Empresa do Paraná usa esterco bovino para produzir papel; Projeto, que ainda está em fase de estudo, prevê uso do material para itens como embalagens e cadernos.
O estrume bovino já é conhecido pelos inúmeros benefícios como adubo na agricultura. Mas agora o subproduto animal rico em fibras está sendo usado pela indústria da construção civil para desenvolver uma pasta química para fabricar papel.
O projeto, que está em fase de estudo para implantação, é dirigido pela empresa BBA, do ramo de construção civil, com apoio do Instituto Senai de Tecnologia em Celulose e Papel de Telêmaco Borba (PR).
“Com o crescimento das propriedades de leite em Castro (PR), sentimos a necessidade de dar um destino correto ao esterco bovino. Após testes, percebemos que poderíamos extrair significativa quantidade de fibra deste esterco e decidimos procurar o Senai para viabilizar a transformação desta fibra em celulose”, explica o proprietário da BBA, Alexandre Guedes.
Segundo ele, a companhia é a primeira empresa a produzir celulose em escala industrial para produção de papel utilizando os dejetos bovinos. A ideia é usar o material para confecção de embalagens, como papel de proteção de sapatos e peças, preenchimento de papel cartão, bem como papel higiênico, folhas de jornal, cadernos, entre outros.
Benefícios ambientais e ao produtor
- Vaca Nelore Carina FIV do Kado bate recorde mundial de valorização
- ‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
- Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
- Maior refinaria de açúcar do mundo terá fábrica no Brasil para processar 14 milhões de t/ano
- Pecuarista é condenado a 3 anos de prisão por matar mais de 100 pinguins na Argentina
O processo para fabricar papel começa com a lavagem do esterco, para a remoção de impurezas e microrganismos. Em seguida, passa por uma fase de tratamento químico. As fibras celulósicas são extraídas, e o material já pode ser utilizado para a produção de papel.
Segundo Geraldo de Aguiar Coelho, pesquisador do Instituto Senai de Tecnologia em Celulose e Papel, que participa do projeto, essa tecnologia ajuda a reduzir impactos causados pelo excesso de dejetos bovinos, que acabam saturando o solo. Estima-se que cada animal da indústria leiteira produza cerca de 45 quilos de esterco por dia.
“O projeto beneficia o meio ambiente, evitando a poluição do solo e diminuindo a emissão de CO2 pela decomposição deste material. Também contribui com a indústria leiteira, já que a remoção dos dejetos demanda muitos esforços”, afirma.
Fonte: Globo Rural