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O tema foi debatido no painel “O papel do fertilizante na descarbonização da produção do alimento”, realizado pelo Estadão.
As mudanças climáticas podem inviabilizar grandes áreas utilizadas pelo agronegócio. Com o crescimento populacional e o efeito estufa cada vez mais evidentes, a descarbonização da produção rural é uma alternativa para colaborar com a sobrevivência do planeta.
A agropecuária tem o desafio de produzir mais com mais sustentabilidade para garantir a segurança alimentar global. O Brasil é exemplo de produção de energia verde e de técnicas agrícolas e pecuárias que permitem o sequestro de carbono. O tema foi debatido no painel “O papel do fertilizante na descarbonização da produção do alimento”, realizado pelo Estadão.
A pauta ambiental entrou para a agenda geopolítica global, na qual os brasileiros estão bem posicionados, mas precisam melhorar a imagem internacionalmente. O País tem o potencial de liderar o mercado de carbono, com benefícios diretos para a sociedade nacional: “Temos literalmente 500 milhões de hectares de mata nativa, um ativo enorme do ponto de vista de carbono”, afirmou o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.
O que é descarbonização?
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A descarbonização é o processo de emitir menos gases de efeito estufa, como o carbono, na produção de um bem ou serviço com o objetivo de provocar mudança da matriz energética para fontes renováveis.
O agronegócio e a alteração no uso das terras, como o desmatamento, representam mais de 70% do carbono gerado pelo Brasil. Caso não fossem utilizadas práticas sustentáveis, muitas desenvolvidas nacionalmente, esse índice poderia ser ainda maior. Um dos bons exemplos do setor é a substituição de fertilizantes nitrogenados.
O agronegócio pode ir além da descarbonização e iniciar um processo de reversão da degradação ambiental. “Através de boas práticas na agricultura regenerativa, conseguir trazer seu ambiente para que ele se mantenha produtivo e continue produzindo frutos”, afirmou o Director Global Accounts da Yara International, João Moraes.
Impacto das mudanças climáticas no agronegócio
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A temperatura na região central do Brasil pode aumentar mais de 5°C até 2050, o que impossibilitaria o cultivo das lavouras como acontece atualmente, segundo adverte o cientista Paulo Cartaxo. O alerta foi baseado no relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU).
A Amazônia é parte fundamental no regime de chuvas da América do Sul. As regiões da floresta amazônica com desmatamento acima de 30% apresentam uma estação de seca com estiagem mais longa e temperaturas mais altas. Os rios voadores, que passam pelo norte, afetam o regime de chuvas nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Agropecuária com sustentabilidade
O Brasil é referência mundial de preservação de mata nativa e de práticas sustentáveis no agronegócio. No entanto, o desmatamento ilegal, praticado por apenas 2% dos produtores rurais, ofusca o brilho das conquistas. Desde 2010, o País investe no programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Programa ABC), que foi renovado até 2030.
O investimento em pesquisa e inovação transformou um cenário de terras ácidas e com vastas regiões semiáridas em lavouras produtivas, seja por meio de avanços biotecnológicos, seja com manejo integrado, a exemplo do plantio direto e de sistemas silviagrícolas, como a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF).
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“O agronegócio brasileiro tem obrigação moral de vocalizar isso de forma convincente”, defendeu Moraes. O setor pode ser remunerado pela conservação de florestas e práticas de sequestro de carbono, o que significaria redução de custos que permitiria o aumento da competitividade e a ampliação do acesso a produtos sustentáveis.
Fonte: CanalAgro
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