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A ureia, suplemento largamente utilizado na nutrição de bovinos, é um composto que deve ser administrado de forma correta. Já que a ureia alta em bovinos pode, em muitos casos, levar a perdas significativas – desempenho animal e financeiro – e, até mesmo, a morte dos animais
A ureia é amplamente utilizada como suplemento na alimentação de bovinos devido à sua capacidade de ser convertida em proteínas de alto valor nutritivo durante o processo digestivo dos animais. Este processo é possível graças à singularidade do sistema digestivo dos ruminantes, que inclui o rúmen, uma câmara de fermentação onde ocorre a digestão microbiana. Embora a ureia seja um suplemento benéfico para maximizar o crescimento do gado, a sua administração além do necessário pode resultar em um acúmulo excessivo no corpo dos animais. Este fenômeno, denominado “ureia alta”, representa um risco significativo e, em muitos casos, levar a morte dos animais.
Segundo os especialistas em nutrição animal, a ureia alta em bovinos é uma condição que pode levar a sérias complicações de saúde nos animais. É primordialmente causada pelo uso excessivo ou inadequado de suplementos de ureia na alimentação, que é uma prática comum para aumentar o teor de proteínas na dieta dos ruminantes.
Digestão dos ruminantes e o que é ureia alta em bovinos
A digestão dos ruminantes é diferente daquela que ocorre nos animais monogástricos, isso porque o processo é dividido em compartimentos. Os pré-estômagos dos ruminantes compreendem três compartimentos, rúmen, retículo e omaso, os quais representam os “estômagos falsos”, onde ocorre a digestão microbiana e a ação mecânica sobre os alimentos fibrosos e grosseiros.
O processo de digestão microbiana no rúmen – compartimento em que ocorrem os processos de fermentação dos alimentos que esses animais ingerem – é o que permite a utilização deste composto como fonte de proteína. Neste processo, a ureia ao ser ingerida pelo bovino e chegar ao rúmen é decomposta por microrganismos, liberando amônia, que é então utilizada por esses microrganismos para produzir proteínas microbianas.
A ureia, sendo uma fonte de nitrogênio não proteico, é mais econômica comparada a outras fontes de proteína. Além disso, ela ajuda a melhorar a eficiência da digestão e a utilização dos forrageiros de baixa qualidade. Segundo o Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), a ureia pode substituir com eficiência até 35% do total de proteína na dieta total dos animais. Mas os especialistas alertam para essa substituição.
É crucial monitorar a quantidade de ureia na dieta, pois seu excesso pode levar a condições como a ureia alta, causando toxicidade e problemas de saúde nos animais. A ureia alta em bovinos é uma condição que pode levar a sérias complicações.
Segundo apontam as pesquisas, a quantidade de ureia a ser fornecida aos animais requer conhecimento técnico, pois essa muda de acordo com a faixa etária, sexo e tipo do rebanho, se é uma criação de corte ou de leite. Por isso é os cuidados na utilização são cruciais para monitorar a quantidade de ureia na dieta, pois seu excesso pode levar a condições como a ureia alta, causando toxicidade e problemas de saúde nos animais.
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Identificação da Ureia Alta
A integração da ureia na dieta dos ruminantes deve ser cuidadosamente balanceada com outras fontes de nutrientes para assegurar uma nutrição completa e evitar o risco de intoxicação. O manejo correto da ureia na alimentação de bovinos é vital não só para a saúde dos animais, mas também para maximizar a produção e a eficiência alimentar.
Os sinais de ureia alta em bovinos incluem comportamento anormal, dificuldade respiratória, tremores musculares e até mesmo convulsões. Estes sintomas são resultantes da intoxicação por amônia, que ocorre quando a ureia é excessivamente metabolizada no rúmen.
Veterinários apontam que os primeiros sintomas de ureia alta costumam aparecer entre 15 minutos e uma hora e meia após a ingestão do suplemento, esse tempo varia pela quantidade ingerida, condições físicas do animal e sistema em que se encontra. “Animais debilitados ou que ingerem uma quantidade excessiva de ureia tendem a apresentar um quadro agudo dos sintomas em poucos minutos após ingestão de uma dieta desbalanceada“, aponta o Zootecnista e Diretor de Conteúdo do Compre Rural, Thiago Pereira.
Os sintomas indicativos de intoxicação incluem uma elevada sensibilidade, manifestada por agitação e irritabilidade no animal, acompanhados de tremores musculares. Estes tremores podem iniciar-se na cabeça ou nas extremidades. Rapidamente, o animal pode apresentar dificuldades de movimentação, progredindo para uma queda e subsequente estado de letargia.
Pereira ainda alerta quanto a forma de intoxicação, lembrando que a ureia não é a causa da toxicidade, mas sim o resultado da sua digestão no rúmen em amônia. “A ureia ao ser ingerida vai direto para o pré-estômago [rúmen] onde sua ‘quebra’ resulta na liberação de amônia, composto esse que em elevadas quantidades causam a intoxicação”, afirmou.
O zootecnista dá algumas dicas para evitar a ureia alta em bovinos:
- Balanceamento da Dieta: A integração da ureia na dieta dos ruminantes deve ser cuidadosamente balanceada com outras fontes de nutrientes para assegurar uma nutrição completa e evitar o risco de intoxicação.
- Importância do Manejo Adequado: O manejo correto da ureia na alimentação de bovinos é vital não só para a saúde dos animais, mas também para maximizar a produção e a eficiência alimentar.
Meu gado está com ureia alta, o que fazer?
Se for verificada situações de intoxicação por ureia em bovinos é fundamental agir de forma rápida, sendo crucial reduzir o pH ruminal para converter a amônia em amônio, diminuindo assim sua concentração e absorção. Uma ação simples e que pode servir como sugestão é usar água gelada, em grande quantidade, cerca de 20 a 40 litros por animal. Essa prática ajuda a reduzir a temperatura ruminal e a atividade da urease. Assim, os efeitos são retardados, garantindo que o animal consiga esperar até que o veterinário possa oferecer o tratamento adequado.
Outra estratégia, citada pela literatura, envolve a administração de vinagre via oral através de uma sonda. Em certos casos, pode até ser necessário esvaziar o rúmen do animal. Vale ressaltar que estas medidas não garantem eficácia total no tratamento.
Como fornecer ureia de forma correta?
Introduza a uréia gradativamente, permitindo a adaptação dos microrganismos a doses crescentes de uréia. Se houver alguma interrupção no fornecimento da uréia, reinicie o fornecimento mediante novo período de adaptação.
Após o período de adaptação, limite o fornecimento de ureia ao máximo de 40 g/100 kg de peso do
animal/dia. Por exemplo, se você está fornecendo ureia para novilhos de 300 kg de peso, então a quantidade máxima diária de ureia é de 120 gramas/animal (40 g x 300/100 kg). Se os animais forem muito pesados, a quantidade diária de ureia não deve exceder os 200 gramas/animal.
Evite que o animal ingira a ureia em uma única dose diária. Fracione tal dose em várias refeições (tratos) e, se isso não for possível, dê preferência por misturar a ureia com um volumoso deixado à vontade dos animais no cocho. Espontaneamente os animais vão procurar o cocho para comer diversas vezes ao longo do dia. Isso diminuirá o risco de ingerir a dose diária de ureia de uma vez só.
Para garantir a saúde e o bem-estar dos bovinos, é fundamental monitorar regularmente os níveis de ureia e ajustar a dieta conforme necessário. A colaboração com veterinários e nutricionistas de animais é essencial para manter um programa de alimentação seguro e eficaz. “Em resumo, a ureia é um componente valioso na dieta de bovinos, mas seu uso requer conhecimento e cuidado para garantir a saúde animal e a eficiência produtiva“, finaliza o diretor do Compre Rural.
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