
Conflito Rússia-Ucrânia, demanda fortalecida, ritmo de colheita mais lento da safra 22/23 nos EUA e queda nas condições das lavouras de soja e milho inflamam o mercado
No mercado físico brasileiro, o preço da saca de milho mais subiu do que caiu neste segundo dia da semana. Segundo levantamento realizado, as condições de seca persistente nos EUA e em países agrícolas da América do Sul, junto com a incerteza sobre a produção ucraniana, estão tornando a situação ainda mais complicada. Essa, tensão na oferta pode fazer preço do milho disparar!
A colheita de milho dos EUA estava 7% concluída no domingo, disse o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) após o fechamento do mercado de segunda-feira, abaixo de uma estimativa média de 10% registrada em uma pesquisa da Reuters.
Segundo o relatório diário da Agrifatto, a firmeza dos preços internacionais fortalecendo as exportações brasileiras sustenta o preço do milho na casa dos R$ 84,00/sc em Campinas/SP. Após reagir a mais um dia de queda do dólar na bolsa brasileira e trabalhar abaixo dos R$ 89,00/sc, o contrato CCMX22 (nov/22) se recuperou e seguiu na direção otimista de Chicago, fechando o pregão regular de 3ª feira (20) na B3 a R$ 89,69/sc, alta de 0,76%.
A queda nas condições das lavouras de milho, início de colheita mais lento e influência do trigo adicionaram prêmio de risco nas cotações em Chicago nesta 3ª feira (20). O atual vencimento dez/22 (CZ22) encerrou a sessão diurna de terça-feira (20) em US$ 6,92/bu, alta de 2,03%.
Mercado Futuro buscando recordes
O vencimento novembro/22 foi cotado à R$ 89,69 com valorização de 0,76%, o janeiro/23 valeu R$ 93,26 com ganho de 0,29%, o março/23 foi negociado por R$ 96,00 com elevação de 0,19% e o maio/23 teve valor de R$ 95,98 com alta de 0,26%.
Para o analista de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, em entrevista ao Notícias Agrícolas, a B3 corrigiu um pouco para cima acompanhando as altas que apareceram na Bolsa de Chicago, que olhou a colheita do milho nos Estados Unidos para se valorizar.
A B3 corrigiu um pouco para cima acompanhando as altas que apareceram na Bolsa de Chicago, que olhou a colheita do milho nos Estados Unidos para se valorizar.
Brandalizze destaca ainda que, novos negócios de venda estão acontecendo no Brasil, com os produtores aproveitando as boas oportunidades e de olho na próxima safrinha, que deverá ser a maior safrinha da história.
“Está saindo mais milho para exportação, principalmente do Centro-Oeste. O pessoal está limpando os armazéns no Centro-Oeste porque está chovendo e plantando a soja, com colheita já no comecinho de janeiro, então o pessoal quer tirar os grãos e aproveitar esse momento”, diz.
Colheita mais fraca aperta a oferta global, dizem gigantes do setor
De acordo com executivos da indústria agrícola, a colheita de grãos mais fraca dos Estados Unidos este ano irá atrasar os esforços para aliviar a crise no suprimento global de alimentos. A colheita também será limitada pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
Representantes de empresas como Bayer, Corteva, Archer Daniels Midland (ADM) e Bunge disseram que a oferta mundial de grãos continua apertada. Dessa maneira, seriam necessários pelo menos mais dois anos de colheitas boas nas Américas do Norte e do Sul para aliviar o cenário atual.
Segundo eles, as condições de seca persistente nos EUA e em países agrícolas da América do Sul, junto com a incerteza sobre a produção ucraniana, estão tornando a situação ainda mais complicada.
Ainda de acordo com os executivos, a renovação do acordo do corredor de exportação de grãos no Mar Negro até o fim de novembro é crucial para aliviar a pressão sobre os estoques globais de alimentos.
“Precisamos tirar esses suprimentos de lá”, disse o CEO da Bunge, Greg Heckman, a maior processadora de oleaginosas do mundo. “Não apenas pela segurança alimentar global, mas pela qualidade e pela liberação de armazenamento para a próxima safra.”
O CEO da ADM, Juan Luciano, disse que, entre março e agosto, a Ucrânia exportou cerca de 40% dos grãos que normalmente enviaria naquele período específico. Sob o acordo de grãos do Mar Negro, o país embarcou cerca de 60% do que fez nos últimos anos, afirmou. Para setembro, ele espera uma melhora entre 80% e 90%.
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Seca afeta colheita
Somado ao cenário de guerra na Europa, as altas temperaturas no verão dos EUA pioraram as condições de seca no oeste e nas Grandes Planícies do país.
Além disso, espera-se que a colheita de milho deste ano fique abaixo dos rendimentos normais mais recentes na América do Norte e na Europa. Por conta disso, 2022 seja um ano de reabastecimento de suprimentos em todo o mundo, disse o executivo-chefe da Corteva, Chuck Magro.