Raças taurinas da pecuária brasileira que você não conhecia

Enquanto as raças zebuínas, como Nelore e Brahman, dominam o cenário nacional, existem raças taurinas autóctones que são fundamentais para a preservação genética e cultural da pecuária.

A pecuária brasileira é um dos pilares da economia do país, com destaque mundial pela sua produção de carne bovina. Essa tradição, que remonta aos tempos coloniais, evoluiu ao longo dos séculos, incorporando tecnologias e novas práticas de manejo. No entanto, enquanto as raças zebuínas, como Nelore e Brahman, dominam o cenário nacional, existem raças taurinas autóctones que são fundamentais para a preservação genética e cultural da pecuária.

Dentre essas, destacam-se o Curraleiro Pé-Duro, o Pantaneiro e o Crioulo Lageano, cada uma com características singulares e uma história rica de adaptação ao ambiente brasileiro. Nesse conteúdo, o Compre Rural vai apresentar sobre as raças taurinas, trazendo informações sobre a criação, adaptação e produtividade.

Curraleiro Pé-Duro: resistência e rusticidade no sertão

O Curraleiro Pé-Duro é uma das raças taurinas mais antigas do Brasil, originária do sertão nordestino. Conhecido por sua extraordinária resistência ao clima árido e às condições adversas, o Curraleiro Pé-Duro é valorizado por sua rusticidade, sendo capaz de sobreviver com pouca água e pastagens de baixa qualidade.

A região de maior criação dessa raça é o Nordeste, especialmente nos estados do Piauí e Maranhão, onde o Curraleiro se destaca pela sua adaptação ao semiárido. Embora não seja uma raça conhecida pela alta produtividade de carne, a qualidade da carne do Curraleiro Pé-Duro é apreciada por ser magra e saborosa.

A Associação Brasileira dos Criadores de Curraleiro Pé-Duro (ABCCPD) desempenha um papel crucial na preservação e promoção dessa raça, incentivando a criação e o manejo sustentável para garantir a continuidade dessa linhagem histórica.

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Foto: Roberto Barcellos

Pantaneiro: a força bruta do Pantanal

O Pantaneiro, como o nome sugere, é uma raça taurina adaptada às condições úmidas e alagadiças do Pantanal, uma das maiores áreas úmidas do mundo. Esses bovinos são conhecidos por sua capacidade de se mover com agilidade em terrenos difíceis, característica essencial para sobreviver nas planícies inundáveis.

Predominantemente criado na região do Pantanal, que abrange partes dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o Pantaneiro se destaca por seu desempenho em sistemas de produção extensivos. Embora não seja uma raça de alta produção de carne, os animais Pantaneiros são valorizados pela resistência a parasitas e pela longevidade.

A Associação Brasileira de Criadores de Gado Pantaneiro (ABCGP) é responsável por proteger a raça e promover práticas que mantenham sua relevância no cenário da pecuária, sempre com foco na conservação do bioma Pantanal.

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Foto: Raquel Brunelli

Crioulo Lageano: um símbolo dos campos de Santa Catarina

O Crioulo Lageano é uma raça taurina típica da região sul do Brasil, mais especificamente dos campos de altitude de Santa Catarina. Esse bovino é conhecido pela sua resistência ao frio e pela capacidade de se adaptar a pastagens nativas, sendo um símbolo da cultura campeira da região.

A região de maior criação do Crioulo Lageano é a Serra Catarinense, onde essa raça é tradicionalmente utilizada em sistemas de produção de carne. Embora a produtividade de carne do Crioulo Lageano não seja comparável às raças comerciais, a carne produzida é reconhecida pela sua qualidade e sabor.

A Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Crioulos Lageanos (ABCBCL) trabalha para preservar essa raça única, promovendo eventos e feiras que ajudam a valorizar e divulgar as características singulares do Crioulo Lageano.

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Foto: Alexandre Floriani

Preservando a diversidade genética da pecuária brasileira

As raças Curraleiro Pé-Duro, Pantaneiro e Crioulo Lageano são muito mais do que simples variedades de gado; elas representam a história, a cultura e a diversidade genética da pecuária brasileira. Cada uma, com sua história de adaptação e resistência, contribui para a riqueza do patrimônio pecuário nacional, mostrando que, mesmo em um cenário dominado por raças de alta produtividade, há espaço e necessidade para a preservação dessas linhagens que carregam consigo o legado de nossos antepassados.

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