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Evento abriu espaço para debater o futuro do setor, destacando investimentos, sanidade e iniciativas para fortalecer a cadeia produtiva.
O Sistema FAEP promoveu, nesta segunda-feira (24), o evento “Perspectivas do Setor Lácteo 2025 a 2030”, reunindo lideranças do setor produtivo e da indústria para discutir estratégias de fortalecimento da cadeia do leite no Paraná. A programação trouxe a apresentação dos principais projetos da entidade na área, além de palestras sobre sanidade na pecuária e iniciativas voltadas ao diagnóstico da cadeia produtiva.
Na abertura, o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, ressaltou a importância da iniciativa como uma oportunidade de unir a força do setor leiteiro paranaense, alinhando estratégias e impulsionando ações para fortalecer toda a cadeia produtiva.
“Trabalhamos ativamente na articulação de políticas públicas, na defesa dos interesses do setor e no fortalecimento da cadeia, sempre buscando um ambiente favorável para o desenvolvimento da pecuária leiteira. No campo da sanidade, temos parcerias fortes com autoridades estaduais e federais para garantir a saúde dos rebanhos e a segurança dos nossos produtos lácteos. Juntos, vamos levar a pecuária leiteira do Paraná a novos patamares de qualidade, inovação e sustentabilidade”, afirmou.
O presidente do Sindileite-PR, Éder Desconsi, destacou os investimentos em curso na indústria para ampliar o processamento de leite no Paraná, com foco nas regiões dos Campos Gerais, Oeste e Sudoeste. “Deixamos de lado apenas intenções e estamos concretizando grandes investimentos, agregando valor à produção com uma diversificação de produtos, além do soro e das proteínas”, disse.
O ex-governador do Paraná, Orlando Pessuti, enfatizou a importância da união do setor para fortalecer a verticalização da produção leiteira. “Daqui para frente, temos que fazer mais e melhor. Para chegar a novos patamares, vamos ter que investir mais em assistência técnica, pesquisa e qualificação dos produtores. Dessa forma, vamos poder construir um caminho ainda mais virtuoso para a pecuária de leite no Estado do Paraná”, pontuou.
O secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Natalino Avance de Souza, ressaltou que a força do Paraná no agronegócio vem da sua capacidade histórica de organização e cooperação. “Ou a gente se arranja, ou vamos perdendo competitividade”, alertou.
Iniciativas do Sistema FAEP
O primeiro bloco do evento foi dedicado à apresentação das principais ações do Sistema FAEP em prol da cadeia produtiva do leite. Entre os destaques está a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), que atualmente atende 60 propriedades leiteiras nos municípios de Francisco Beltrão, no Sudoeste, e Cascavel, no Oeste do Paraná.
Segundo o técnico Alexandre Lobo Blanco, a bovinocultura de leite é uma das cadeias mais demandadas pela ATeG do Sistema FAEP. Com a ampliação do programa prevista para este ano, a expectativa é atender mais de 1,3 mil propriedades leiteiras. “Nosso objetivo com a ATeG é aumentar a adesão aos cursos do Sistema FAEP, qualificar os produtores para debates mais aprofundados sobre custos de produção e, principalmente, consolidar a visão de que assistência técnica é um investimento”, resumiu.
Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reforçam a importância da assistência técnica. No país, 17.445 propriedades leiteiras são atendidas por programas de ATeG, resultando em um aumento de 7,8% na produtividade média diária por animal e de 7,8% no volume total de produção. Além disso, os produtores registraram crescimento de 11,8% na renda bruta, 12,9% na margem bruta e 3,1% no lucro da atividade.
Outra iniciativa em evidência é o Prêmio Queijos do Paraná, que chega à segunda edição em 2025, fortalecendo a valorização da produção artesanal e industrial de lácteos no Estado. Uma das novidades é o “Concurso Excelência em Muçarela – Edição Pizza”, que destaca a qualidade do produto na gastronomia. Para garantir um julgamento técnico qualificado, o Sistema FAEP investiu na formação de 120 jurados, consolidando o Prêmio Queijos do Paraná o único concurso do Brasil a oferecer esse tipo de capacitação.
Ações estaduais
Na sequência, o coordenador estadual de Bovinocultura de Leite do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Rafael Piovezan, apresentou o diagnóstico da cadeia produtiva do leite, elaborado a partir da demanda da Aliança Láctea. O levantamento foi conduzido por mais de 80 profissionais a campo, com entrevistas e questionários aplicados em 1.517 propriedades leiteiras. A base de dados será atualizada a cada dois anos, garantindo um acompanhamento contínuo do setor.
O estudo revelou que, no Paraná, entre as 32 mil propriedades que têm a atividade leiteira como principal fonte de renda, 79,4% produzem até 500 litros por dia. Além disso, 27% dos produtores não recebem assistência técnica, enquanto 55% manifestaram interesse em ampliar sua produção diária. “Precisamos de parcerias realmente fortes para continuarmos aprofundando esse trabalho, que é essencial para identificar as oportunidades e superar os desafios da cadeia”, elencou Piovezan.
Foram também apresentados os programas do IDR-Paraná voltados ao apoio aos produtores de leite, como o projeto Ordenha Limpa, Controle Leiteiro e Manutenção de Pastagens. Alves ressaltou ainda a parceria com a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) no controle de brucelose e tuberculose em municípios com baixos índices de vacinação, por meio de campanhas, incentivo à certificação e ações de educação sanitária.
Nesse contexto, o gerente de Saúde Animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias, detalhou o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT), vigente no Brasil desde 2002 e regulamentado de forma independente em cada Estado. No Paraná, todos os produtores e fornecedores de leite para laticínios são obrigados a realizar exames anuais de brucelose e tuberculose.
“A produção de leite oscila bastante por causa das crises, o que afeta a questão sanitária no campo. No entanto, vemos a preocupação dos produtores em manter a sanidade dos rebanhos. Apesar dos avanços do programa ao longo dos anos, a prevalência dessas doenças ainda não reduziu significativamente. Quanto menor a prevalência, mais desafiador se torna o trabalho, porque começa o processo de erradicação”, ressaltou. “O programa é uma engrenagem que envolve produtores, Adapar, Ministério da Agricultura, médicos veterinários e indústrias”, complementou.
O PNCEBT adota medidas compulsórias, como a vacinação de bezerras e o controle de trânsito, além de ações voluntárias, como a certificação de propriedades livres de brucelose e tuberculose. Segundo a Adapar, anualmente o Paraná registra cerca de mil casos positivos de tuberculose em bovinos e aproximadamente 200 de brucelose. Enquanto os focos de tuberculose permanecem estáveis desde 2014, os de brucelose tiveram uma redução significativa desde 2020, impulsionada pela restrição na entrada de bovinos, uma medida estratégica para a obtenção do status de área livre de febre aftosa sem vacinação.
Entre os desafios para o avanço do programa, Dias apontou falhas na execução dos testes diagnósticos e a oscilação na oferta de insumos e vacinas. “Precisamos evoluir na abordagem dessas doenças para alcançar a erradicação. Uma das principais mudanças que queremos implementar é o teste ELISA, permitindo reduzir a frequência de exames a campo e realizar a testagem diretamente no tanque de leite”, concluiu.
Encerrando a programação, o coordenador da Aliança Láctea, Airton Spies, apresentou o Plano de Desenvolvimento da Competitividade Global do Leite Sul-Brasileiro (PDCGL), um diagnóstico detalhado das fragilidades do setor, com diretrizes e ações estratégicas para fortalecer a cadeia produtiva nos próximos anos. O projeto foi desenvolvido de forma colaborativa por lideranças do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Fonte: Sistema FAEP
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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