MST invade novas terras e marca abertura do Abril Vermelho e culpa o Governo Lula

Apesar no anúncio do Governo Federal de financiar R$ 1 bilhão para o MST, o grupo promete realizar nas próximas semanas “a maior jornada dos últimos anos”. A expectativa é de que 60 ações do Abril Vermelho ocorram até 17 de abril, entre ocupações e protestos.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deu início às ações do Abril Vermelho com duas ocupações simultâneas em Minas Gerais e Pernambuco, marcando o que promete ser, segundo o próprio movimento, a maior jornada dos últimos anos. A campanha anual, que relembra o massacre de Eldorado dos Carajás (PA) em 1996, intensifica as ações de ocupação e pressão por avanços na reforma agrária no Brasil. As ações do MST e o anúncio de recursos do governo federal provocaram forte reação da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

Apesar no anúncio do Governo Federal de financiar R$ 1 bilhão para o MST, o grupo promete realizar nas próximas semanas mais invasões de terras. A expectativa é de que 60 ações do Abril Vermelho ocorram até 17 de abril, entre ocupações e protestos.

Invasões confirmadas em Minas e Pernambuco

A primeira ocupação ocorreu na madrugada do dia 5 de abril, quando mais de 600 famílias ocuparam a Fazenda Rancho Grande, localizada às margens da BR-116, no município de Frei Inocêncio, região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. O MST justifica a ação como “um ato constitucional”, cobrando a desapropriação da área para fins de reforma agrária, conforme determina a Constituição Federal sobre a função social da terra.

“Terras que não cumprem sua função social devem ser destinadas à Reforma Agrária”, afirmou a direção estadual do MST em nota oficial.

Em Pernambuco, cerca de 800 famílias ocuparam as terras da Usina Santa Teresa, no município de Goiana, na Zona da Mata Norte. Segundo Jaime Amorim, coordenador do movimento no estado, a região é historicamente marcada por conflitos fundiários.

As ocupações ocorrem dias após o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), endurecer o discurso contra o movimento, declarando em suas redes sociais que “não dará espaço para invasões” e que sua gestão “apoia quem produz e trabalha”. O MST rebateu, acusando o governador de “incitar o ódio e a violência no campo”.

Pressão do MST sobre o governo Lula

Apesar de ser historicamente aliado do Partido dos Trabalhadores, o MST tem aumentado o tom das críticas contra o governo Lula. O movimento cobra agilidade nas promessas de campanha, especialmente em relação à distribuição de terras e políticas de apoio à agricultura familiar.

Em um gesto simbólico, Lula visitou um acampamento do MST na véspera do Abril Vermelho e anunciou a reserva de R$ 520 milhões para a compra de imóveis, com previsão de beneficiar 73 mil famílias. No entanto, o movimento considera a medida insuficiente e mantém o plano de realizar cerca de 60 ações até o dia 17 de abril, entre ocupações e manifestações.

Nos bastidores, a insatisfação também recai sobre o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, cuja atuação é vista como tímida frente às demandas dos militantes.

Reação da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA)

As ações do MST e o anúncio de recursos do governo federal provocaram forte reação da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que vê nas ocupações uma ameaça à segurança jurídica e produtiva no campo.

Em nota, a FPA criticou o financiamento de políticas voltadas ao movimento, mencionando a destinação de até R$ 1 bilhão do orçamento federal para programas ligados ao MST, e cobrou o fim das invasões:

“Não se pode admitir que o dinheiro público seja usado para premiar quem ataca propriedades privadas, ameaça produtores e gera instabilidade no campo”, afirma o comunicado.

Lideranças da bancada ruralista também pressionam o governo para reforçar a proteção às propriedades rurais, alegando que os episódios recentes acentuam o clima de insegurança em várias regiões do país.

Abril Vermelho: O que esperar das próximas semanas

Com o Abril Vermelho oficialmente iniciado, a expectativa é de aumento nas tensões entre o MST, governos estaduais e o Planalto. O movimento promete manter a agenda de mobilizações, enquanto a bancada do agro deve intensificar as articulações no Congresso para frear avanços considerados favoráveis ao grupo.

Mesmo com o aceno do governo Lula, a base do MST sinaliza que a paciência está se esgotando e que só haverá recuo quando houver ações concretas e aceleradas na política de reforma agrária.

“Seguiremos produzindo alimentos saudáveis, plantando árvores e promovendo a agroecologia. A paz no campo passa pela reforma agrária”, conclui a nota do MST em Minas Gerais.

O cenário evidencia um impasse político e social crescente, com desdobramentos que devem marcar o calendário rural e político das próximas semanas.

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM