Vaca Nelore pode levantar R$ 100 milhões na Bolsa de Valores

Estimativas mostram que, caso seja produzida uma oferta pública inicial da Viatina-19, é possível levantar cerca de R$ 100 milhões; entenda como pode ser feito

A bolsa do Brasil, a B3, é parceira do Agronegócio brasileiro e facilita a entrada e operação no mercado financeiro, desde o hedge até o registro de títulos do agronegócio, passando por CPR, LCA, CRA e futuros do boi gordo, milho, café e soja. Além disso, é uma empresa de infraestrutura do mercado financeiro e atua, com credibilidade, solidez e robustez operacional, impulsionando o agronegócio brasileiro.

As principais ações do agronegócio listadas na Bolsa são de empresas como: Brasil Agro, Agrogalaxy, Kepler Weber, Raízen, SLC Agrícola, São Martinho, Boa Safra e Três Tentos. Já entre as empresas de alimentos destacam-se: JBS, M.Dias Branco, Camil, Josapar, Marfrig e BRF.

O agronegócio é, historicamente, um dos principais setores da economia brasileira. O país sempre se destacou como um dos grandes produtores de commodities agrícolas e produtos alimentares – principalmente proteínas – que são exportados para o mundo inteiro, mesmo em momentos de crise.

Na pecuária de corte, a B3 exerce um papel importantíssimo nos preços futuros do boi gordo, facilitando os travamentos de preços diminuindo os riscos da atividade. Os mercados futuros para a pecuária indicam os preços do gado que são formados por meio da compra e venda na Bolsa, representando o ápice das forças de oferta e demanda.

Não é só de boi gordo que vive o mercado financeiro, quem pode estar prestes a entrar neste mercado é uma das matrizes mais importantes da raça Nelore na atualidade. Viatina-19, a matriz que alcançou o valor recorde de valorização de R$ 21 milhões em leilão em 2023, tornando-se então a mais cara do mundo, pode estar próxima de um IPO.

vaca Viatina-19 Mara Moveis - matriz nelore
Foto: Divulgação

Importante ressaltar que atualmente a matriz mais cara da história é Carina FIV do Kado, avaliada em mais de R$ 24 milhões. Antes de ser desbancada, Viatina-19 FIV Mara Móveis havia conquistado o reconhecimento do Guinness World Records, como a vaca mais valiosa do mundo.

Hoje, Viatina-19 possui um condomínio de três criadores que detém sua propriedade, são eles: Casa Branca Agropastoril, Agropecuária Napemo e Nelore HRO. Os empresários devem transformar a matriz numa empresa, com cotas para acionistas, incluindo investidores comuns alheios ao mundo da pecuária, o plano é transformar em empresa a ‘celebridade’ Viatina-19 e atrair investidores.

A abertura da empresa na B3 brasileira seria através de um IPO. Em inglês, IPO é a sigla para “initial public offering”, ou “oferta pública inicial” em português. Neste caso, representa a primeira vez que a matriz receberá novos sócios realizando uma oferta de ações ao mercado. Ela se torna, então, uma matriz de capital aberto com papéis negociados no pregão da Bolsa de Valores.

Emitir ações é uma das maneiras que as empresas têm para levantar recursos. Para se tornarem acionistas de uma companhia, neste caso uma matriz Nelore, — e, com isso, poderem participar dos seus resultados — os investidores precisam comprar os papéis, entregando dinheiro em troca deles. Esses valores em geral financiam investimentos necessários para que a matriz possa produzir ainda mais descendentes.

Esse é um dos objetivos do trio de criadores que são donos do animal de cinco anos que segue batendo recordes de venda de material genético. A vaca, aliás, acaba de produzir seu primeiro clone.

A ideia é reunir seus produtos (filhos e filhas, aspirações, barrigas de aluguel e tudo que pertence a sua dinastia) para torná-la um negócio único. As informações foram reveladas pelo médico veterinário Heitor Pinheiro Machado, assessor técnico da Casa Branca Agropastoril e também consultor das outras duas fazendas que detêm a posse de Viatina-19, a Agropecuária Napemo, de Uberaba (MG), e a HRO Nelore, de Arandu (SP).

viatina-19
VIATINA – 19 FIV MARA MÓVEIS

Segundo Heitor, só de produção, leilões e aspirações a Viatina-19 dobrou o preço de Carina FIV do Kado. “Carina bateu o recorde de preço em leilão, mas ainda é nova (3 anos) e não produz como Viatina. Nós estimamos o preço de uma matriz pelo valor de 15 a 20 aspirações dela. Viatina produz R$ 3 milhões por mês. Por essa conta, ela já passa fácil de R$ 40 milhões e já tivemos oferta fora de leilão de R$ 45 milhões”, revelou o médico veterinário.

Segundo o assessor, várias filhas da vaca foram vendidas por até R$ 4 milhões e uma chegou a R$ 6 milhões e mais de 15 crias dela estão competindo em pistas.

Heitor acredita que, se a matriz tiver suas ações disponibilizadas na Bolsa de Valores, dá para levantar uns R$ 100 milhões. Ele lembra que, na época das enchentes no Rio Grande do Sul no ano passado, o trio de criadores decidiu fazer uma ação beneficente, vendendo material genético de Viatina em 100 cotas de R$ 30 mil. As cotas se esgotaram em dois dias.

O sucesso da Viatina-19 tem basicamente uma resposta: tecnologia. A transferência de embriões em bovinos tem sido uma importante ferramenta para o melhoramento genético. É por isso também que vem ganhando cada vez mais relevância e espaço no mercado mundial.

Basicamente, a técnica consiste na multiplicação do material genético de fêmeas de alto valor, de forma rápida do que o convencional. Além disso, ela facilita o transporte e comercialização de material genético por meio de embriões congelados.

A TE, como é comumente chamada, possibilita a coleta e a transferência de embriões de fêmeas doadoras (animal com maior valor genético) para as receptoras (chamadas de barrigas de aluguel). Dessa forma, uma fêmea que naturalmente produziria apenas um bezerro ao ano, tem a possibilidade de aumentar sua produção em mais de 10 produtos anuais, sem a necessidade de gestação e parto.

Outra tecnologia bastante usada é a fertilização in vitro (FIV). Com a transferência de embrião, uma boa vaca consegue produzir em média até os 15 anos de idade. Usando a técnica de FIV, ela produzirá pelo menos, em média, até os 20.

Nas duas técnicas, os filhos não se desenvolvem na barriga da matriz de alta qualidade, que é muito cara. Os embriões são transferidos para as chamadas receptoras, ou “mães de aluguel”, que os parem sem transmitir nenhuma característica genética aos bezerros.

A transferência de embriões, fertilização in vitro, juntamente com as demais biotecnologias são as grandes responsáveis pela aceleração o melhoramento genético em bovinos, o caminho da seleção e do melhoramento genético pode ser encurtado em pelo menos três gerações ou cerca de 10 anos de seleção, permitindo rápidos saltos na produção e na qualidade do gado. Transformando uma única fêmea em mãe de centenas de filhos sem precisar necessariamente parir. É por isso que uma matriz pode valer milhões de reais.

E você, compraria as ações da Viatina-19?

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