“Por que ainda temos um grande percentual de produtores não profissionais no ramo, e por que estes produtores insistem em seguir na atividade, contrariando a tudo e a todos?”
A muitos anos venho escutando, e em muitos casos até mesmo difundindo a ideia da profissionalização do produtor leiteiro. Em muitas ocasiões discutimos formas e novas técnicas para ajudar o produtor a chegar a este patamar. Comento que muitas vezes expressei a opinião que, produtores não profissionais, infelizmente estão destinados a parar com a atividade leiteira.
Pois bem, hoje, após alguns anos me dedicando ao trabalho com produtores leiteiros, em sua maioria pequenos produtores, vejo a atividade de uma forma um pouco distinta de como a via a algum tempo.
Após participar de um seminário, onde o tema tratado foi basicamente utilização de novas tecnologias para a produção leiteira e logo escutar de todos os palestrantes a ideia da profissionalização dos produtores e a consequente extinção dos não profissionais, algo me chamou a atenção.
Um fato que gostaria de compartilhar com todos que estão lendo minhas palavras, um detalhe que me fez pensar, uma pergunta na verdade:
“Por que ainda temos um grande percentual de produtores não profissionais no ramo, e por que estes produtores insistem em seguir na atividade, contrariando a tudo e a todos?”
Tentarei expor em breves palavras o que hoje penso sobre este tema. Convivendo com simples produtores que trabalham toda a vida em pequenos sítios, onde a principal fonte de renda são suas 10-15 vaquinhas leiteiras cultivadas com todo o apreço do mundo, além das hortaliças, galinhas, frutas e todas as riquezas que um sítio pode gerar, observando estas pessoas, hoje, eu as vejo como produtores e não como empresários.
Eis o ponto onde gostaria de chegar: tentamos a muitos extinguir o produtor rural e fazer nascer o empresário rural, este, que administra um tambo tecnificado com altos índices de produtividade, que maneja milhões, que gera emprego e renda, que trabalha visando crescimento e renda.
Em uma pesquisa que realizei com produtores que trabalho, perguntei a eles quais são seus objetivos para o futuro, como eles veem sua propriedade daqui a alguns anos e como gostariam de trabalhar no futuro.
Aproximadamente 50% das pessoas responderam que gostariam que as coisas continuassem da forma que estão, coincidentemente, muitos expressaram a tranquilidade e a qualidade em viver da forma que estão, sem preocupações e estreses, sempre usando como exemplo negativo algum parente ou amigo que possui um tambo grande com muitas vacas e muitas preocupações.
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O que gostaria de deixar bem claro aos amigos que estão compartilhando este pequeno texto comigo é que hoje, entendendo um pouco mais as pessoas, vejo que não devo mudar sua essência, devo sim ajudar ao máximo para que cada um, dentro das suas características, encontre a melhor forma de trabalhar e viver, fortalecendo o produtor como produtor e incentivando o empresário como empresário, afinal, em comum, todos nós fazemos parte da mesma família.
Fonte: MilkPoint