Brinco na orelha do boi, ou melhor, as smart tags são abastecidas por bateria e emite localização exata do animal no campo. Tecnologia para rastreamento dos animais, cada vez mais requisitada pelo mercado consumidor, foi desenvolvida pela startup Spacevis
A rastreabilidade bovina no Brasil, até o momento restrita a uma pequena fração do rebanho, vai ser ampliada com a introdução de uma ferramenta inovadora. Esta tecnologia permite a identificação dos bovinos, assim como o monitoramento de seus sinais vitais e sua localização de maneira instantânea. A tecnologia de rastreamento de gado permite que o produtor rural monitore tudo em tempo real. O diretor presidente Guilherme Canaveze, da SPACEVIS, conta que a novidade da área é o GPS que permite entregar dados para o software através de um pequeno dispositivo na orelha do boi.
Conforme anunciado pelo site da empresa, o serviço que foi lançado nesta terça-feira na ExpoLondrina, em Londrina (PR), é fruto de três anos de pesquisa e desenvolvimento realizado pela startup Spacevis, recém adquirida pelo multifamily office GHT4 em parceria com a Stocci, empresa de análise de dados que também já recebeu investimento do grupo. O valor da transação é mantido em sigilo, complementou matéria divulgada pela Valor Econômico.
A startup afirmou que o Cattlevis reúne diversas soluções tecnológicas que irão mudar a rastreabilidade individual dos bovinos nas fazendas brasileiras. “Com os dados captados através do Smart tag TAGVIS nós levamos a rastreabilidade para outro nível”, informou.
Falhas da rastreabilidade que serão corrigidas
Atualmente, a rastreabilidade bovina, pauta que está em debate junto aos órgãos competentes e associações, traz falhas em níveis gerenciais e operacionais, além da confiabilidade dos dados. Os brincos utilizados hoje são apenas para identificação dos animais e, em alguns casos, ocorrem as trocas e ou, até mesmo, a mudança de animais de fazendas de área de desmatamento para fazendas legalizadas.
“As tecnologias de identificação animal que existem hoje não permitem monitorar o boi, apenas identificar. Isso cria brechas para a mudança do animal de uma fazenda ilegal para uma fazenda legal. Trata-se de um processo de rastreabilidade muito falho”, observa o diretor presidente da Spacevis, Guilherme Canavese, ainda em sua entrevista a Valor.
Dessa forma, a tecnologia da Spacevis, surge em um momento crucial para que sejam gerados dados precisos, seguros e confiáveis ao mercado como um todo. Segundo a empresa, esse é o primeiro passo para um dos principais objetivos dos investidores: tornar o rebanho brasileiro um ativo de garantia em operações de crédito.
“É um dispositivo simples, como já usado hoje como brinco na orelha do animal. Ele tem um painel solar para carregamento da bateria. A aplicação é idêntica ao do brinco. A única recomendação é o ponto da instalação para que o animal também se sinta confortável”, explica Guilherme.
Estoque bovino supera os R$ 800 bilhões
Na justificativa da empresa para a utilização da tecnologia pela cadeia produtiva da pecuária brasileira, está no grande estoque que representa o rebanho brasileiro. Considerado o maior rebanho bovino comercial do mundo, o Brasil tem mais de 230 milhões de cabeças que, segundo a Spacevis, representa o equivalente a um estoque de R$ 800 bilhões, que não é usado pela indústria financeira em operações de crédito. O motivo por trás disso, é porque ela (empresa de crédito) não sabe se esse animal existe, já que existe brechas nas atuais formas de identificação dos rebanhos.
“Nossa tecnologia acaba com essas dúvidas”, disse Guilherme. Ainda segundo ele comentou junto a Valor, a companhia encontra-se atualmente em diálogo com um banco para emitir uma Cédula de Produto Rural (CPR) que será garantida exclusivamente por gado bovino. Dentro do cronograma estabelecido, a empresa planeja distribuir 50 mil dispositivos de rastreamento nos primeiros três meses após o início das operações, com a meta de alcançar a distribuição de 300 mil unidades até o término deste ano e atingir um milhão de unidades no ano de 2025.
“Esses são números conservadores porque estamos falando de um mercado de mais de 200 milhões de cabeças de gado”, afirmou.
O Cattlevis reúne diversas soluções tecnológicas que irão mudar a gestão do seu rebanho, sua rastreabilidade e a performance da sua operação. “A gente enxergou no agro uma zona desassistida do ponto de vista financeiro, tecnológico e de controle”, comenta o diretor-presidente do grupo GHT4, Rafael Cosentino, em matéria da Valor.
A empresas envolvidas ressaltam a capacidade da tecnologia em atender às demandas do mercado por um controle ambiental mais rigoroso no setor. “Nossa tecnologia surge como um instrumento para elevar a transparência e a confiança no segmento pecuário, mostrando que praticamos a pecuária mais avançada globalmente”, afirma Canavese.
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