É o herbicida químico mais comumente usado no mundo e pode ser pulverizado em qualquer lugar onde haja plantas indesejadas.
Saiba mais sobre o glifosato
A princípio, ele foi desenvolvido para ser utilizado como um produto farmacêutico, sem sucesso.
Mas, vinte anos depois, dois químicos (John e Franz) da empresa agroquímica Monsanto sintetizaram o glifosato de forma independente ao descobrir que produtos químicos semelhantes a ele matavam de forma eficiente as plantas.
A Monsanto patenteou o produto químico e começou a vender seu herbicida glifosato com o nome comercial Roundup em 1974.
A popularidade desse produto veio ao ser vendido para plantas, como soja e milho, que eram geneticamente modificadas para sobreviver à pulverização com o Roundup.
Utilização do herbicida
Entre 1995 e 2014, o uso global de glifosato cresceu 12 vezes. Quando a patente da Monsanto sobre o glifosato expirou em 2000, o produto ficou disponível para as outras empresas e hoje existem centenas de glifosatos no mercado.
Desse modo, os agricultores usam o herbicida como uma forma prática de matar ervas daninhas que competem com as lavouras por luz solar, água e nutrientes do solo.
Ao pulverizar o glifosato, ele geralmente penetra na planta através das folhas, disse Ramdas Kanissery, cientista de ervas daninhas da Universidade da Flórida. A partir daí, ele viaja de célula em célula e se espalha por caule e raízes. Então, infectando toda a planta.
Antes de mais nada, explicamos que o glifosato é derivado de um aminoácido chamado glicina e as células vegetais tratam o glifosato como se fosse um aminoácido. Por sua vez, as plantas usam o aminoácido para construir enzimas e proteínas de que precisam para crescer por meio da síntese de aminoácidos.
Dessa forma, o glifosato termina nesse ciclo de síntese de aminoácidos e bagunça tudo, conforme disse Kanissery, porque o glifosato interfere na via crucial de produção de enzimas que impede a planta de criar as proteínas necessárias. Depois da exposição ao glifosato, a planta morrerá.
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Preocupação com o uso do glifosato
A questão é: o glifosato é um risco para a saúde humana e ambiental?
Pesquisas recentes mostraram que o produto químico pode prejudicar as plantas erradas por ser um herbicida não seletivo, além de animais selvagens e nós mesmos.
Isso significa que ele pode prejudicar até a planta nativa que costuma proteger, além de viajar para raízes de plantas não visadas com uma grande porção da solução persistindo no solo por meses.
Os pesquisadores descobriram, em um estudo de 2018, que o produto químico pode prejudicar animais.
Nesse estudo, descobriu-se que ele pode alterar as comunidades de micróbios no intestino de algumas abelhas. Além de outro estudo da mesma época mostrando que abelhas expostas a glifosato tinham larvas menores e mais atrasadas no desenvolvimento.
Mas o glifosato ganhou as manchetes mesmo por sua ligação suspeita com uma classe de câncer chamada linfoma não-Hondgkin. Essa ligação vem sendo debatida desde 2015 e continua sendo testada por cientistas.
Uma revisão de 2019 publicada por pesquisadores independentes examinou dados de vários estudos sobre os potencias efeitos cancerígenos do produto químico e descobriu que trabalhadores expostos às maiores quantidades desse produto tinham um risco 41% maior de desenvolver esse câncer.
Ou seja, os que correm mais riscos são os agricultores, que podem inalar e absorver quantidades relativamente grandes desse produto pela pele e olhos quando borrifam, disse Luoping Zhang, toxicologista da Universidade da Califórnia.