Os grãos de café vêm em diversos tamanhos e se transformam em uma das bebidas mais consumidas globalmente.
Existem uma ampla gama de cafés, cada um com seu perfil único: alguns são ácidos, outros têm notas frutadas ou um sabor achocolatado, variando de suaves a intensos. Essas características são determinadas pela variedade dos grãos utilizados.
Ao longo dos anos, foram identificadas mais de cem espécies deste fruto, pertencente à família Rubiaceae e ao gênero Coffea. No entanto, apenas duas espécies têm relevância comercial significativa: a arábica, que representa 55% da produção global, e a canéfora, responsável pelos restantes 45%, conforme relatórios do USDA de 2023. Dentro desses grupos, existem diversas variedades que contribuem para a riqueza de perfis de sabor do café. Confira alguns!
1 – Café Arábica
No Brasil, o café arábica é dominante, com 142 cultivares registradas no Registro Nacional de Cultivares (RNC), embora apenas 40 sejam amplamente utilizadas comercialmente. De acordo com a Embrapa, isso se deve a fatores como conhecimento limitado, desempenho agronômico e características específicas das variedades disponíveis para cultivo. Os principais estados produtores dessa variedade, originária da Etiópia e catalogada por volta de 1750, são Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo.
2 – Café Conilon
O café conilon é predominantemente cultivado no Sul da Bahia e no Espírito Santo, sendo este último o maior produtor nacional, responsável por mais de 60% da produção. Conhecido por seu sabor mais amargo, é essencial para blends industriais e para a produção de café instantâneo.
A planta do café conilon é caracterizada por muitos arbustos, o que contribui para a alta produtividade dos grãos. Com maturação precoce, apresenta uma gama de aromas que incluem notas de amêndoas torradas, chocolate amargo e castanhas.
3 – Café Robusta
Originário do Congo e da Guiné, o café robusta representa um quarto da produção mundial, concentrando-se principalmente na África, Ásia e América do Sul. No Brasil, essa variedade foi desenvolvida com o apoio da pesquisa da Embrapa e recebeu o nome de Robusta Amazônico em 2016, quando sua produção em Rondônia estava consolidada.
Na região, comunidades indígenas também cultivam essa variedade, adotando práticas como o cultivo orgânico, que resulta em lotes especiais do café. Com maturação tardia, o café robusta é conhecido por sua resistência às variações climáticas. Possui um sabor caracteristicamente amargo e intenso, com um teor de cafeína que chega a quase 3%, quase o dobro do café arábica.
4 – Açaíá
Desenvolvida pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), a cultivar Açaíá é totalmente arábica. A planta possui porte alto, copa média, frutos vermelhos e grãos grandes, com período de maturação variando de precoce a médio. Na região cafeeira do Sul de Minas Gerais, o café Açaíá é amplamente cultivado, apreciado por sua suavidade, sabor achocolatado e notas frutadas.
5 – Bourbon
Originário da França, o Bourbon chegou ao Brasil em 1959 na variedade amarela, também encontrada na versão vermelha. A variedade amarela adapta-se bem a altitudes elevadas e climas amenos, como no Cerrado, oferecendo um sabor adocicado reminiscente de avelã. Já a variedade vermelha, embora produzida em menor quantidade, não é tão suave.
6 – Catuaí
Criada em 1949 no Instituto Agronômico de Campinas pelo geneticista Alcides de Carvalho, o Catuaí é uma variedade 100% brasileira conhecida por sua resistência, fácil manejo e alta produtividade. Segundo a Embrapa, tanto a variedade amarela quanto a vermelha são cultivadas principalmente em Minas Gerais. A bebida resultante é leve, suave e possui a acidez ideal.
7 – Catucaí
A Catucaí, similar à cultivar Catuaí, é distinguida por seus grãos amarelos e vermelhos, destacando-se pelo seu dulçor natural, acidez moderada e nuances frutadas e cítricas no paladar. Este café se adaptou bem às regiões de alta altitude do Brasil, especialmente em Minas Gerais, caracterizando-se por grãos grandes e uma maturação precoce e uniforme. Recentemente, tem sido cultivado também nas montanhas do interior de São Paulo, como em Pardinho, localizado a aproximadamente 210 km da capital paulista.
8 – Caturra
Segundo informações da Embrapa, a Caturra é uma variante natural do Bourbon vermelho, com porte que varia de alto a baixo, encontrada principalmente no município de Manhumirim (MG). Apesar de não ser amplamente utilizada comercialmente devido ao seu vigor reduzido, seu cultivo é direcionado para a produção de cafés especiais devido às suas características semelhantes ao Bourbon.
9 – Geisha
Originária da Etiópia, a variedade Geisha é cuidadosamente mantida por instituições de pesquisa e produtores de café especiais no Brasil, segundo informações da Embrapa. Esta planta impressiona com seu porte alto, copa ampla, folhas que variam entre verde e bronze, e frutos vermelhos. Reconhecido como um dos cafés mais valorizados globalmente, o Geisha é conhecido por seu aroma floral, corpo cremoso e notas que evocam jasmim e mamão. Destaca-se especialmente na produção no Panamá e prospera em altitudes superiores a mil metros.
Recentemente, um lote de Geisha da Fazenda Rainha em São Sebastião da Grama (SP), produzido pela Orfeu Cafés, alcançou um recorde ao ser leiloado por R$ 84,5 mil por saca de 60 quilos no Cup of Excellence 2023. Esta venda foi para a Sarutahiko Coffee do Japão, marcando o valor mais alto já pago por um café processado a seco brasileiro na história.
10 – Icatu
Resultado de um cruzamento entre uma planta de Robusta e uma de Bourbon na década de 1950, o café Icatu destaca-se por seu porte alto, copa ampla e folhas que variam entre verde e bronze. Com grãos de tamanho médio e um período de maturação tardio, este café oferece uma bebida encorpada, com aromas de amêndoas e notas de chocolate. Sua adaptabilidade a diferentes climas tem sido uma característica curiosa ao longo de sua história.
11 – Kona
Proveniente das encostas vulcânicas do Hualalai e Mauna Loa, no Havaí, o café Kona é frequentemente aclamado como um dos melhores do mundo. Este café premium, que custa aproximadamente R$ 96 por quilo na internet, justifica seu valor elevado pelos métodos cuidadosos de cultivo, como a colheita inteiramente manual e a secagem natural ao sol. Suas características incluem uma acidez moderada e um aroma complexo com notas de chocolate, frutas e especiarias.
12 – Mundo Novo
O café Mundo Novo deve seu nome ao município paulista onde suas sementes foram inicialmente plantadas. Segundo a Embrapa, esta variedade é fruto de um cruzamento entre as cultivares Sumatra e Bourbon Vermelho, realizado pelo Instituto Agronômico de Campinas. Cultivado principalmente no Sul de Minas Gerais, este café é conhecido pelo aroma que lembra caramelo, seu corpo médio e sabor doce.
13 – Topázio
A cultivar Topázio é o resultado de um cruzamento realizado em 1960 entre Catuaí Amarelo e Mundo Novo pelo Instituto Agronômico de Campinas. Posteriormente, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e outras instituições parceiras também contribuíram para o desenvolvimento desta planta de porte baixo, copa média, folhas bronzeadas e frutos amarelos. Cultivado nas regiões Sul e Cerrado de Minas Gerais, o grão de Topázio é conhecido por seu sabor suave e aroma cítrico, sendo ideal para coquetéis de café gelado.
14 – Canéforas
O grupo de cafés Canéforas inclui principalmente as variedades robusta e conilon, que estão ganhando destaque tanto no campo quanto no mercado. A produção brasileira está em alta, aproveitando as oportunidades geradas por problemas climáticos que afetam a safra do Vietnã, principal produtor desse tipo de café.
Quem é o maior produtor de café?
O Brasil lidera como o maior produtor e exportador de café do mundo, destacando-se no mercado global. Outros países como Vietnã, Colômbia, Indonésia, Etiópia, Índia e Honduras também têm uma presença significativa na produção de café.
Para a safra 2024/2025, a expectativa é de uma colheita superior a 69 milhões de sacas, conforme o boletim mais recente do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O café brasileiro é exportado para mais de 100 países, incluindo Estados Unidos, Alemanha, Itália, Bélgica e Japão.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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