“Grande parte desse volume são de recursos livres, ou seja, taxas praticadas pelo mercado normal. Não são taxas controladas pelo Plano Safra. Isso traz um ponto de atenção, principalmente para quem for buscar esse recurso”, analisa Turra.
O Plano Safra 2023-2024 foi anunciado pelo Governo Federal nesta semana. O montante de recursos reservado para o agronegócio brasileiro é recorde. E o Caminhos do Campo foi verificar como as lideranças paranaenses do ramo receberam o anúncio. “Quando comparado com o ano passado há uma elevação significativa”, comenta o analista de desenvolvimento técnico da Ocepar, Salatiel Turra.
O pacote anunciado para pequenos produtores é de 77 bilhões de reais – 30% a mais do que no plano anterior. Já para médios e grandes agricultores, o montante é de 364 bilhões de reais. Um aumento de 27% em relação à safra passada. Para o setor, os valores são considerados bons.
“É interessante porque os custos de produção aumentaram muito nas últimas safras, então havia necessidade de atualização desses valores”, avalia o coordenador técnico do Sistema FAEP/SENAR, Jefrey Albers.
Dos 364 bilhões de reais, 272 bilhões estão destinados para custeio e comercialização e 92 bilhões para investimentos. “Dentro do quadro de apertos que o Governo Federal tinha do ponto de vista fiscal, de achar recursos para fazer o rebate dos juros, nós achamos que saiu até um plano bastante coerente com as necessidades da nossa agricultura, tendo obviamente a consciência que o Plano Safra acaba financiando cerca de um terço das necessidades da agricultura brasileira”, expõe o secretário de agricultura e abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara.
Com relação às taxas de juros, para médios e grandes produtores, variam entre 8% e 12,5% ao ano. Já para pequenos produtores, da agricultura familiar, os juros caíram de 5% para 4% ao ano. “Grande parte desse volume são de recursos livres, ou seja, taxas praticadas pelo mercado normal. Não são taxas controladas pelo Plano Safra. Isso traz um ponto de atenção, principalmente para quem for buscar esse recurso”, analisa Turra.
E Albers acrescenta: “o que precisa é que o Governo tenha recursos para a equalização das taxas de juros no momento das contratações. E é esse volume de recursos que nos preocupa, se estará disponível quando o produtor buscar os financiamentos”.
Uma novidade neste ano é que quem utiliza práticas sustentáveis tem maior redução nos juros. “O produtor consegue ter desconto nessa taxa de juros dependendo da adoção de práticas, de até 1%”, explica.
E Turra comenta: “traz um ânimo para que ele possa investir cada vez mais e além de tudo consiga preservar o meio ambiente”.
No Paraná, o plantio da nova safra de soja começa em setembro, mas desde já os agricultores estão planejando a compra de insumos. Para isso, também vão em busca do dinheiro para custear a safra.
O agricultor Alci Fragoso da Costa planta em 116 hectares no município de Lobato, no norte do estado. Financia toda a lavoura e, como se enquadra como médio produtor, irá pagar juros de 8% ao ano. A preocupação é saber se haverá dinheiro para todos.
“A gente tem que correr contra o tempo. Ano passado houve uma escassez de recursos. Eu consegui aos 46 do segundo tempo, quase fiquei sem. Então, assim que abre a gente já corre ao banco para garantir”, diz.
Fonte: G1
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