Mudanças climáticas podem cortar 24% da produtividade do milho

Trabalho foi publicado por especialistas da Nasa e do Instituto Potsdam para Pesquisas sobre o Impacto Climático (PIK)

As mudanças do clima provocadas pela atividade humana podem derrubar a produtividade do milho em 24% até o fim do século, de acordo com pesquisa divulgada na revista Nature por pesquisadores da Nasa e do Instituto Potsdam para Pesquisas sobre o Impacto Climático (PIK).

Em contrapartida, a produtividade do trigo pode aumentar 18% devido ao aumento da concentração de gás carbônico na atmosfera e aos ganhos em latitudes mais elevadas.

As estimativas foram traçadas por modelos computacionais, que indicam condições climáticas mais acentuadas do que as projetadas anteriormente.

“Nós vemos que as novas condições climáticas vão empurrar as produtividades agrícolas para fora de sua variação normal em mais e mais regiões. As emissões de gases de efeito estufa provocadas por humanos vão trazer temperaturas mais altas, mudanças nos padrões de chuva e mais dióxido de carbono no ar. Isso afeta o crescimento das lavouras, e nós descobrimos que a emergência do sinal da mudança climática — o momento em que os anos extraordinários se tornam a norma — vai ocorrer na próxima década ou logo depois em muitas regiões-celeiro globalmente”, alertou o pesquisador-chefe do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa, Jonas Jägermeyr.

Segundo ele, as projeções indicam que os produtores rurais terão que se adaptar mais rapidamente, por exemplo com mudanças de datas de plantio ou uso de novas variedades, além de buscar melhores produtividades em latitudes mais elevadas.

Impactos desiguais

Os impactos agrícolas também tendem a ser distribuídos desigualmente sobre o planeta. Segundo a pesquisa, as áreas produtoras de milho nas Américas do Norte e Central, no oeste da África, na Ásia Central e no Sudeste Asiático devem ter quedas de mais de 20% na produtividade do milho “nos próximos anos”. Já o rendimento agrícola do trigo pode aumentar em breve no norte dos Estados Unidos e no Canadá, além da China.

“Um efeito que os dados mostram claramente é que os países mais pobres provavelmente vão experimentar os declínios mais acentuados nas produtividades de suas culturas mais básicas. Isso exacerba as diferenças na segurança alimentar e riqueza”, disse Christoph Müller, coautor e pesquisador do PIK.

Na prática, os pequenos produtores dos países mais pobres não vão conseguir compensar a oferta menor de milho com a compra de mais trigo produzido nos países mais ricos por falta de acesso econômico aos mercados, o que pode ampliar a insegurança alimentar de um lado, enquanto os países ricos terão mais lucros pela frente, ressaltou o instituto alemão.

Mesmo a produção de trigo não está com futuro garantido. A ocorrência de extremos climáticos, como longas e fortes secas, pode acabar prejudicando a produtividade do cereal em algumas safras. Além disso, o aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera pode reduzir o valor nutricional do trigo.

Fonte: Valor Econômico

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