Protocolos hormonais para vacas de corte; veja qual utilizar

Os protocolos hormonais são sequências programadas de administração de hormônios sintéticos que regulam o ciclo estral das vacas

O sucesso de uma propriedade pecuária está intimamente ligado ao desempenho reprodutivo do rebanho. Em um setor onde a produtividade precisa andar lado a lado com a eficiência, garantir altas taxas de prenhez e ciclos reprodutivos organizados deixou de ser uma vantagem competitiva — hoje, é uma necessidade. Para atingir esse nível de controle e desempenho, os protocolos hormonais surgem como uma das ferramentas mais eficazes disponíveis.

Ao promoverem a sincronização do cio, esses protocolos permitem a realização de inseminações artificiais em larga escala, com melhor aproveitamento genético, otimização do manejo e maior retorno econômico por animal.

O que são os protocolos hormonais e por que utilizá-los?

Os protocolos hormonais são sequências programadas de administração de hormônios sintéticos que regulam o ciclo estral das vacas. Com eles, é possível controlar o momento da ovulação de forma artificial, o que facilita a aplicação de inseminação artificial em tempo fixo (IATF), sem a necessidade de observar o cio natural das fêmeas.

Na prática, isso representa:

  • Redução de custos com touros
  • Maior uniformidade dos lotes de bezerros
  • Melhor aproveitamento da genética de touros superiores
  • Diminuição dos intervalos entre partos
  • Facilidade de planejamento da estação de monta

Segundo dados da Embrapa Gado de Corte, rebanhos que adotam a IATF com protocolos bem estruturados podem alcançar taxas de prenhez superiores a 50% em uma única aplicação, índice muito superior ao observado em métodos tradicionais sem sincronização hormonal.

Conheça os protocolos hormonais mais utilizados

Cada protocolo tem indicações específicas, e a escolha deve levar em conta o perfil do rebanho, as condições do manejo e a expertise da equipe. A seguir, os mais recomendados por veterinários e técnicos reprodutivos no Brasil:

Ovsynch

Duração: Aproximadamente 10 dias
Indicação: Vacas em lactação, principalmente em sistemas intensivos
Vantagem: Permite inseminação em tempo fixo sem a necessidade de observação de cio

Crestar (progestágeno + estradiol)

Duração: 9 dias
Indicação: Fêmeas em anestro (sem manifestações de cio)
Vantagem: Alta taxa de sincronização mesmo em vacas com inatividade ovariana

Two-shot Prostaglandin

Duração: Entre 11 e 14 dias
Indicação: Vacas com ciclos reprodutivos regulares
Vantagem: Protocolo simples e de baixo custo, ideal para rebanhos com bom manejo reprodutivo

CIDR + GnRH + PGF2α

Duração: Cerca de 7 dias
Indicação: Diversos tipos de fêmeas, inclusive novilhas
Vantagem: Alta taxa de sincronização e previsibilidade na ovulação

O que avaliar na escolha do protocolo ideal?

Optar pelo protocolo certo exige um olhar técnico sobre vários aspectos do sistema de produção:

1. Condição corporal do rebanho
Animais com escore corporal entre 2,5 e 3,5 (em uma escala de 1 a 5) respondem melhor aos estímulos hormonais. Vacas magras ou obesas tendem a ter desempenho reprodutivo inferior.

2. Categoria animal
Novilhas, vacas primíparas e multíparas podem demandar protocolos diferentes, conforme sua maturidade fisiológica e estado reprodutivo.

3. Ambiente e clima
Estresse térmico pode comprometer a eficiência dos protocolos. Regiões muito quentes exigem cuidados extras com conforto térmico e hidratação dos animais.

4. Infraestrutura e mão de obra
Propriedades com boa estrutura de contenção e equipes bem treinadas têm maior sucesso na aplicação dos protocolos e realização da IATF.

5. Objetivo da estação de monta
A meta pode ser encurtar o período de serviço, concentrar os partos ou produzir bezerros mais pesados e uniformes para comercialização. Cada foco pode demandar um protocolo específico.

Dicas técnicas para potencializar os resultados

  • Planejamento antecipado: A estação de monta deve ser organizada com antecedência, prevendo aquisições de insumos, vacinas, medicamentos e revisão do rebanho.
  • Calendário reprodutivo: Estabeleça um cronograma preciso com as datas de aplicação de hormônios e inseminação. Erros de tempo comprometem todo o protocolo.
  • Tecnologia como aliada: Sensores de atividade, colares eletrônicos e softwares de gestão ajudam a identificar cio residual e avaliar o desempenho reprodutivo.
  • Exames complementares: O uso de ultrassonografia para diagnóstico precoce de gestação, avaliação de corpo lúteo e detecção de problemas uterinos é altamente recomendado.
  • Avaliação andrológica dos touros de repasse: Mesmo com IATF, touros são frequentemente utilizados no repasse. É essencial que estejam com fertilidade comprovada.

Os protocolos hormonais representam um divisor de águas na pecuária moderna. Eles conferem previsibilidade, eficiência e produtividade ao sistema reprodutivo bovino, sendo fundamentais para propriedades que buscam resultados consistentes e competitividade no mercado.

O uso dessas tecnologias, porém, deve ser respaldado por orientação técnica, análise econômica e uma visão estratégica do negócio. Quando bem aplicados, os protocolos hormonais não só aumentam o número de prenhezes — eles transformam o modo como a fazenda opera, integrando ciência e gestão ao dia a dia do campo.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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