A lenta retomada da produção nesta primavera tem dificultado a previsão de oferta e gerado especulações entre agentes do setor, causando uma estabilidade nos preços do leite!
Os preços do leite pagos ao produtor apresentam tendência sazonal de queda a partir de setembro, devido ao aumento da produção no Sul do País e ao retorno das chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste.
No entanto, neste ano, o movimento do mercado está atípico para o período. De acordo com a pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o preço pago ao produtor em setembro, referente ao leite entregue em agosto, registrou alta de 2% – ou 3 centavos – na “Média Brasil” líquida1, atingindo R$ 1,3728/litro, em termos reais (deflacionado pelo IPCA de setembro/19).
A expectativa de agentes do setor é de que, em outubro, os preços se mantenham estáveis. Apesar da elevação da captação no Sul em agosto (que empurrou o Índice de Captação Leiteira – ICAP-L para registrar alta de 7,7% frente ao mês anterior), o volume de leite não foi suficiente para abastecer o mercado.
Agentes relataram que o atraso das chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste contribuiu para limitar o crescimento da oferta, o que intensificou a concorrência dos laticínios pela compra de matéria-prima, criando um cenário pontual e atípico de valorização para os derivados lácteos em agosto e para o preço do leite no campo em setembro.
A lenta retomada da produção nesta primavera tem dificultado a previsão de oferta e gerado especulações entre agentes do setor. Havia a expectativa de que, em setembro, a captação se elevaria substancialmente, o que ajudou a reduzir os preços do leite spot (negociado entre indústrias) e levou atacadistas a pressionar as cotações dos derivados lácteos.
Em Minas Gerais, o preço do leite spot caiu 6,3% de agosto para setembro, chegando a 1,4433/l. O UHT e a muçarela negociados no atacado paulista se desvalorizaram 2,41% e 3,59%, respectivamente. Para lidar com o consumo enfraquecido, as empresas mudaram suas estratégias de processamento e operaram com estoques justos durante o mês de setembro.
A maior exportação de leite em pó também colaborou para drenar volumes da indústria. Mesmo com a queda nos preços de derivados e do spot, os laticínios mantiveram as negociações de outubro em patamares próximos aos observados em setembro devido à competição por matéria-prima.
É importante lembrar que os preços do leite no campo são influenciados pelos mercados de derivados e spot, com atraso de um mês nesse repasse de tendência. Isso quer dizer que o preço pago ao produtor em novembro (relativo à captação de outubro) é influenciado pelas cotações dos derivados e do spot de outubro.
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Leite Spot
Em outubro, o mercado de leite spot registrou altas brandas dos preços negociados nos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo, devido à queda expressiva do volume ofertado, ao mesmo tempo em que a demanda reagiu na segunda metade do mês. Em Goiás, o preço atingiu R$ 1,4345/litro (aumento de 0,7%); em Minas Gerais, R$ 1,4306/litro (alta de 1,7%), e em São Paulo, R$ 1,4566/litro (alta de 3%).
Por Natália Grigol e Juliana Santos (Cepea)