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É importante diferenciar os produtos orgânicos dos naturais e convencionais, enquanto os orgânicos seguem normas rígidas de certificação, assegurando métodos de produção sustentáveis e livres de químicos sintéticos, os produtos naturais nem sempre atendem a esses critérios
O crescimento do mercado de alimentos orgânicos tem ganhado força no Brasil e no mundo, impulsionado por consumidores cada vez mais preocupados com a saúde e o impacto ambiental da produção de alimentos. Mas você sabe o que realmente caracteriza um alimento orgânico?
De acordo com o estudo “Panorama do Consumo de Orgânicos no Brasil 2023“, realizado pelo Instituto Organis, 36% dos brasileiros consumiram produtos orgânicos ao longo do ano passado. Além disso, entre 2021 e 2024, a demanda por esses produtos registrou um aumento expressivo de 16%, refletindo um interesse crescente por opções mais naturais e sustentáveis.
O que define a agricultura orgânica?
A produção orgânica vai muito além da simples exclusão de agrotóxicos. Esse sistema agrícola é baseado em práticas que preservam o solo, a biodiversidade e o equilíbrio ecológico, garantindo alimentos mais saudáveis para os consumidores e menor impacto ao meio ambiente.
Entre os princípios fundamentais da agricultura orgânica, destacam-se:
- A proibição do uso de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos;
- Técnicas sustentáveis de cultivo, como a rotação de culturas e o uso de adubos naturais;
- A conservação da biodiversidade e o respeito aos ciclos naturais dos ecossistemas.
É importante diferenciar os produtos orgânicos dos naturais e convencionais. Enquanto os orgânicos seguem normas rígidas de certificação, assegurando métodos de produção sustentáveis e livres de químicos sintéticos, os produtos naturais nem sempre atendem a esses critérios. Já os alimentos convencionais costumam utilizar insumos artificiais para aumentar a produtividade.
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E o que faz um produto ser orgânico?
No Brasil, para que um produto seja considerado orgânico, ele precisa seguir diretrizes rigorosas determinadas pela legislação, que visam garantir que a produção seja sustentável e livre de substâncias prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.
Uma das condições essenciais para a produção orgânica é a exclusão total de químicos sintéticos, como agrotóxicos e fertilizantes artificiais, assim como a proibição de organismos geneticamente modificados (OGMs). Em vez dessas substâncias, o solo é enriquecido com compostos naturais, como adubos orgânicos derivados da compostagem e biofertilizantes, que auxiliam na saúde do solo e promovem um ambiente agrícola mais equilibrado.
A agricultura orgânica se preocupa, também, com a preservação dos recursos naturais, adotando práticas que protejam e melhorem a qualidade do solo, da água e do ar. A rotação de culturas, o manejo adequado da irrigação e o incentivo à biodiversidade local são apenas algumas das técnicas utilizadas para garantir a saúde do ecossistema agrícola e minimizar o impacto ambiental.
No que diz respeito aos animais, como no caso de carnes, ovos, leite e mel, a criação deve respeitar o comportamento natural das espécies. Isso significa que os animais devem ter acesso a áreas externas e receber alimentação orgânica, sem o uso de hormônios ou antibióticos, assegurando que a produção animal também siga os princípios da sustentabilidade e bem-estar.
Quando se trata de alimentos processados, para que um produto seja certificado como orgânico, é necessário que ao menos 95% dos ingredientes sejam orgânicos. O restante pode ser composto por ingredientes não orgânicos, mas apenas quando permitidos pela legislação e se não houver alternativas orgânicas viáveis. Produtos com menos de 95% de ingredientes orgânicos podem ser rotulados como “com ingredientes orgânicos”, mas não podem ostentar o selo de produto orgânico.
Todo o processo de produção deve ser rigorosamente monitorado e documentado, possibilitando o rastreamento completo de cada item desde a origem das sementes ou mudas até sua chegada ao consumidor. Esse controle transparente assegura que o produto atenda aos critérios exigidos e garante a confiança do consumidor na autenticidade da certificação orgânica.
Certificação Orgânica
A certificação orgânica é uma etapa crucial que assegura ao consumidor que o produto adquirido segue as práticas estabelecidas pela agricultura orgânica. No Brasil, há três modalidades de certificação:
- Certificação por auditoria: Realizada por entidades certificadoras credenciadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
- Sistemas Participativos de Garantia (SPG): Formado por uma rede de produtores, consumidores e técnicos que colaboram entre si para assegurar a qualidade orgânica dos produtos.
- Controle social na comercialização direta: Voltada para agricultores familiares que vendem seus produtos diretamente aos consumidores, garantindo a autenticidade orgânica.
O processo de certificação envolve diversas etapas, como a adaptação da propriedade aos padrões exigidos, inspeções periódicas e a manutenção de registros detalhados de todo o processo produtivo.
Embora o processo de certificação possa parecer desafiador, ele oferece uma série de vantagens para os produtores, como o acesso a mercados específicos, o aumento do valor agregado ao produto e a construção de maior confiança entre os consumidores.
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Desafios e Soluções na Produção Orgânica no Brasil
A produção orgânica no Brasil, embora promissora, ainda enfrenta desafios significativos que exigem inovação e colaboração para garantir seu crescimento sustentável. A seguir, destacam-se os principais obstáculos e soluções estratégicas para superá-los.
- Escassez de Insumos Orgânicos: Produtos como fertilizantes e defensivos naturais muitas vezes são mais caros e de difícil obtenção. Para mitigar esse problema, é essencial investir em pesquisa e desenvolvimento, focando na criação de soluções mais acessíveis e eficazes.
- Comercialização e Acesso ao Mercado: A comercialização é outro desafio importante, especialmente para pequenos e médios produtores. Participação em feiras especializadas, parcerias com restaurantes e o uso de plataformas de e-commerce estão ganhando força como alternativas para ampliar o alcance das vendas.
- Manejo Sustentável de Pragas e Doenças: O manejo de pragas em sistemas orgânicos exige conhecimento técnico e o uso de métodos integrados. Para isso, a capacitação contínua e o compartilhamento de boas práticas são essenciais.
- A Transição para a Produção Orgânica: A mudança de sistemas convencionais para a produção orgânica pode ser uma jornada longa e desafiadora. No entanto, com o apoio técnico adequado e programas de incentivo governamentais, essa transição pode se tornar mais acessível.
- Educação e Conscientização do Consumidor: Um mercado robusto de produtos orgânicos só será possível com o entendimento do consumidor sobre os benefícios da produção orgânica. Para isso, campanhas de marketing e ações de conscientização são necessárias.
Com a superação desses desafios, a produção orgânica no Brasil tem um futuro promissor, contribuindo para um modelo mais sustentável e saudável de agricultura. Em 2024, foi possível perceber avanços, mas é necessário continuar trabalhando para garantir a expansão e consolidação deste mercado.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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