
Raça de origem africana está prestes a chegar no Brasil; o potencial o Boran pode impulsionar a pecuária de corte brasileira
A pecuária de corte brasileira, reconhecida mundialmente por sua eficiência e escala, está sempre em busca de genéticas que combinem rusticidade, produtividade e adaptação ao clima tropical. Nesse contexto, a raça Boran, originária da África Oriental, surge como uma opção promissora para diversificar e fortalecer o rebanho nacional, especialmente por seu parentesco com o Nelore e suas qualidades excepcionais.
O Brasil está próximo de ter acesso a essa genética, a empresa Boran Paraguay, através de parcerias com o Ministério de Pecuária do Paraguai, em conversa com o governo brasileiro está viabilizando a entrada de genética da raça no país.
“Há dois anos trabalhamos na exportação de material genético para o Brasil. O protocolo sanitário entre Brasil e Paraguai para intercâmbio de genética foi aprovado no início de 2024. Já cumprimos todos os exames exigidos e as quarentenas das doadoras para coleta de embriões. Agora aguardamos apenas o reconhecimento oficial da raça Boran pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).” – declarou Petrus Brits, administrador da Boran Paraguay.
Segundo ele, a empresa também conseguiu apoio da Associação Rural do Paraguai, que enviou uma nota formal ao MAPA manifestando o interesse na introdução da raça e destacando os benefícios que o Boran pode trazer para a pecuária brasileira. “Neste momento, estamos somente esperando o aval final por parte do governo brasileiro” – ressaltou o empresário.
Os criadores do país vizinho visitaram o continente africano para conhecer a raça pela primeira vez em 2008, retornando em grupo em 2011. Após concluir os trâmites burocráticos, a empresa conseguiu importar oficialmente a genética em 2012.
Desde então, o trabalho de melhoramento genético da raça, adaptado ao clima da América do Sul, avançou significativamente. Atualmente, o rebanho já ultrapassa 2.000 animais.
Petrus admite que a motivação para trazer a raça africana foi estritamente produtiva. “As características mais destacadas são: conversão alimentar eficiente, vigor híbrido nos cruzamentos e transmissão de musculatura aprumada e estrutura compacta. Mas o diferencial absoluto é sua resistência natural a carrapatos”, explicou o pecuarista.
Com base na experiência prática com o rebanho Boran, Petrus destaca que a musculatura desenvolvida e a estrutura compacta da raça contribuem para uma terminação mais rápida dos animais, elevando significativamente a produção de carne por hectare.
“Nosso trabalho com a raça demonstrou que as vacas Boran são capazes de desmamar bezerros com mais de 50% do seu próprio peso corporal, comprovando sua excepcional habilidade materna”, ressaltou o pecuarista.
Qualidades da Raça Boran
Duas das principais qualidades da raça é sua rusticidade e adaptação, desenvolvida em regiões áridas da Etiópia e do Quênia, a Boran é resistente a doenças, parasitas e condições climáticas adversas, características essenciais para o Brasil, onde desafios como secas e calor intenso são comuns. Seu parentesco com o Nelore (ambas descendem do Bos indicus) facilita a integração em sistemas de cruzamento, mantendo a adaptação ao trópico.
Outro destaque é sua eficiência alimentar e precocidade, os exemplares da raça convertem pasto de baixa qualidade em carne com eficiência, reduzindo custos de suplementação. Os bezerros atingem o peso de abate mais rápido que muitas raças europeias, encurtando o ciclo produtivo, suas mães, as matrizes são conhecidas por sua longevidade e habilidade materna, com altas taxas de prenhez mesmo em condições adversas.
Atualmente o Brasil encontrou um ótimo nicho de mercado para a carne de cruzamento industrial. Normalmente as novilhas F1, resultado do cruzamento de Nelore com raças taurinas/europeias, são usadas para produção de carne premium de qualidade superior. A carne Boran é marmorizada e macia, atendendo a mercados premium.
A composição genética da raça Boran é de 64% Bos indicus, 24% Bos taurus europeu (onde geralmente se encontra a maior qualidade de carne) e 12% Bos taurus africano — o que explica a maciez e o bom marmoreio da carne Boran
A introdução da raça no Brasil pode diversificar a genética nacional, reduzindo a dependência de poucas raças e aumentando a resiliência do rebanho. A raça também pode atender nichos de mercado que valorizam carne de origem sustentável e adaptada a sistemas extensivos, melhorando a produtividade em regiões como o Nordeste, onde a rusticidade é crucial.

A raça Boran, com seu legado africano e afinidade com o Nelore, tem potencial para se tornar uma aliada estratégica da pecuária brasileira, combinando produtividade com adaptação. Em um cenário de demanda global crescente por proteína animal, investir em genéticas inovadoras como a Boran pode consolidar ainda mais o Brasil como líder do agronegócio pecuário.
O programa de melhoramento genético da raça, desenvolvido no Paraguai, é conduzido exclusivamente em sistema de pastejo, viabilizado pelas características intrínsecas do Boran — como rusticidade e eficiência alimentar. Essa abordagem não apenas reduz custos operacionais, mas também reforça a sustentabilidade da produção, alinhando-se às demandas por sistemas pecuários mais eficientes e de menor impacto ambiental.

Os criadores do Boran Paraguay trabalham com venda de sêmen, embriões, fêmeas (para serviço e prenhes) e touros reprodutores. Você pode ter acesso a essa genética, fale com o setor comercial da empresa diretamente pelo WhatsApp, clicando aqui.
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