Órgão das Nações Unidas alerta para riscos à segurança alimentar em países como Etiópia, Somália e Quênia, caso a situação não seja controlada.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) reforçou nos últimos dias o alerta sobre a proliferação de gafanhotos que atinge áreas rurais em países do leste africano, como Etiópia, Quênia e Somália. Em comunicado recente, a instituição manifesta preocupação com a possibilidade de a praga se espalhar por outros países, se não for feito um controle eficiente.
“Tornou-se uma situação de dimensões internacionais que ameaça a segurança alimentar de toda essa sub-região”, afirmou o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, no comunicado, acrescentando que a instituição tem adotado mecanismos de ação coletiva para lidar com o que chama de crise.
As nuvens de gafanhotos podem percorrer 150 quilômetros em um dia.
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Na avaliação da FAO, a situação atual é sem precedentes. Segundo a agência das Nações Unidas, as nuvens de gafanhotos podem ter milhões de insetos e conseguem se mover por cerca de 150 quilômetros em um dia. A avaliação é de que o clima na região leste da África favorece a reprodução dos insetos, cuja infestação está maior e mais rápida que a capacidade das autoridades de lidar com o problema.
Na bíblia, os gafanhotos, são a oitava praga do Egito – “Nesta praga, pela oitava vez o Senhor tocou no povo egípcio a fim de fazer justiça e libertar seu povo; enviou um vento que passou seguido de inúmeros gafanhotos devorando muito do que possuía o faraó. Mais uma vez ele cedeu, mas somente até a praga cessar”.
Ataque de gafanhotos na África é situação sem precedentes
Ainda conforme a agência, considerando o tamanho das nuvens, o controle aéreo é a única maneira efetiva de se reduzir a população de gafanhotos. Essas operações precisam aumentar rapidamente na Etiópia e no Quênia. Nas estimativas mais conservadoras da FAO, são necessários cerca de US$ 70 milhões para controlar a praga e garantir a subsistência nos países mais afetados.
“As comunidades da África Oriental já têm sido afetadas por longas secas, que comprometeram sua capacidade de produzir alimentos e viver. Precisamos ajudá-las a se reerguer assim que os gafanhotos irem embora”, diz Dongyu.
O diretor de emergências da FAO, Dominique Burgeon, reforça o alerta e a necessidade de ação. “Estamos em uma região onde 11 milhões de pessoas estão sob a ameaça de insegurança alimentar. Portanto, temos que fazer todos os esforços possíveis”, diz ele, em Lengusaka, no Quênia.
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Também de acordo com a FAO, nuvens de gafanhotos têm sido detectadas desde junho do ano passado em países como Índia, Irã e Paquistão. E que alguns desses enxames migraram para a área mais ao sul do território iraniano, onde encontraram situação favorável à sua reprodução. Situação semelhante tem sido identificada no Egito, Eritreia, Arábia Saudita, Sudão e Iêmen.
“A FAO está monitorando de perto todas essas situações e está ativamente engajada para dar suporte às respostas de todos esses países à ameaça dos gafanhotos”, diz o comunicado.
Confira algumas imagens gravadas por uma TV local do Kenya.