
Desentendimento com a Cargill mobilizou classificador independente, envolveu boletim de ocorrência e pode resultar em ação judicial; Tudo após classificador terceirizado recusar a carga de soja, alegando impurezas e até mesmo a presença de insetos vivos.
Um desacordo comercial envolvendo a qualidade de uma carga de soja levou o produtor rural Rogério Krohling, da Fazenda Nossa Senhora da Conceição, em Diamantino (MT), a registrar um boletim de ocorrência contra a Cargill, uma das maiores multinacionais do setor do agronegócio.
A negociação da soja ocorreu por meio de uma operação de barter com a Nutrade, que posteriormente repassou a carga para a Cargill. Coube à empresa realizar a classificação do produto. Na sexta-feira (11 de abril), um avaliador da Geneslab — empresa terceirizada pela Cargill — reprovou a carga, alegando impurezas e até mesmo a presença de insetos vivos.
Krohling contestou de forma veemente o laudo:
“O produto estava em excelente qualidade para exportação, dentro das normas. Carregamos oito caminhões, mas o classificador não liberava os documentos para emitir a nota fiscal”, relatou ao portal Mídia News.
Reavaliação atestou a qualidade da soja
O produtor, que estava em outra propriedade a 300 km, teve que se deslocar para tentar resolver a situação. Sem sucesso com a Cargill, que se recusou a enviar outro avaliador, ele acionou a Aprosoja-MT, que disponibilizou um classificador independente no dia seguinte, sábado (12).
O novo laudo confirmou a boa qualidade da carga, contrariando a avaliação inicial. Ainda assim, a Cargill só liberou o envio na segunda-feira (14), depois de um impasse que durou o final de semana.
Durante o período, a empresa pressionou para que a carga fosse descarregada e limpa, sob custo de aproximadamente R$ 5 mil, o que gerou indignação por parte do produtor:
“Fui covarde de aceitar essa exigência. Levei a situação até o fim.”
Histórico de conflitos e possíveis medidas judiciais
Rogério Krohling afirma que essa não foi a primeira vez que episódios semelhantes aconteceram com produtores da região:
“Isso já aconteceu com vários produtores. Eles criam problemas para obter alguma vantagem. Há um histórico de reclamações no estado.”
Diante da falta de posicionamento oficial da Cargill e da condução do caso pela Geneslab — descrita como pouco solícita e geradora de conflito —, o produtor resolveu formalizar a situação na Polícia Civil e avalia ingressar com medidas judiciais.
“Não cabia a mim, produtor, resolver isso. A Cargill, uma multinacional, se omitiu completamente”, declarou.
O caso expõe um descompasso entre grandes empresas do agro e produtores rurais, gerando discussões sobre transparência nas classificações de grãos e garantia de direitos aos produtores nas operações de barter.
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