Número de gado em confinamento bate recorde na Austrália

Austrália supera 1,45 milhão de gado confinado, a demanda global por carne bovina impulsiona crescimento do setor, enquanto seca reforça necessidade de alimentação em currais.

Os confinamentos de gado na Austrália atingiram um novo recorde no quarto trimestre de 2024, totalizando 1,45 milhão de cabeças. O dado, divulgado pela Australian Lot Feeders Association (ALFA) e pela Meat & Livestock Australia (MLA), confirma a tendência de alta que já se mantém por dois anos consecutivos.

No período, a marca de 1.450.481 cabeças representou um aumento de 26 mil cabeças (1,8%) em relação ao recorde anterior, registrado em setembro, e 156 mil cabeças a mais do que no mesmo período de 2023.

Além do volume histórico de animais confinados, a capacidade dos currais também cresceu, alcançando 1,657 milhão de cabeças, um aumento de 63 mil em relação ao ano anterior. A taxa de ocupação seguiu elevada, atingindo 87,5% em dezembro.

O presidente da ALFA, Grant Garey, destacou que o crescimento dos confinamentos na Austrália está relacionado a dois fatores principais: a forte demanda internacional pela carne bovina e a necessidade de confinamento devido às condições de seca persistentes nos estados do sul do país.

“O investimento no setor levou a um aumento adicional de 14.142 cabeças na capacidade registrada no National Feedlot Accreditation Scheme, consolidando um fechamento forte para 2024”, explicou Garey.

Os confinamentos mantiveram um fluxo constante de gado, favorecidos por um mercado estável, garantindo um volume recorde de saídas de animais: 3.140.026 cabeças ao longo de 2024. Este foi o maior volume já registrado e apenas a segunda vez que o número superou a marca de 3 milhões de cabeças em um ano.

A demanda internacional pela carne bovina de confinamento também bateu recordes. A Austrália exportou 375.195 toneladas do produto ao longo do ano, com um dado histórico: pela primeira vez, a China superou o Japão como principal comprador.

No quarto trimestre, a China importou 28.624 toneladas, representando 29% do volume total exportado. Esse aumento ocorreu devido a uma queda de 22% nas exportações para o Japão, que tradicionalmente liderava as compras.

A transição de mercado também reflete diferenças na demanda: enquanto a China prioriza carne congelada, o Japão tem maior interesse em carne refrigerada. A estabilidade do mercado japonês após três trimestres de picos também contribuiu para a alteração no ranking de importadores.

Apesar da expansão no confinamento, a Austrália já passou do seu pico cíclico de rebanho. No entanto, a disponibilidade de gado de engorda aumentou 25% em 2024, com 620 mil garrotes passando pelo National Livestock Reporting Service Feeder Steer Indicator.

Segundo Erin Lukey, Analista Sênior de Mercado da MLA, as condições de seca nos estados do sul impulsionaram esse aumento na oferta de animais. “Com menos áreas para pastejo, muitos produtores recorreram à alimentação em confinamento para manter a produtividade.”

O preço dos insumos também favoreceu os confinadores. A média trimestral do preço dos garrotes caiu 3%, fechando o ano em 347 centavos por quilo. O preço do trigo em Darling Downs também teve queda de 6%, chegando a US$ 332.

Com um cenário favorável para os confinamentos, a tendência é de que a Austrália mantenha altos níveis de produção de carne bovina de confinamento em 2025. A crescente demanda da China, aliada à estabilização dos preços dos insumos, deve continuar incentivando o setor.

“Estamos exportando volumes recordes de carne bovina, e, mais importante, a proporção de carne de animais alimentados com grãos segue a demanda”, concluiu Lukey.

Fonte: Beef Central, traduzida e adaptada pela equipe Compre Rural.

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