Tecnologias permitem monitorar em tempo real o peso, consumo de ração e água, níveis de estresse de cada ave, conforto térmico e parâmetros de qualidade do ar
Para encerrar o primeiro ciclo de palestras do 21º Simpósio Brasil Sul de Avicultura, o CEO da Agrisolus, Anderson Nascimento, abordou a revolução da avicultura com a tecnologia 4.0. O evento, que iniciou na tarde desta terça-feira (6), segue até a quinta-feira (8), inteiramente on-line.
Na palestra “A inteligência artificial e o big data: a nova forma de trabalhar na avicultura”, Nascimento falou sobre como as tecnologias mudaram o setor e têm contribuído para torná-lo mais eficiente. A 4ª Revolução Industrial, caracterizada pelo uso da inteligência artificial, do big data, das impressões 3D, da Internet das Coisas (IoT) chegou na avicultura para inovar os processos de produção. “Tivemos a Indústria 1.0, com a introdução da energia a vapor e a mecanização da produção. A Indústria 2.0, com o uso da eletricidade, aço e petróleo. A Indústria 3.0 e a automação parcial usando controles e computadores e a Indústria 4.0, que não poderia ser diferente, e também mudou completamente o setor”.
Aplicadas no sistema produtivo, as novas tecnologias permitem ao produtor um maior controle sobre a produção, otimização e, com isso, aumento da lucratividade. É possível, por exemplo, monitorar em tempo real o peso, consumo de ração e água, níveis de estresse de cada ave, conforto térmico e parâmetros de qualidade do ar para garantir o máximo desempenho e bem-estar dos animais.
Nascimento, que se dedica a desenvolver soluções para a avicultura, exemplificou algumas tecnologias e suas aplicabilidades na cadeia avícola. Uma delas são as Etiquetas de Identificação por Radiofrequência (RFID), que permitem registrar informações sobre aspectos como alimentação, saúde e localização do animal. Um recurso que, segundo o palestrante, é barato e traz resultados eficazes.
Há também a realidade aumentada, que permite a visualização do mundo real através de uma câmera. Na avicultura, segundo Nascimento, tem um potencial enorme de revolucionar a assistência veterinária. “Será que no futuro precisaremos que o veterinário vá até a propriedade ou com um óculos de realidade aumentada será possível orientar o produtor?”, indagou o especialista.
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Outro recurso tecnológico citado por ele é a visão computacional. “Uma das mais promissoras para a pecuária. Imagine uma câmera que possa medir o frango, pesar, analisar o comportamento e identificar cada animal. Isso é possível e já tem sido usado inclusive na avicultura”. Tem ainda o big data, que estuda como tratar, analisar e organizar informações, a internet das coisas, que usa sensores para colher dados e a inteligência artificial, uma aliada para automatizar processos.
Para Nascimento, é fundamental saber interligar, somar essas tecnologias, para que possam ser transformadoras na cadeia produtiva. Com os recursos certos, por exemplo, é possível identificar doenças na granja rapidamente e evitar prejuízos.
O CEO também abordou o Blockchain, um sistema que permite rastrear o envio e recebimento de dados pela internet, oferecendo confiabilidade e transparência para o consumidor. Na avicultura, por exemplo, essa tecnologia seria capaz de informar ao consumidor de maneira objetiva a procedência da carne e certificar a qualidade do produto.
Em relação aos custos dessas tecnologias, Nascimento afirma que não é necessariamente o produtor que fará o maior investimento, quem terá mais retorno. É preciso analisar as vantagens de cada ferramenta. “Estamos num momento em que os custos da avicultura estão pressionados pelo alto valor do milho e da soja. Ao mesmo tempo, passamos por uma revolução, uma quebra de paradigmas. Precisamos gerar conscientização sobre o uso das tecnologias e mostrar resultados efetivos. No futuro o que diferenciará um produtor, um player da agricultura, será o quão inteligente é a sua inteligência artificial, o restante será commodity.