Originado do cruzamento entre a raça Santa Inês e a Bergamácia, a ovelha Berganês desponta como resultado do esforço dos agricultores de Dormentes, Pernambuco, na década de 1980.
Na árida região nordestina do Brasil, surge o Berganês, uma nova raça ovina conhecida por seu rápido crescimento e adaptabilidade ao clima quente e seco da Caatinga. Originado do cruzamento entre a raça Santa Inês e a Bergamácia, esse robusto carneiro desponta como resultado do esforço dos agricultores de Dormentes, Pernambuco, na década de 1980.
A ovelha Berganês se destaca pela sua notável precocidade no desenvolvimento, atingindo peso considerável em poucos meses após o nascimento, podendo chegar até 50 kg. Este desempenho excepcional não só capturou a atenção dos produtores locais, mas também despertou o interesse de pesquisadores, que agora buscam oficializar o registro do Berganês como uma nova raça, reconhecida por suas características únicas.
Origem
No município de Dormentes, Pernambuco, criadores de ovelhas buscavam aprimorar suas criações, visando animais maiores e mais produtivos. A partir da década de 80, um grupo de agricultores iniciou cruzamentos estratégicos entre o Santa Inês e a Bergamácia brasileira, com o objetivo de melhorar um pequeno rebanho de ovelhas sem raça definida. Esse esforço inicial resultou na obtenção de animais com características fenotípicas desejáveis ao longo dos anos.
Durante os trabalhos de Assistência Técnica e Extensão Rural de Pernambuco em 2007, foram identificados ovinos de porte robusto e elevada produtividade no município de Dormentes. Para investigar a origem desse ecótipo, entrevistas foram conduzidas, focando nos descendentes dos primeiros criadores envolvidos nos cruzamentos.
Os agricultores adquiriram inicialmente exemplares das raças Santa Inês e Bergamácia, realizando sucessivos cruzamentos que culminaram na homogeneização do rebanho por volta de 2003, batizando-os como Berganês.
Análises de dados de competições pecuárias entre 2006 e 2015 revelaram que os ovinos Berganês apresentam excelentes características de crescimento e carcaça. Os animais registram uma média de 4,5 kg ao nascer, alcançando 12 kg aos 30 dias de vida, podendo atingir pesos entre 130 a 140 kg aos 18 a 24 meses de idade, exibindo uma conformação de carcaça notavelmente marmorizada.
O reconhecimento oficial da raça junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é um objetivo almejado pelos criadores, destacando o sucesso do trabalho contínuo de melhoramento genético e seleção desses animais em Dormentes, Pernambuco.
Características
O Berganês é uma raça de ovinos de dupla aptidão para carne e couro, caracterizando-se pela ausência de chifres, o que simplifica manejo e reduz custos de criação. Notavelmente rústico, o Berganês está sendo selecionado para ser completamente deslanado, embora se aceite a presença de lã em animais adultos. Adaptado ao semiárido nordestino, o Berganês prospera em ambientes de calor intenso e é especialmente adaptado para digerir vegetação nativa, incluindo gramíneas, folhas e ramos secos durante períodos de estiagem comuns na caatinga. Os animais são de porte grande e apresentam robustez física.
Distribuição do Plantel
A maior parte do plantel está concentrada no nordeste brasileiro.
Melhoramentos Genéticos
Criadores têm dedicado esforços significativos para aprimorar a qualidade do rebanho, visando melhor conformação física e qualidade de carcaça. Iniciativas nesse sentido contam com a assessoria de profissionais especializados em pecuária.
Como são os cruzamentos entre o Berganês e outras raças?
Os cruzamentos entre a Ovelha Berganês e outras raças podem resultar em animais com características desejadas para diferentes fins. Aqui estão algumas possibilidades:
- Cruzamento com Santa Inês:
- O cruzamento com a raça Santa Inês é comum, já que ambas são adaptadas ao clima quente do Nordeste brasileiro.
- Os descendentes desse cruzamento geralmente herdam a rusticidade e a resistência ao calor do Santa Inês, combinadas com o tamanho e a produtividade do Berganês.
- Esses animais são adequados para produção de carne e pele.
- Cruzamento com Dorper:
- O Dorper é outra raça popular para cruzamento com o Berganês.
- O Dorper é conhecido por sua alta taxa de crescimento e boa conformação de carcaça.
- O cruzamento pode resultar em animais com rápido ganho de peso e boa qualidade de carne.
- Cruzamento com outras raças de corte:
- Além do Santa Inês e Dorper, o Berganês pode ser cruzado com outras raças de corte, como a Texel, Ile de France ou Hampshire.
- A escolha da raça de cruzamento depende dos objetivos do criador, como produção de carne, pele ou ambos.
Qual é a taxa de crescimento típica dos Berganês x Santa Inês?
Os estudos sobre a taxa de crescimento dos Berganês cruzados com Santa Inês revelam variações significativas. Em geral, os machos não castrados apresentam melhor desempenho, mostrando maior peso corporal ao abate e ganho médio diário superior. Por outro lado, os machos castrados e as fêmeas tendem a ter um rendimento de carcaça mais elevado, cada grupo dentro de suas respectivas categorias.
Importância
O Berganês possui relevância econômica significativa na caprinovinocultura de Dormentes, Pernambuco, movimentando aproximadamente 2 milhões de reais por mês com o comércio desses animais. A raça não apenas sustenta a economia local, mas também representa um exemplo de sucesso no desenvolvimento pecuário adaptado às condições adversas do semiárido nordestino.
Para os agricultores nordestinos, o Berganês representa não apenas uma alternativa viável de sustento econômico, mas também um símbolo de resiliência frente às adversidades climáticas da região. Sua criação não só fortalece a economia local, mas também preserva e enriquece a cultura agropecuária tradicional, enraizada na paisagem e na identidade do sertão brasileiro.
Neste contexto, o Berganês não é apenas um animal de produção, mas um exemplo de como a inovação genética e o conhecimento local podem se unir para criar soluções adaptadas aos desafios únicos enfrentados pela agricultura nordestina.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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