A ovinocultura é uma atividade bastante antiga na exploração dos produtos como a lã, carne, leite e pele. Seu principal produto sempre foi a lã, porém nas décadas de 80 e 90 ocorreu uma grande crise do mercado laneiro, desencadeada pelos altos estoques deste produto na Austrália. Além disso, houve intensa concorrência do fio sintético, por ser matéria prima mais barata em comparação com a lã e de grande aceitabilidade pela indústria têxtil.
A partir disso, o enfoque da exploração ovina começou a tomar outros rumos, sendo o seguimento da carne apresentando grande relevância no cenário produtivo da ovinocultura. Para Carvalho e Brochier (2008), a produção de ovinos destinada para o abate indica que a ovinocultura é uma excelente alternativa de renda nas propriedades rurais.
Nesse sentido, o tema produção de carne ovina, nos remete diretamente ao sistema de terminação que iremos utilizar. Muitas vezes ocorre por parte dos produtores e profissionais da área um grande dilema sobre qual sistema de terminação utilizar na terminação de ovinos, sendo assim, penalizando ou beneficiando algum sistema específico.
Independente do sistema de terminação, temos que levar em conta que existem alguns fatores que são primordiais para obtermos êxito na produção. Queremos animais com maior velocidade de crescimento, o que reflete diretamente em menor tempo para o abate. Outro ponto primordial é o custo de produção, obviamente que quanto menor o custo aliado a uma maior produção, melhor é a rentabilidade da atividade.
Como estamos falando no seguimento de carne, temos que produzir animais com altos rendimentos de carcaça e com características que atendam as exigências dos consumidores. A qualidade da carcaça e carne é influenciada por fatores como sexo, procedência, genótipo, idade, características in vivo e a condição corporal dos animais (BONACINA et al., 2007). Também, a gordura em excesso se torna um entrave no consumo de carne ovina. Ferreira et al. (2001) ressaltaram que o teor de gordura da carcaça afeta diretamente sua aceitabilidade.
Existem alguns sistemas de terminação praticados na ovinocultura e os mais comumente utilizados são os seguintes: pastagem nativa; pastagem cultivada; suplementação; creep-grazing; creep-feeding; confinamento e terminação consorciada.
Após a apresentação destes, faz-se a seguinte pergunta. Qual o melhor sistema para terminar ovinos? Antes de respondermos, comentaremos alguns fatores importantes. Há uma grande heterogeneidade nas propriedades rurais produtoras de ovinos.
Uma dessas diferenças é a condição física e química de solo, o que pode estar evidenciado na mesma propriedade rural, com áreas (invernadas, potreiros) com aptidões diferentes, onde não se pode produzir uma determinada forragem em um local, e podendo ter boa produção em outro local da mesma propriedade rural.
O manejo é uma atividade que deve ser realizada em qualquer sistema de terminação, porém uns com maiores frequências, outros não. Dependendo do sistema utilizado o manejo pode se tornar um fator limitante na produção, já que isto está intimamente ligado a recursos humanos empregados na logística da propriedade. Na qual, em muitos casos o quadro de funcionários é limitado ou escasso, fato que temos que levar em consideração, pois caso os recursos humanos não estejam engajados na atividade, obviamente que os resultados não serão satisfatórios.
Qual o sistema de terminação, citados acima, é o mais barato?
Novamente iremos elencar alguns fatores. Não podemos confundir custo de produção com viabilidade econômica. Em alguns sistemas de terminação o custo de produção é baixo, porém a rentabilidade também é baixa, o que nos remete a uma viabilidade econômica da atividade que não é interessante. Sendo o contrário também válido, se tivermos um custo alto, mas uma rentabilidade alta, podemos ter um lucro bastante interessante, assim tendo uma viabilidade que satisfaça o produtor.
Já que estamos falando em custos, não podemos deixar de comentar que se deve, antes da escolha do sistema de terminação, levar em conta o capital que possuímos para empregar no investimento. Claro, que quando se visa lucro há a necessidade de investimentos. Os sistemas mencionados acima apresentam investimentos diferentes, pois alguns necessitam de investimento em maquinários, implementos, estrutura de galpões e mangueiras, etc, que realmente oneram o custo inicial da atividade, e outros com investimentos menores.
Será que são somente estes fatores que influenciam na escolha dos sistemas de terminação ovina? Mais uma vez, acreditamos que não, pois por enquanto comentamos os seguintes itens: condição química e física dos solos, mão-de-obra, recursos humanos e investimentos. Porém, gostaríamos de elencar mais fatores que possam auxiliar na escolha do sistema de terminação de ovino.
A quantidade de área disponível para a utilização em ovinocultura é outro fator de extrema importância, visto que alguns sistemas necessitam de grandes áreas para uma produção em grande escala, já outros em áreas medianas e até mesmo em pequenas áreas. Ao passo que os sistemas que demandam menores áreas para a produção ovina também necessitam que os alimentos sejam oferecidos aos animais.
Caímos em um item, disponibilidade de matéria prima, que muitas vezes pode apresentar um custo alto, devido a logística de transporte, entre outros. Fatores ligados a condições climáticas, segurança, mercado específico de produção de carne, entre outros, também devem ser considerados na escolha do sistema de terminação de ovinos.
Voltando as perguntas realizadas no corpo do texto. Não temos respostas para elas, ou melhor dizendo, existem várias respostas para elas. Pois, são fatores individuais, ligados à especificidade de cada situação analisada. O que podemos responder com total certeza é que a nutrição animal, genética e a sanidade dos animais são primordiais para resultados positivos da atividade.
Porém, quando somos consultados com a velha pergunta. Sistemas de terminação em ovinos, qual o melhor? A nossa resposta se resume somente em uma palavra, que é: DEPENDE.
Autores do artigo:
1) Rafael Sanches Venturini – Zootecnista. Aluno de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (PPGZ) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 2) Flânia Mônego Argenta – Zootecnista, MSc. Aluna de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (PPGZ) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Referências Bibliográficas
BONACINA, M., et al. Otimização da avaliação in vivo e da carcaça em cordeiros. Revista da FZVA, v.14, n.1, p.273-286. 2007.
CARVALHO, S.; BROCHIER, M.A. Composição tecidual e centesimal e teor de colesterol da carne de cordeiros terminados em confinamento com dietas contendo níveis crescentes de resíduo úmido de cervejaria. Ciência Rural, v.38, n.7, p.2023- 2028, 2008.
FERREIRA, M.A., et al. Predição da composição corporal por intermédio de método indireto. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.1, p.242-246, 2001.
Fonte Milk Point