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A mudança para uma pecuária mais sustentável exige a mudança da narrativa atual instrumental, verticalizada para uma narrativa com precisão factual
Por Ana Carolina Monteiro* –A cadeia da carne bovina é conhecida pela sua complexidade, extensão e alta heterogeneidade de seu sistema relacional e produtivo, explicadas, em termos, pelas suas diferentes características naturais e condições econômicas, as quais tornam-na constante alvo de atenção do público.
A mudança para uma pecuária mais sustentável exige a mudança da narrativa atual instrumental, verticalizada para uma narrativa com precisão factual, proximidade com o consumidor e menor risco de perder quota de mercado para outras proteínas, tanto animal como vegetal. E ainda capaz de responder a questões de origem e bem-estar animal, impacto ambiental e de se atentar às decisões dos atores da cadeia.
Neste quadro, é necessário enfatizar a importância da narrativa informativa e educacional no processo de diminuir as diferenças de entendimento entre público em geral, produtores, profissionais e atores dos elos do agronegócio da carne bovina sobre aspectos de produção, comercialização e consumo, relacionados a temáticas complexas, inerentes ao setor, como as da sustentabilidade e seus pilares – social, ambiental e econômico.
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A preocupação está nas narrativas críticas persistentes que surgem de partes interessadas multifacetadas, com valores e relacionamentos complexos, altamente influenciadores, como membros da sociedade e da mídia que se concentram no paradoxo da produção em escala mundial em detrimento de mundos sociais.
Cenários complexos como o da carne bovina exigem respostas rápidas e pautadas num arcabouço de ferramentas científico-comunicacionais e organizacionais que deem conta de administrar crises, mas, principalmente, de promover o setor e servir de suporte para as tomadas de decisão dos atores da cadeia.
Os agentes do agronegócio da carne bovina precisam desenvolver competências que os habilite a combater ações de sistemas contextuais como regulamentações, práticas jornalísticas e finanças, promotoras de uma desconexão entre valores sociais e práticas industriais, gerando dissenso entre os produtores, as quais ameaçam os bons resultados conquistados pelo setor.
Estes sistemas contextuais têm desenvolvido estratégias que consideram o público pouco sabedor do assunto. E ainda, tentam convencer os atores da cadeia a não legitimar ou descartar as preocupações públicas sobre a produção da carne bovina porque considerariam que essas preocupações estariam enraizadas no chamado viés da ignorância.
A comunicação pode possibilitar narrativas que se configurem em ferramentas colaborativas e construtivas para a gestão de recursos naturais, que criem cooperação, reduzam conflitos aproximando as partes por meio de diálogos. Seja face a face ou em relacionamentos nos moldes do que se pode chamar de “parcerias intersetoriais multiator”, complexas e repletas de tensões entre seus elos, como no agronegócio da carne bovina.
Ana Carolina Monteiro é jornalista e Doutora em Administração (UFMS)
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