Sucesso nas redes: Bebê campeiro é exemplo de como crianças são criadas na roça

Especialistas falam da importância de modelo de criação para as crianças; Bebê campeiro é um dos principais exemplos e já contabiliza mais de 2,8 milhões de fãs no Instagram

Um perfil está estourando o nível de ‘fofurice’ nas redes sociais, o Bebê Campeiro criado para mostrar o dia a dia na roça do menino Heitor Borges relata de forma espontânea a rotina diária do pequeno nas atividades do sítio, desde o cuidado com os animais até atividades na propriedade como regar plantas e colher alimentos. As redes sociais da criança são administradas pela mãe, Karoline May Borges.

Com mais de 150 milhões de visualizações em um único vídeo e 2,8 milhões de seguidores no Instagram, o morador de Joinville, no Norte catarinense, mostra em sua rede social como é a vida na fazenda.

Num vídeo, por exemplo, o menino pega um pé de mandioca, coloca na carroceria do seu mini trator, depois pega o galo e coloca na carroceria também ao lado do pé de mandioca, ainda dá um beijo no galo e em seguida sobe no seu tratorzinho e leva a sua carga para a casa.

Além de muito lindo e até engraçado, especialistas afirmam a importância desse modelo de criação para as crianças. Jacob Petry, jornalista, pesquisador e escritor brasileiro, disse uma das suas entrevistas sobre a seriedade desse assunto.

“Isso é engraçado, mas esse tipo de coisa para a criança é muito importante. Aliás, tem um estudo da Universidade de Harvard feito ao longo de mais de 70 anos, que mostra que crianças que ajudam em tarefas domésticas desde cedo desenvolvem mais segurança, mais confiança, mais disciplina, mais competência e têm mais facilidade para enfrentar os desafios da vida adulta”, destaca Petry.

E ele ainda explica que essas experiências são muito valiosas para o crescimento pessoal, para moldar o caráter, e também para enfrentar as adversidades depois de adulto. “Afinal, é nos pequenos passos que nós nos preparamos para passos maiores”, enfatiza o jornalista.

Segundo Petry, já a partir dos dois anos, as crianças podem ser estimuladas a guardar brinquedos, colocar livros de histórias em seu lugar, buscar fraldas e assim por diante. “Quando penso na minha infância, o que mais me marcou não foram as privações e a forma rude e até sofrida da vida na roça; mas da alegria e da aventura de um intenso e estreito convívio com a natureza e os animais. Desde muito cedo, éramos incluídos na rotina dos trabalhos da casa como secar a louça, juntar gravetos para acender o fogo no fogão à lenha, recolher as folhas das árvores pelo pátio eram algumas tarefas que faziam parte dessa rotina”, ressalta.

De acordo com ele, atualmente, inúmeros estudos como o já citado de Harvard, ou da Universidade de Montreal, no Canadá, afirmam que crianças que são incluídas desde cedo nas tarefas domésticas – e não como uma brincadeira, mas como atividade prática mesmo – desenvolve certas vantagens em relação às que não fazem esse tipo de atividades, entre elas a autonomia, a facilidade de atuar em equipes, a disciplina e até mesmo, uma probabilidade menor de usar e consumir drogas na vida adulta.

“Não prive a criança dessas atividades práticas do cotidiano. Afinal, como os estudos mostram, há enormes benefícios nisso”, adverte Petry.

Ao lado de Leandro Karnal e Fabrício Carpinejar, Jacob Petry é um dos autores gaúchos que mais vende livros no Brasil. Até o final de 2020, foram mais de 400 mil exemplares. Coleciona títulos de sucesso como “Poder&Manipulação”, “16 leis de sucesso” e o “O óbvio que ignoramos” que, além de serem best-sellers nacionais, tem nota máxima (5 estrelas) na avaliação dos leitores na Amazon Brasil.

Jacob Petry - escritor e best seller
Foto: Eliane Heinle

Geração de ferro está morrendo  

Este modelo de criação, ajudando nas tarefas desde pequeno, se assemelha ao modo de vida da “Geração de ferro”, que é uma expressão utilizada para intitular a origem de pessoas (hoje idosas) que foram criadas com muito trabalho e sem tantas facilidades que a atualidade proporciona.

Um artigo publicado aqui no Compre RuralEstá morrendo a geração de ferro…”; Você concorda? abordou muito bem esse tema. O texto enfatiza que está morrendo a geração de ferro para dar passagem à “geração de cristal”. Os idosos, muitos que ainda sem acesso à educação, educaram seus filhos.

“O homem do campo é tido, historicamente, como um homem que aguenta o tranco, que é bruto na lida e que possui palavra. Entretanto, observa-se que existem poucos dessa geração existentes no contexto atual. Falta mão de obra, falta coragem para enfrentar o ônus da atividade árdua de trabalhar na lida diária da lavoura, da pecuária e etc”, destaca o texto.

As constantes mudanças no modo de viver das pessoas em geral estão impactando a rotina no campo. As gerações estão mudando, e a preocupação do agronegócio, de uma maneira em particular, é a falta de mão de obra no campo e também a sucessão familiar das propriedades.

Está morrendo a geração de ferro para dar passagem a geração de cristal, está morrendo a geração que, sem estudo, educou seus filhos. Aquela que, apesar da falta de tudo, nunca permitiu que faltasse o indispensável em casa. Aquela que ensinou valores, começando com Amor e Respeito. Estão morrendo pessoas que ensinaram aos homens o valor da mulher e às mulheres, o respeito pelos homens, estão morrendo aqueles que poderiam viver com poucos luxos, sem se sentirem frustrados.

Aqueles que trabalharam desde cedo e ensinaram o valor das coisas, não o preço. Morrem aqueles que passaram por mil dificuldades e, sem desistir, nos ensinaram a viver com dignidade. Aqueles que, depois de uma vida de sacrifício e sofrimento, partem com as mãos enrugadas e a cabeça erguida. Está morrendo a geração que ensinou a viver sem medo. (Autor desconhecido)

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