
A meta, prevista inicialmente para ser alcançada apenas em 2030, foi atingida antes do encerramento da safra 2023/2024, onde a produção recorde tornou o Brasil o maior exportador de algodão do mundo.
Pela primeira vez na história, o Brasil assumiu a liderança mundial nas exportações de algodão, superando os Estados Unidos. A meta, prevista inicialmente para ser alcançada apenas em 2030, foi atingida antes do encerramento da safra 2023/2024, em junho do último ano. O resultado é fruto de décadas de investimentos em tecnologia, qualidade e sustentabilidade na produção da pluma.
De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), safra de algodão 2023/2024 foi recorde no Brasil, com uma produção de mais de 3,7 milhões de toneladas. O país se tornou o maior produtor e exportador mundial de algodão, superando os Estados Unidos. As exportações superaram as estimativas que eram de 2,6 milhões de toneladas.
Segundo o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel, o Brasil vem trabalhando continuamente para aperfeiçoar seus processos, priorizando qualidade, rastreabilidade e sustentabilidade. Ele ressalta que o país, que há duas décadas era um dos maiores importadores mundiais da fibra, hoje assume uma posição de protagonismo global.
“A liderança no fornecimento mundial da pluma é um marco histórico, mas não é uma meta em si. Trabalhamos para sermos eficientes e sustentáveis, e o reconhecimento vem naturalmente”, afirmou Schenkel.
Apesar do avanço significativo, a Abrapa alerta que a manutenção do Brasil na liderança mundial pode variar a cada safra, uma vez que os Estados Unidos seguem como forte concorrente.
Indústria têxtil brasileira enfrenta desafios
Com a crescente produção de algodão, o Brasil também precisa superar desafios internos, especialmente na indústria têxtil nacional, cujo consumo tem se mantido estagnado entre 700 mil e 750 mil toneladas de pluma por ano. O setor busca soluções para elevar a produção de fios e tecidos para 1 milhão de toneladas anuais.
Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), defende a necessidade de fortalecer o mercado interno para reduzir a dependência das exportações. “É preciso criar incentivos para o consumo de produtos têxteis nacionais e combater a concorrência desleal de importações, que chegam com custos mais baixos e menos tributação”, afirmou.
Qualidade do algodão brasileiro atrai compradores internacionais
A qualidade da pluma brasileira tem sido um diferencial competitivo no mercado global. Sua resistência, espessura e comprimento atendem aos altos padrões da indústria têxtil em diversos países. Por isso, compradores estrangeiros têm vindo ao Brasil para conhecer de perto a produção.
“Depois de ver pessoalmente, posso dizer que é uma qualidade extremamente superior“, afirmou uma compradora de Bangladesh. Um comprador paquistanês também destacou sua surpresa com a estrutura produtiva brasileira: “Fiquei impressionado com a capacidade de plantio e a quantidade de tecnologia utilizada”.

Atualmente, o algodão brasileiro é exportado para mais de 150 países, e a expectativa é conquistar ainda mais mercados. Para garantir a confiança dos clientes internacionais, os lotes passam por rigorosos testes em laboratórios especializados, onde recebem selos de qualidade.
Pesquisa e inovação garantem crescimento sustentável
A expansão da produção nacional tem sido sustentada por investimentos em tecnologia e melhoramento genético. Empresas como a que atua em Trindade, Goiás, desenvolvem variedades de algodão adaptadas às diversas regiões do país, buscando altas produtividades e fibras de qualidade superior.
“Trabalhamos para desenvolver plantas que se adaptem melhor ao solo e ao clima brasileiro, aumentando produtividade e qualidade”, explicou Reginaldo Roberto Luders, gerente de Melhoramento de Algodão.
O gerente de Marketing de Cultivo do Algodão, Warley Palota, reforça que cada etapa da produção impacta diretamente os resultados. “Desde a seleção da variedade, o preparo do solo, manejo, colheita e beneficiamento, tudo influencia a qualidade do algodão que chega ao mercado”, disse.
O Brasil no topo da exportação mundial
Se depender do empenho dos produtores e da evolução da cadeia produtiva, o Brasil deve seguir como referência mundial no algodão por muitos anos. “O algodão brasileiro tem qualidade e tem preço, o que nos torna altamente competitivos”, afirmou Carlos Moresco, produtor rural.
O avanço da produção nacional representa não apenas um crescimento econômico para o setor, mas também uma afirmação da capacidade do Brasil de liderar mercados globais. O desafio agora é manter esse patamar e consolidar-se como o maior exportador mundial de algodão de forma consistente.