Vacas leiteiras infectadas com H5N1 podem carregar mutação preocupante

Pesquisadores americanos identificam alteração genética em vacas leiteiras, associada à maior transmissibilidade e gravidade da doença.

Cientistas identificaram uma mutação genética preocupante em vacas leiteiras do Condado de San Bernardino, na Califórnia. A alteração, chamada PB2 E627K, está ligada a um aumento na transmissibilidade do vírus da gripe aviária H5N1 entre mamíferos, além de estar associada a casos mais graves da doença.

Essa é a mesma mutação identificada em um trabalhador de laticínio do Texas, em março do ano passado, que apresentou conjuntivite como único sintoma após a exposição ao vírus. No entanto, testes laboratoriais com furões revelaram que essa variante do vírus foi altamente letal e se espalhou por meio de gotículas respiratórias, aumentando o alerta sobre os riscos de transmissão.

Desde a primeira notificação do surto em vacas leiteiras em março passado, 70 pessoas foram infectadas e uma morreu. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que 985 rebanhos leiteiros foram contaminados, sendo 754 apenas na Califórnia.

A mutação foi identificada em quatro rebanhos leiteiros, e cientistas acreditam que estejam localizados no Condado de San Bernardino, onde autoridades de saúde já haviam relatado um surto recentemente.

“Essa é uma mutação significativa”, alertou Yoshihiro Kawaoka, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Wisconsin-Madison e da Universidade de Tóquio. “Ela foi encontrada no primeiro caso humano e demonstrou ser extremamente patogênica em estudos laboratoriais.”

Os cientistas ainda não confirmaram se a mutação está sendo amplamente transmitida entre os rebanhos ou se poderia facilitar infecções humanas mais severas. Richard Webby, virologista do St. Jude Children’s Research Hospital, alertou que a mutação por si só “não é um fator de grande preocupação”, mas que o fato de estar se espalhando entre vacas pode aumentar o risco de transmissão para humanos.

Os dados sobre a mutação foram compartilhados no banco de dados Global Initiative on Sharing Avian Influenza Data (GISAID) pelo National Veterinary Laboratory Services, do USDA. No entanto, as informações não especificam a localização exata dos rebanhos, obrigando os cientistas a usarem outras estratégias para rastrear a disseminação do vírus.

Até o momento, as investigações apontam que os novos casos sequenciados pertencem à variedade B3.13, detectada recentemente em rebanhos da Califórnia. O surto registrado no Condado de San Bernardino reforça essa suspeita.

Diante da situação, especialistas pedem maior vigilância sobre os sintomas em trabalhadores de laticínios. John Korslund, veterinário e ex-pesquisador do USDA, recomendou que autoridades de saúde da Califórnia fiquem atentas a casos de infecções respiratórias atípicas, principalmente entre trabalhadores e suas famílias.

O Departamento de Saúde Pública do Condado de San Bernardino ainda não se manifestou sobre o caso. Enquanto isso, pesquisadores seguem analisando os novos dados para compreender melhor o comportamento do vírus e seu potencial risco para a saúde pública.

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