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Após anos se consolidando acima dos R$ 5,00, o dólar voltou a se desvalorizar frente ao real de maneira intensa. Vem com a gente descobrir o por que desse ocorrido.
Após anos se consolidando acima dos R$ 5,00, o dólar voltou a se desvalorizar frente ao real de maneira intensa. Nesta sexta-feira, dia 25/03/2022, o dólar chegou a ser negociado no patamar de R$ 4,79, caindo mais de 14% frente ao real desde o início de 2022.
Ao que tudo indica, o maior “culpado”’ dessa apreciação do real frente ao dólar é o fluxo estrangeiro. A entrada de capital estrangeiro no Brasil vem aumentando desde meados de 2021, no entanto, atingiu picos mensais em 2022. Somente nos três primeiros meses de 2022 já foram US$ 87 bilhões que adentraram ao país, mais que todo o valor que entrou no país durante os anos de 2015 e 2020 somados.
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Mas por que o estrangeiro está colocando dinheiro no Brasil? Basicamente por dois motivos que merecem destaque, o primeiro e mais impactante é a taxa de juros.
O Brasil voltou a ter a taxa Selic na casa dos dois dígitos depois de quase 5 anos e já se cogita a possibilidade da chegada aos 14% a.a., com isso, o capital especulativo voltou ao Brasil após evadir por conta de uma Selic que remunerava 2% a.a. Com remuneração maior, mais capital é atraído.
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ALTA NAS COMMODITIES, ALTA NO PIB
A segunda motivação para a apreciação do real está atrelada ao mercado de commodities. Os índices que medem os preços das commodities no mercado global bateram o maior patamar dos últimos 8 anos, como é o caso do índice de commodities da Bloomberg que atingiu os 131.
E como o Brasil (e a américa latina como um todo) se posicionam como grandes produtores de commodities, um ciclo de alta no preço dessas gera impacto direto sobre a perspectiva de expansão econômica desses países.
Conforme demonstrado no gráfico da XP ao lado, o índice de correlação entre a alta das commodities e o PIB brasileiro é de 0,68, ou seja, um nível de correlação forte.
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E isso pode ser constatado pelas últimas revisões feitas pelos economistas consultados no boletim Focus do Banco Central que estão aumentando a expectativa de crescimento do PIB brasileiro e agora já se fala em uma aumento de 0,50% da nossa economia. Com uma economia mais forte e atraindo mais investidores internacionais, visualizamos o real ganhando valor.
NEM MESMO A GUERRA AFETOU O REAL
Vale a ressalva de que esse movimento tem outros componentes que impactaram na apreciação do real, no entanto, de maneira menos contundente. Um deles é a migração de capital estrangeiro que estava e/ou iria para a Rússia (caracterizado como um mercado emergente) e que com a guerra acabou vindo para o Brasil.
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O impacto desse fato é menor para o câmbio, pois o fluxo estrangeiro para o Brasil já estava elevado mesmo antes da guerra, no entanto, há de se convir que houve sim maiores motivações para a entrada de capital no país.
Há espaço para que o real se aprecie ainda mais? Sim, há projeções que indicam que a taxa de câmbio no Brasil poderia chegar até os R$ 4,35, isso por que quando olhamos economias similares (como a mexicana) visualizamos o quanto de “valor” nossa moeda perdeu nos últimos 5 anos, e que apesar da recuperação de 2022, ainda há espaço para a apreciação do real frente a esta moeda. Se vai acontecer? Teremos que esperar e observar comportamentos!
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Fonte: Agrifatto