O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou, recentemente, um aumento considerável da área de soja nos EUA na safra 2017/18. Em relação ao milho, a área plantada sofrerá redução, assim como a área do trigo. Neste último caso, os preços estão em seus níveis mais baixos desde 2009.
De acordo com o USDA, a área destinada à oleaginosa deverá alcançar na próxima safra, 88 milhões de acres (35,61 milhões de hectares), contra 83,4 milhões da safra anterior (33,75 milhões de hectares). Quanto à área de milho, poderá cair de 94 milhões para 90 milhões de acres (de 38,04 milhões para 36,42 milhões de hectares) nesta nova safra.
Em relação ao trigo, a primeira estimativa do USDA é de uma área de 46 milhões de acres (18,62 milhões de hectares), contra 50,2 milhões de acres da temporada anterior (20,32 milhões de hectares).
De acordo com Hélio Sirimarco, vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), a principal razão para o aumento expressivo, no caso da soja, é a própria relação de preços entre a oleaginosa e o milho.
“Nos atuais níveis de preços, com base na Bolsa de Chicago, a relação está próxima de 2,75 – nível que estimula o plantio da soja em detrimento do milho. Isso muda quando essa relação cai para 2,00 ou para abaixo desse número. Outro fator diz respeito ao custo de produção que está em queda, o que remunera mais o produtor de soja”, avalia.
IMPACTOS NO AGRO BRASILEIRO
Sirimarco acredita que as estimativas apresentadas pelo USDA poderão impactar a produção brasileira: “Vai aumentar a competição, pois a tendência é que a produção brasileira também cresça. Vamos ver como fica a demanda. A competitividade da soja brasileira depende muito do comportamento do dólar, que também impacta a competitividade do produto americano”.
Outro tipo de efeito que os EUA podem causar ao agronegócio brasileiro, na opinião do vice-presidente da SNA, está relacionado à decisão do governo Trump de retirar seu país do Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (TPP, na sigla em inglês) e de reavaliar o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, o Nafta.
“Como os EUA são o segundo maior exportador de carne bovina do mundo, a saída do TPP deve favorecer o mercado brasileiro de carne, à medida que seja possível deslocar a demanda de outros países do TPP para o Brasil”, salienta.
Ainda acrescenta que “a retirada norte-americana do TPP também pode abrir mais espaço para o Brasil nos mercados chinês e no exigente japonês”.
OUTROS PAÍSES
De acordo com informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 2016, os 11 países restantes do TPP (Japão, Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Peru, Malásia, México, Nova Zelândia, Cingapura e Vietnã) absorveram 8,95% das exportações brasileiras de carne bovina in natura, 8,5% das de carne suína e 15,3% das de frango.
O México, um dos países integrantes do TPP e do Nafta, sinalizou com a intenção de propor um projeto de lei para suspender a importação de milho dos Estados Unidos e direcionar as compras para o Brasil e a Argentina.
A principal razão para essa mudança foi o anúncio feito pelo presidente americano Donald Trump, de construir um muro na fronteira do México com os EUA. Além disso, existe ainda a ameaça de taxação das exportações mexicanas pelos Estados Unidos.
Reproduzido do site SNA/RJ