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A quadrilha utiliza ‘bois fantasmas’ em esquema de venda de gado e roubo em propriedades rurais; Já foram mais de R$ 2,5 milhões em gado roubado!
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Uberaba, deflagrou nesta última quinta-feira (4/3) a operação “Baby Beef”, com o objetivo de desmantelar um esquema criminoso de compra e venda de gado fruto de roubo em diversos estados brasileiros.
Até o momento, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão e dois de prisão, além do bloqueio de R$ 1 milhão nas contas de alguns dos investigados em razão de indícios de lavagem de dinheiro.
Segundo a polícia, o esquema empregado na operação era sofisticado e contava até com a presença de “bois fantasmas”, que são registros de animais que não existem fisicamente em fazendas administradas pelo bando.
Os acusados respondem por organização criminosa e delitos de falsidade documental, manipulação de informações em sistemas geridos pelo Poder Público, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
A primeira suspeita
A operação teve início após uma abordagem da Polícia Militar que constatou possíveis irregularidades no comércio e no transporte de gado realizados por um dos investigados.
“A partir das incongruências detectadas nessa abordagem, a Receita Estadual realizou análises complementares e levantou indícios criminais, repassados ao Gaeco [Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado] Uberaba, desencadeando um intenso trabalho investigativo, que acabou por desvendar o complexo esquema criminoso”, explica o órgão.
Ainda conforme o Gaeco, foram identificadas simulações de movimentações e alienações de gado, falsificações de documentos, compra e venda irregulares entre produtores de diferentes estados brasileiros, sendo o carro-chefe do esquema criminoso o uso de rebanho fantasma.
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Nesta atividade, os animais são registrados apenas de modo formal em nome dos produtores, mas inexistem na propriedade rural, gerando um enorme estoque virtual de documentos (GTA e Notas Fiscais de gado), que permitiram, principalmente, esconder a verdadeira procedência de animais negociados fora dos limites de Minas Gerais – sem nota, com notas falsas ou mesmo por meio de furto – sonegando-se o imposto devido.
Segundo as investigações, para obter êxito nos crimes, a organização criminosa contava com o apoio de uma pessoa com acesso a sistema público de defesa agropecuária, de um contador e, possivelmente, de agentes sindicais.
A investigação destaca que, apesar de Minas Gerais abrigar um dos maiores rebanhos bovinos do país, há tempos a economia mineira vem sendo prejudicada e os cofres do Estado comprometidos com o comércio clandestino de gado para abate remetido irregularmente para fora de Minas.
“Somente nos meses cobertos pela investigação, o grupo movimentou, em vendas, mais de R$ 2,5 milhões, dos quais pelo menos R$ 1 milhão não tinha nenhum lastro ou comprovante, sendo resultado de operações simuladas para sonegar o ICMS”.
A operação ocorreu em conjunto com a 3ª Companhia Independente de Polícia Militar, com sede em Iturama, no Triângulo Mineiro, com o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG), com a Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais e seu Núcleo de Acompanhamento Criminal em Uberaba, com o Gaeco da cidade de São Paulo, com o grupo Garra e a Divisão de Capturas da Polícia Civil do Estado de São Paulo.
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Origem do nome
O nome de batismo da operação,“Baby beef”, faz alusão ao abate de animais precoces nas pastagens no Triângulo Mineiro, que cruzam a fronteira do estado, de forma clandestina, para serem abatidos do outro lado, sendo empregado todo tipo de expediente – alguns graves, como os apurados – para suprimir o imposto devido.
A carne desses animais é conhecida por ser mais macia, “tal como o grupo investigado, que cometia seus atos ilícitos de modo macio, suave e tranquilamente, deturpando a ordem legal, documentos e sistemas de informações oficiais, despreocupados com a lei”, explica o Gaeco.