma segunda aplicação após quatro semanas. Para o controle efetivo da doença, todo o rebanho deve ser imunizado semestralmente, ajustando a frequência conforme a situação da propriedade. A presença de surtos, identificação de roedores ou qualquer incidência da doença exigem acompanhamento e orientação veterinária para um manejo preventivo adequado.
Brucelose
O controle da brucelose envolve a aplicação da vacina B19, indicada exclusivamente para fêmeas entre três e oito meses de idade, em dose única. Para fêmeas acima dessa faixa etária, a vacina RB51 pode ser utilizada, também em dose única. Ambas as vacinas devem ser aplicadas por um médico veterinário credenciado, seguindo a legislação vigente para garantir a biossegurança do rebanho.
Vacinação Estratégica: Garantindo Saúde e Eficiência no Rebanho
Um plano de vacinação bem estruturado deve estar em sintonia com o ciclo reprodutivo e o manejo sanitário da fazenda. Quando a estação de monta ocorre de forma organizada e previsível, é possível sincronizar a imunização de vacas e bezerros sem comprometer outras atividades essenciais.
Antes do período reprodutivo, é fundamental atualizar a imunização das fêmeas, incluindo a administração de vermífugos e vacinas essenciais, como aquelas contra IBR/BVD e leptospirose. No caso dos bezerros, o ideal é iniciar a vacinação após os três meses de idade, evitando que os anticorpos maternos interfiram na eficácia das doses.
A realização de manejos sanitários estratégicos aos 120 dias de vida tem demonstrado bons resultados, permitindo reforçar a imunização e realizar a vermifugação de forma coordenada, promovendo um rebanho mais saudável e produtivo.
Como Escolher Vacinas Eficientes para o Rebanho?
A escolha da vacina ideal para prevenir problemas reprodutivos deve considerar fatores específicos da fazenda. Para isso, siga estas recomendações:
- Consulte especialistas: veterinários e profissionais da área são fundamentais para indicar as melhores opções;
- Priorize vacinas confiáveis: escolha produtos com eficácia comprovada contra as principais doenças reprodutivas;
- Considere a realidade local: vacinas formuladas com cepas específicas para a região garantem maior proteção;
- Segurança e qualidade: prefira imunizantes que passaram por testes rigorosos, reduzindo riscos à saúde do rebanho;
- Proteção completa: dê preferência a vacinas que previnam diversas enfermidades em uma única aplicação, otimizando o manejo.
Tomar decisões embasadas na escolha das vacinas contribui diretamente para a longevidade, a produtividade e a rentabilidade da criação.
Por que Investir em Vacinação?
Doenças reprodutivas podem causar sérios prejuízos, comprometendo a taxa de prenhez, provocando abortos e gerando animais com baixo desenvolvimento.
O custo da vacinação é pequeno quando comparado às perdas geradas por falhas sanitárias. Enfermidades como a leptospirose representam uma ameaça não apenas ao rebanho, mas também à saúde dos trabalhadores rurais e consumidores.
Adotar um manejo vacinal eficiente não é apenas uma medida preventiva, mas um investimento estratégico para manter a produtividade e a sustentabilidade da pecuária.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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