O timpanismo bovino, também denominado timpanismo ruminal ou inchaço, é uma condição predominante em bovinos, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gases no rúmen e no retículo
Esses gases são normalmente produzidos durante a digestão fermentativa pelos microrganismos presentes no rúmen. Contudo, quando ocorre um desequilíbrio entre a produção e a eliminação dos gases, manifesta-se o timpanismo, que pode ser dividido em duas categorias: timpanismo primário ou espumoso e timpanismo secundário ou gasoso.
No timpanismo primário, também conhecido como timpanismo espumoso e essencialmente de origem nutricional, a produção de espuma estável no rúmen impede a liberação dos gases. Essa formação de espuma pode ser causada pela ingestão de alimentos ricos em proteínas solúveis, como leguminosas frescas (alfafa, trevo) ou dietas ricas em concentrado. Por outro lado, no timpanismo secundário, ou gasoso, os gases não são eliminados de forma adequada devido a uma obstrução física no esôfago ou a uma disfunção do mecanismo de eructação (arroto) do animal.
Dietas ricas em fibras finas, como pastagens jovens ou forragens de baixa qualidade, podem predispor o gado ao timpanismo. Uma dieta pobre em fibras pode aumentar a quantidade de bactérias resistentes aos ácidos, devido às alterações na produção de saliva que tal dieta provoca. Mudanças abruptas na dieta dos bovinos, especialmente ao trocar uma dieta baseada em capim por uma rica em grãos, podem causar desequilíbrios digestivos e elevar o risco de timpanismo. Isso ressalta a importância de realizar mudanças alimentares sob a supervisão e orientação de profissionais qualificados.
Os sinais clínicos mais evidentes do timpanismo bovino incluem distensão abdominal visível, especialmente no flanco esquerdo, dificuldade respiratória, salivação excessiva, desconforto e, em casos severos, recumbência e morte súbita. A pressão exercida pelos gases acumulados no rúmen pode comprimir o diafragma, comprometendo a função respiratória e cardiovascular dos animais. O diagnóstico do timpanismo é feito com base nos sinais clínicos observados e, em alguns casos, pode ser necessário realizar exames complementares, como a introdução de uma sonda no rúmen para avaliar a presença de gases e espuma. O tratamento varia de acordo com o tipo de timpanismo e a gravidade do quadro.
Para tratar o timpanismo primário ou espumoso, são usados antiespumantes, como óleo mineral, óleo vegetal ou produtos comerciais específicos, que ajudam a romper a espuma e permitir a liberação dos gases. Já no caso do timpanismo secundário ou gasoso, o tratamento pode incluir a administração de fármacos que estimulam a eructação, a descompressão do rúmen por meio de sondagem ou, em situações graves, a punção ruminal para liberar os gases.
A prevenção do timpanismo bovino é crucial para evitar novos casos. As medidas preventivas incluem a adaptação gradual dos animais a dietas ricas em leguminosas, o fornecimento de forragem de boa qualidade e grãos de forma controlada, além da inclusão de aditivos alimentares, como ionóforos (antibióticos), que ajudam a reduzir a produção de espuma no rúmen. Monitorar regularmente a saúde e o comportamento dos animais é essencial para identificar rapidamente os primeiros sinais de timpanismo.
Compreendendo como ocorre o timpanismo e seus desencadeadores, fica claro que, para minimizar os impactos do timpanismo em bovinos, devem ser tomadas medidas de gestão adequadas, tais como formulação adequada da dieta, qualidade dos alimentos e detecção precoce dos sintomas para o tratamento imediato. A prevenção costuma ser mais eficaz e econômica do que o tratamento após a ocorrência da doença. A atenção à dieta, ao meio ambiente e ao manejo dos animais desempenham um papel fundamental na redução do risco de timpanismo bovino.
Por Maria Letícia Rabelo Rocha e Cláudio Manoel Teixeira Vitor, Grupo de pesquisa em Pecuária GEPEC – UFSJ instagram: @gepecufsj
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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