Sorgo gigante é apontado como salvação dos rebanhos

A planta forrageira, que serve de alimentação para animais, é capaz de rebrotar até quatro vezes num único plantio e necessita de apenas 300 mm de chuva. O custo de produção é também um dos mais baixos registrados.

O desenvolvimento de novas tecnologias de manejo, melhoria genética de rebanhos e produção de forragens mais nutritivas e volumosas, dentre outras ações, está permitindo aos agropecuaristas do Ceará expandir sua produção.

No caso da cadeia produtiva do leite, os destaques vão desde a produção de sementes de gramíneas resistentes ao semiárido, passando pelo capim gigante, pela estilosante (Stylosanthes), uma leguminosa forrageira rica em proteína cultivada na região de Irauçuba, e uma planta forrageira que está sendo apontada como a salvação dos rebanhos nordestinos nos longos períodos de seca: o Sorgo Gigante Boliviano (Agri-002E).

A forrageira foi trazida ao Brasil pela empresa Agricomseeds, uma companhia de investigação e desenvolvimento em genética, com sede em Santa Cruz (Bolívia), e distribuída pela empresa Terra Fértil para todo o Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. O sorgo gigante (que pode atingir 7 metros de altura) foi testado em 3 hectares no Ceará, numa área do Instituto Federal do Ceará (IFCE) de Limoeiro do Norte. O projeto-piloto conseguiu produzir em média 80 toneladas por hectare no primeiro corte, com apenas 80 dias de cultivado, sendo que, com um único plantio, a rebrota pode ocorrer até quatro vezes.

Wilson Ferreira, coordenador técnico da empresa Terra Fértil, destaca outro dado animador. O custo para produzir essas 80 toneladas teria sido de apenas R$ 0,03 por quilo, enquanto que o do milho sai em média por R$ 0,10 e do sorgo Ponta-Negra, o mais plantado atualmente na região, sai por R$ 0,05/kg produzido.

“Essa forrageira está vindo para baratear os custos da silagem. Apesar de ser um pouco inferior ao milho no que se refere a composição nutricional, é indicada nos casos de escassez de alimentos”, afirma.

Uma outra variedade desse sorgo gigante – o Agri-001E (e com as mesmas características nutricionais do milho) – foi lançada em maio de 2019 na Agrobrasília e estará com sementes à disposição dos produtores a partir de abril deste ano.

“Vamos plantar este mês a nova variedade para ter esse material para demonstração. Vamos fazer três campos com biodiversidades diferentes: um em Crateús, outro em Limoeiro do Norte e o último na região do Cariri, para observar o desempenho da produção em cada área”, explica Ferreira.

Resistência

Segundo Wilson Ferreira, a grande vantagem desses dois materiais é a resistência ao estresse hídrico (falta d’água). A planta precisa apenas de 300 milímetros de chuva para se desenvolver. Hoje, no Ceará, o sorgo gigante está sendo plantado em 300 hectares na região de Quixeré, mas 1.500 ha entre Quixeré e Mossoró (RN) estão sendo preparados para receber a forrageira.

A empresa distribuidora Terra Fértil espera poder comercializar, no primeiro trimestre de 2020, cerca de 10 mil sacas de 10 kg de sementes para os três estados que cobre.

“O sorgo já está espalhado pelo Brasil e os maiores confinamentos de gado (leite e corte) do país já utilizam essa forrageira na dieta dos animais. No Ceará, a Agrícola Formosa (produtora de melão e que também possui criação de gado) está preparando uma área para plantio desse sorgo, que alimentará seu rebanho e também para venda”, diz o técnico.

Wilson Ferreira destaca ainda que as novas variedades necessitam zero pulverização, inseticida e adubação no segundo corte. No primeiro corte a adubação seria a normal. E há casos em que uma única planta pode gerar (além da haste-mãe) 16 hastes o que geraria maior volume para silagem, representando uma significativa redução dos custos de alimentação do gado no Nordeste.

Fonte: O Otimista

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