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Entenda como as características da raça bovina influenciam – ou não – a maciez, suculência e valor nutricional da carne, e descubra quais fatores realmente fazem a diferença no produto final
A discussão sobre a influência da raça bovina na qualidade da carne ganha novos contornos quando analisada do ponto de vista zootécnico e nutricional. Com a grande diversidade de raças disponíveis no Brasil, principalmente entre os grupos de zebuínos (como o Nelore, Brahman e Gir) e taurinos (como o Angus, Hereford e Charolês), as diferenças na composição da carne e nos atributos sensoriais – como marmoreio, maciez e suculência – se tornam temas centrais para pecuaristas e consumidores.
No vídeo divulgado pelo Canal do Pecuarista, do Canal Rural, com o título: “Raça do Bovino Influencia na Qualidade da Carne?”, a nutricionista Letícia Moreira desmistifica a ideia de que a raça é o fator principal para determinar a qualidade da carne. [Veja o vídeo completo ao final do conteúdo]
Para a nutricionista, do ponto de vista nutricional, Letícia destaca que as diferenças entre as raças zebuínas e taurinas são mínimas. “A carne de qualquer raça é uma excelente fonte de proteínas de alta qualidade, ferro e vitamina B12, essenciais para a saúde humana”, explica. No entanto, as características sensoriais da carne variam entre os grupos.
Diferenças Zootécnicas entre Zebuínos e Taurinos
Os bovinos zebuínos, como o Nelore, são conhecidos pela sua resistência ao clima quente e pela adaptação ao manejo a pasto, características que fazem deles a base da pecuária brasileira. No entanto, suas carnes tendem a ser mais magras e com menor teor de marmoreio, o que pode resultar em uma textura ligeiramente mais firme. Isso ocorre porque essas raças possuem maior desenvolvimento muscular e uma distribuição de gordura mais superficial, o que gera carnes mais “secas” e menos macias. Porém, cabe ressaltar que o melhoramento genético vem mudando essa realidade, mas esse tema será discutido em outra oportunidade.
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Por outro lado, os bovinos taurinos, como o Angus e o Hereford, originários de climas temperados, são reconhecidos pela sua carne com maior marmoreio, ou seja, maior infiltração de gordura entre as fibras musculares. Esse marmoreio contribui para uma carne mais macia, suculenta e saborosa, qualidades muito apreciadas, especialmente no mercado gourmet. Do ponto de vista zootécnico, o Angus é frequentemente utilizado em cruzamentos industriais no Brasil justamente para melhorar essas características em carcaças de zebuínos, resultando em animais mais adaptados ao clima e com carne de qualidade superior.
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Impactos na Qualidade da Carne
Apesar dessas diferenças notáveis em textura e sabor, a qualidade nutricional da carne não muda significativamente entre raças zebuínas e taurinas. A principal distinção está nos atributos sensoriais, ou seja, na experiência que o consumidor tem ao degustar a carne. Como ressalta Letícia Moreira, o consumidor deve se guiar mais pelo frescor e manejo do rebanho do que pela raça específica. Fatores como alimentação, confinamento ou criação a pasto, e até mesmo a forma como o animal é abatido, têm um impacto direto na qualidade da carne.
“No Brasil, grande parte da carne de raças zebuínas, como a Nelore, domina as prateleiras dos supermercados, especialmente em regiões onde a criação extensiva é predominante”, explica Letícia durante o vídeo ao Canal do Pecuarista. Já as carnes de raças taurinas, como o Angus, são mais comumente encontradas em cortes premium e em restaurantes especializados. A carne mais marmorizada das raças taurinas é bastante valorizada pelo mercado, mas a escolha entre um corte mais magro ou mais suculento deve estar alinhada ao gosto pessoal e ao estilo de vida de cada consumidor.
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Fatores que Realmente Importam
No entanto, Letícia reforça que, independentemente da raça, o foco do consumidor deve ser na procedência e no manejo da carne. Um animal bem cuidado, com alimentação de qualidade e manejo adequado, oferecerá um produto final superior, independentemente de ser um zebuíno ou taurino. A raça pode influenciar alguns atributos sensoriais, mas aspectos como a alimentação balanceada e o processo de abate humanitário garantem uma carne segura e nutritiva.
Em resumo, a raça do bovino pode influenciar a experiência gastronômica, mas não é o fator determinante na qualidade nutricional da carne. “O consumidor precisa estar atento a fatores como a origem da carne, o tipo de manejo e o frescor do produto. Afinal, é isso que realmente faz diferença na mesa”, finaliza Letícia.
Este conteúdo traz uma visão mais técnica e abrangente sobre o impacto da raça na qualidade da carne, auxiliando o consumidor a fazer escolhas mais conscientes e embasadas nas características sensoriais e no manejo do produto.
Vídeo: “Raça do Bovino Influencia na Qualidade da Carne?
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