Amplamente difundido no Brasil, esse cruzamento continua a ser uma escolha viável, especialmente em sistemas de pastejo; confira os destaques do Sinjer
O Sinjer, antes conhecido como Jerdi, é o resultado do cruzamento entre as raças Sindi e Jersey. Esse cruzamento já acontece há décadas, com o objetivo de unir a rusticidade do Sindi à alta produção de leite da Jersey, mas foi a partir de 2022 que ele ganhou destaque com o nome Sinjer, consolidando-se como uma alternativa para melhorar a eficiência na produção leiteira.
A integração da genética de corte em rebanhos leiteiros, representada pelo Programa Beef-on-Dairy, está revolucionando a pecuária brasileira. O conceito envolve o uso de genética de raças de corte, como Angus, em vacas leiteiras. Nos Estados Unidos, cerca de 84% do sêmen de corte vendido em 2023 foi utilizado em vacas de leite.
Essa prática, promove uma alternativa de alta rentabilidade para produtores de leite, permitindo que maximizem o uso de suas vacas com o cruzamento de genética de corte, resultando em animais destinados à produção de carne premium.
No caso do Jersey e Sindi existe outra vantagem, como as duas raças possuem um porte menor, o acasalamento passa ser mais interessante e não traz preocupações na hora do parto. A produção de bezerros e bezerras sai bem padronizada e uniformidade do lote.
“O cruzamento começou há muitos anos atrás, inclusive com o nome de Jerdi, só os produtores acima da casa dos cinquenta anos irão lembrar. Muito difundido no país, era um cruzamento que dava facilidade de parto, e gerava uma padronização muito grande nas bezerras e bezerros. Hoje ainda é usado, com outro nome, agora é Sinjer e estamos observando fazendas com muita produção de leite utilizando esse cruzamento, principalmente no sistema de pastejo, outras levaram os animais para sistemas intensivos como o compost barn” – disse o zootecnista Guilherme Marquez.
De forma resumida, o Sinjer pode trazer os seguintes aspectos para o seu rebanho:
- Rusticidade: O Sindi oferece alta resistência a climas quentes e secos, ideal para o semiárido.
- Qualidade do leite: O leite do Sinjer tem alto teor de sólidos, perfeito para queijos, além de ser A2, mais saudável e fácil de digerir.
- Facilidade no parto: O porte menor das raças facilita o manejo e o parto, trazendo tranquilidade para os criadores.
- Qual raça devo usar sobre as minhas F1 Sindi-Jersey?
O cruzamento entre Sindi e Jersey foi praticado por décadas, mas ganhou relevância mais recentemente, especialmente com criadores como Mônica Angeletti, que começaram a apostar no Sinjer em 2022. O nome Sinjer reflete a consolidação dessa combinação de rusticidade e produtividade.
A criadora Mônica Angeletti procurava um touro que pudesse cobrir as vacas Jersey das fazendas de Teresópolis/RJ e de Lima Duarte/MG sem dar problemas de parto. Ao pesquisar entre as diversas raças, descobriu o Sindi e adquiriu o seu primeiro touro. “Foi amor à primeira vista. Fui observando a docilidade, conhecendo a raça e me apaixonando. E resolvi comprar umas vacas para dar início à criação”, conta a proprietária do Sindi Canto da Mata.
“Primeiramente, comecei a usar o Sindi nas Jersey para aproveitar melhor os bezerros, pois minha região não é leiteira. Logo depois vi que, no futuro, o Sinjer seria meu novo plantel por se tratar de vacas mais resistentes a doenças, mais rústicas, e que também dariam um bom leite”, pontua. Em seguida, buscou por um touro de repasse de aptidão leiteira e começou a inseminar as vacas Jersey com o Sindi. E o resultado a deixou encantada.
“O Sindi imprime muito suas características no Sinjer. Cor, docilidade, musculatura. A heterose é maravilhosa! São animais rústicos, resistentes a doenças e carrapatos, e com uma conversão alimentar espetacular. Não me dão trabalho algum, só alegria”, elogia Mônica, que vende os bezerros para recria e mantém as fêmeas no plantel leiteiro. O trabalho com o Sindi e seus cruzamentos é recente na propriedade. “Meu plantel ainda é pequeno. Tenho 23 animais PO, 45 receptoras Sindinel, já com Fertilização in Vitro, aguardando DG (Diagnóstico de Gestação). Em 2023, fiz investimentos em doadoras e, agora, estou trabalhando para criar um rebanho com o melhor da genética do Sindi e apostando na criação de Sinjer também”, revela.
O projeto com o Sinjer no criatório começou em 2022 e os bezerros mais velhos nasceram há um ano. “Ainda não tenho resultados de gestação, parição e leite, mas tenho de heterose. São animais maravilhosos, rústicos, mega mansos, muito bons de lidar. Zero carrapato, zero tristeza parasitária, zero problema. É tudo de bom com a bezerrada!”, ressalta.
No criatório, há vacas Sindi que atualmente dão 10 litros de leite. Mas a grande aposta para a produção da propriedade é o Sinjer. “A meu ver, o Sinjer vai se tornar uma raça leiteira rústica, para aqueles produtores que preferem aumentar seu plantel a ter doenças. As vacas Jersey e holandesa são muito sensíveis. E o Sinjer veio para brigar com o mercado da Girolanda. Sua rusticidade e o leite A2 de qualidade com alto teor de sólidos agradam demais”, conta Mônica, cuja ideia é formar um plantel de vacas Sinjer 1/2 e 3/4.
E, assim que concluir as obras para melhorar a estrutura na fazenda, que incluem um curral novo para o Sinjer, pretende começar a fazer o controle leiteiro. “Precisamos medir para podermos melhorar o nosso plantel. Por isso, esse controle é mega importante, nos permite verificar os ganhos genéticos dos cruzamentos e do nosso trabalho de melhoramento”, declara. “Estou investindo na raça e em seus cruzamentos porque acredito nela. E quem cria, se apaixona. O Sindi vai crescer muito no Brasil nos próximos anos”, conclui Mônica Angeletti.
Abaixo podemos observar uma vaca Sinjer recém-parida dando muito leite.
Já na foto abaixo, podemos ver uma fêmea Sinjer 1/2 sangue (Sindi x Jersey) excelente para o semiárido, rusticidade, leite de baixo custo, excelente qualidade, com elevados teores de sólidos totais. Seleção Sindi DUV – Fazenda Vale do Sindi – Limoeiro do Norte/CE.
Essa união de força e eficiência torna o Sinjer a escolha perfeita para sistemas de pastejo e regiões com condições desafiadoras.
Com informações do perfil Made in Zootecnia e Revista Sindi
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