Desde 2015, a soja deixou o topo das exportações apenas uma vez, em 2021, quando o minério de ferro dominou com folga. Agora, a soja deixa de ser líder em exportação pela segunda vez em uma década. O que isso significa?
A soja, principal commodity do agronegócio brasileiro, perdeu sua posição de destaque na pauta exportadora do país em 2024. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), no acumulado de janeiro a novembro, o petróleo assumiu a liderança das exportações, marcando um fato raro na última década. Desde 2015, a soja deixou o topo apenas uma vez, em 2021, quando o minério de ferro dominou com folga.
A ascensão do petróleo e os números do mercado
O petróleo, que não liderava as exportações brasileiras desde 2012, apresentou um desempenho excepcional neste ano. De janeiro a novembro, as exportações da commodity somaram 85,45 milhões de toneladas, um aumento de 14,4% em relação ao mesmo período de 2023. Em receita, o valor alcançou US$ 42,76 bilhões, superando a soja, que acumulou US$ 42,08 bilhões no mesmo intervalo.
Esse crescimento expressivo do petróleo está diretamente ligado ao avanço da produção no pré-sal, aliado a uma queda moderada nos preços, de apenas 4% em relação ao ano anterior.
A queda na exportação de soja
Já o cenário da soja foi marcado por desafios. A produção da oleaginosa sofreu com problemas climáticos, levando a uma queda de 1,3% nos volumes exportados em 2024. Além disso, os preços internacionais da soja despencaram cerca de 17%, pressionando a receita.
Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), as exportações de soja devem somar apenas 1,24 milhão de toneladas em dezembro, o menor volume do ano. Com isso, a previsão para 2024 é de 97,1 milhões de toneladas, uma redução de 4% em comparação com o recorde de 101,3 milhões de toneladas em 2023.
A entressafra e a forte concorrência internacional contribuíram para o desempenho tímido, enquanto o mercado global de farelo de soja, impulsionado pela corrida comercial antes da implementação da lei antidesmatamento da União Europeia, foi um ponto positivo para a cadeia produtiva.
Farelo em alta e milho em queda
Apesar da retração na soja em grão, o farelo de soja brasileiro deve atingir um novo recorde em 2024, com exportações estimadas em 22,4 milhões de toneladas, superando a marca histórica de 2023. Por outro lado, o milho enfrentou um ano desafiador, com uma queda acentuada nos embarques devido às adversidades climáticas. A previsão para o cereal em 2024 é de 37,6 milhões de toneladas, bem abaixo dos 55,56 milhões exportados em 2023.
Perspectivas para o futuro
Embora a soja tenha perdido a liderança para o petróleo em 2024, especialistas do setor acreditam que o movimento não deve se repetir nos próximos anos. O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, afirma que a queda dos preços da soja e o aumento das exportações de petróleo foram fatores pontuais que determinaram o resultado deste ano.
Com o início de 2025, espera-se uma recuperação nos preços e volumes da soja, permitindo que a commodity retome sua posição de destaque. O minério de ferro, que também compõe a trinca das principais exportações brasileiras, acumulou receita de US$ 27,6 bilhões até novembro, reafirmando sua importância no cenário internacional.
Em um ano marcado por oscilações no mercado de commodities, o agronegócio brasileiro segue mostrando sua força e adaptabilidade, mesmo em um cenário adverso. Resta aguardar como o setor se posicionará para recuperar sua liderança no próximo ciclo.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.
UE e México firmam novo acordo comercial às vésperas da posse de Trump
O acordo visa aumentar as exportações europeias em áreas-chave como os serviços financeiros e o comércio eletrônico.
Continue Reading UE e México firmam novo acordo comercial às vésperas da posse de Trump
População empregada no agronegócio cresce 2% no 3º tri de 2024
O número de ocupados no agronegócio no período foi impulsionado pelo aumento no contingente de pessoas nas agroindústrias, e nos agrosserviços.
Continue Reading População empregada no agronegócio cresce 2% no 3º tri de 2024
Mapa firma convênio de R$ 21 milhões para defesa agropecuária no RS
Acordo de R$ 21 milhões fortalece a defesa agropecuária no RS com investimentos em sanidade e infraestrutura.
Continue Reading Mapa firma convênio de R$ 21 milhões para defesa agropecuária no RS
Calor no Sul e chuva no Centro-Oeste e Norte: confira a previsão do tempo
A aproximação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) nos próximos dias será a principal responsável pelos maiores volumes de chuva Com a presença de áreas de instabilidade e um fluxo de umidade proveniente da Amazônia, o fim de semana promete ser marcado por chuvas nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil. Influências climáticas no Norte…
Continue Reading Calor no Sul e chuva no Centro-Oeste e Norte: confira a previsão do tempo
Fatores que devem fazer esta safra a maior da história
As projeções apontam para uma produção total de 172,4 milhões de toneladas, um salto expressivo em comparação com as 155,5 milhões de toneladas da safra 2023/24
Continue Reading Fatores que devem fazer esta safra a maior da história
Fazenda mais cara à venda é avaliada em R$ 15 bilhões; veja a lista
Localizada no coração do agronegócio, a fazenda mais cara à venda é avaliada em R$ 15 bilhões; Confira a lista e os destaques do mercado de terras no Brasil, um dos mais dinâmicos e que segue batendo recordes.
Continue Reading Fazenda mais cara à venda é avaliada em R$ 15 bilhões; veja a lista