Diferente do que muitos pensam, não se trata de estética ou tradição: a ferradura é um componente técnico crucial para a saúde, o desempenho e a longevidade do animal
Embora seja comum ver cavalos usando ferraduras, poucos sabem, de fato, por que essa prática é essencial — e o que está em jogo quando ela é negligenciada. Diferente do que muitos pensam, não se trata de estética ou tradição: a ferradura é um componente técnico crucial para a saúde, o desempenho e a longevidade do animal.
Afinal, o casco do cavalo funciona como uma verdadeira “ferramenta biológica”, que suporta todo o peso do corpo, absorve impactos e garante a locomoção em diferentes tipos de terreno. Sem a proteção adequada, os riscos de desgaste excessivo, lesões e problemas posturais se multiplicam, afetando diretamente o bem-estar do animal e a eficiência do trabalho no campo ou no esporte.
Neste artigo, você vai entender o papel das ferraduras com base em fundamentos anatômicos, dados técnicos e práticas do manejo moderno, quando elas são indispensáveis e em que situações podem ser evitadas.
A anatomia do casco e a necessidade de proteção
O casco do cavalo é composto por tecidos queratinizados, como nossas unhas, mas com função de sustentação, absorção de impacto e impulso na marcha. Ele cresce, em média, de 8 a 10 milímetros por mês, e se desgasta naturalmente em ambientes selvagens, onde o cavalo percorre até 20 km por dia em solos variados.
Já em condições de domesticação, com pisos duros (como concreto, asfalto ou terra batida), a abrasividade é muito maior. Sem a proteção da ferradura, o desgaste pode superar o crescimento natural, provocando dores, desequilíbrio, deformidades e perda de desempenho.
Por que a ferradura é importante?
- Proteção contra o desgaste – Terrenos duros ou pedregosos agridem a sola e a muralha do casco. A ferradura cria uma barreira entre o casco e o solo.
- Melhoria na tração – Em cavalos que puxam cargas, trabalham no pastoreio ou competem, o risco de escorregões pode ser fatal. A ferradura oferece aderência.
- Correção postural – Modelos específicos corrigem desvios de aprumo (angulação dos membros) e distribuem melhor o peso.
- Prevenção e tratamento de lesões – Laminite, síndrome navicular, casco rachado e outras condições exigem ferraduras terapêuticas.
- Conforto e bem-estar – O cavalo ferrado com técnica certa se movimenta com mais segurança e resistência.
Em resumo: a ferradura age como um “calçado ortopédico”, adaptado à necessidade de cada animal e sua atividade.
Quando a ferradura é indispensável
- Cavalo de lida (marcha diária no campo, longas distâncias, terrenos irregulares).
- Cavalo de tração ou esporte (laço, tambor, vaquejada, hipismo).
- Animais com cascos frágeis, rachados ou que já sofreram lesões.
- Ambientes abrasivos ou urbanos (calçamento, asfalto).
Já cavalos criados em áreas com solo macio, que não trabalham intensamente, podem permanecer descalços com o manejo correto (barefoot), desde que com acompanhamento frequente do casqueador e veterinário.
Tipos de ferraduras e suas funções
Cada ferradura tem um propósito e é feita para atender a diferentes demandas. Entre os principais modelos:
- De aço: resistente, durável e indicada para cavalos de tração ou serviço pesado.
- De alumínio: mais leve, usada em cavalos atletas por reduzir impacto e favorecer agilidade.
- De borracha ou polímeros: oferece amortecimento extra, ideal para cavalos com articulações sensíveis.
- Ferraduras ortopédicas: moldadas sob medida para tratar ou corrigir alterações nos cascos e membros.
- Ferraduras com pinças ou cravos antiderrapantes: usadas em provas de velocidade ou em terrenos escorregadios.
A escolha correta depende da função do cavalo, do tipo de solo em que atua, da conformação dos cascos e do objetivo do manejo.
Importância do profissional ferrador
Ferrar um cavalo não é apenas pregar um aro de metal nos cascos. É um trabalho técnico que exige conhecimento de anatomia, equilíbrio e biomecânica. O profissional qualificado sabe adaptar o tipo de ferradura ao animal e corrigir possíveis problemas estruturais. Um erro na aplicação pode causar dor, claudicação e problemas articulares.
A manutenção correta deve ser feita, em média, a cada 6 a 8 semanas — tempo que corresponde ao crescimento médio da muralha do casco.
E os cavalos sem ferradura? Dá certo?
Sim, mas com critérios. O método barefoot vem ganhando espaço, principalmente em cavalos de lazer, doma racional e manejo leve. Nesses casos, o casco precisa de raspagem frequente, alimentação equilibrada (para manter a qualidade da queratina) e solo que favoreça o desgaste natural.
O erro está em achar que todo cavalo pode ficar descalço. Quando o nível de exigência física é alto, a ausência da ferradura compromete o desempenho e pode causar danos sérios.
Conclusão: mais que tradição, uma necessidade técnica
Usar ferraduras não é luxo, nem modismo: é uma decisão técnica baseada em prevenção, desempenho e saúde. Em um cavalo de trabalho ou esporte, a escolha da ferradura correta — aliada à aplicação profissional — faz diferença no resultado e na longevidade do animal.
Quem trabalha com cavalos sabe: um bom casco sustenta não só o peso do animal, mas também o sucesso do que ele representa.
Cuide bem de quem leva você longe!
Consulte sempre um ferrador de confiança e um veterinário especializado em equinos. Avalie o tipo de solo, a frequência de uso do animal e seu histórico clínico antes de decidir pela ferragem ou pelo casco natural. A saúde começa nos pés.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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