Embaixador afirmou que a Índia e o Brasil, como duas potências agropecuárias, precisam cooperar cada vez mais para superar os desafios para alimentar o mundo
O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, se reuniu com o ministro da Pesca, Pecuária e Lácteos da Índia, Parshottam Khodabhai Rupala, na sede da entidade, em Brasília, para tratar de temas de interesse comum relacionados ao agro, como comércio e segurança alimentar. O ministro está no país, acompanhado de uma delegação formada por representantes do governo e empresários indianos, para uma série de compromissos e reuniões com lideranças do agro e autoridades brasileiras.
No encontro, João Martins agradeceu a vinda da comitiva do país asiático e destacou o trabalho da CNA como entidade representativa dos produtores rurais no Brasil. O vice-presidente de Relações Internacionais da CNA, Gedeão Pereira, apresentou a estrutura institucional do Sistema CNA/Senar e a importância da agropecuária brasileira para a economia do país e para a oferta global de alimentos.
“O Brasil é o maior produtor e exportador de soja, café, suco de laranja e açúcar. Somos também os maiores exportadores de carne bovina e de frango. Os nossos principais mercados compradores são China, União Europeia e Estados Unidos”, disse.
O embaixador Suresh Reddy agradeceu o convite da Confederação e afirmou que a Índia e o Brasil, como duas potências agropecuárias, precisam cooperar cada vez mais para superar os desafios das mudanças climáticas e da segurança alimentar do mundo.
Segundo o embaixador, as exportações do agro brasileiro para a Índia aumentaram no último ano, mas há potencial para expandir as vendas externas. “O Brasil precisa olhar para o mercado indiano. Existem muitos produtos que podem ser exportados”.
O diretor do Instituto Central de Produção e Treinamento de Sêmen Congelado da Índia, Arun Prasad, explicou que uma das propostas da vinda da delegação ao Brasil é conhecer a tecnologia utilizada na pecuária leiteira, como as soluções genômicas e a inseminação artificial.
A Índia possui uma população de 190 milhões de cabeças de gado, sendo 76% de zebuínos voltados para a produção leiteira. Em 2019/2020, foram produzidas 198,4 milhões de toneladas de leite no país.
Visita em centrais de genética
A expedição do ministro indiano aproveitou para visitar algumas centrais de genética no Brasil. As autoridades do país asiático conheceram a bateria de touros Gir Leiteiro, o progresso da Alta Brasil e a contribuição da multinacional no melhoramento genético bovino do país, visando a evolução dos rebanhos brasileiros e a sustentabilidade. A visita foi coordenada pelo gerente de Leite Nacional, Guilherme Marquez e a Supervisora de Comércio Exterior, Flávia Paschoal. Na ocasião foram apresentados os melhores touros da raça gir leiteiro.
A visita oportunizou discutir sobre a parceria da Índia com a Alta do Brasil para exportação da supremacia gir leiteiro para o país asiático e alinhamento para melhor integração entre os países com assuntos sanitários referentes ao protocolo firmado.
Com foco em exportações, ABS Pecplan afunila comunicação com governo indiano
As autoridades do país asiático conheceram a bateria de touros Guzerá e Gir Leiteiro e o também o Laboratório IntelliGen Technologies, de genética sexada da ABS. O grupo verificou de perto a qualidade do trabalho desenvolvido pela ABS no Brasil, que visa gerar lucro através do progresso genético, pautado na produção sustentável.
A comitiva veio ao Brasil focada em animais que possam colaborar ainda mais com a genética bovina do país e demonstrou interesse pelo Gir leiteiro e Guzerá, que são raças Zebuínas, originárias da Índia. O Guzerá foi a primeira raça de gado zebuíno a ser introduzida no Brasil, trazida do país asiático. Atualmente, contudo, o Brasil não possui autorização para exportar genética para a Índia. O protocolo já existe, mas necessita de ajustes técnicos para facilitar o processo. Desta forma, um dos grandes objetivos da ABS foi dialogar sobre o assunto, para solucionar essa questão e fortalecer laços comerciais.
“O que acontece hoje é que nós temos uma dificuldade burocrática. Existe o protocolo sanitário e o mesmo é funcional, no entanto, a National Dairy Development Board, que é uma associação de criadores de gado de leite, criou um documento ao qual rejeita muito os nossos animais. Assim, o intuito da visita foi mostrar que o trabalho que desenvolvemos aqui condiz com o que falamos no exterior. Eles conseguiram experienciar o que a ABS faz e ver com os próprios olhos que é o correto”, explicou Rodrigo Moraes.
A avaliação do coordenador sobre a comunicação estabelecida é positiva. “Nós nunca recebemos em uma só visita o Ministro da Pecuária da Índia, o Embaixador, além de técnicos da National Dairy Development Board e investidores. Para nós, foi um prazer muito grande recebê-los e poder dizer realmente o que está acontecendo para tentarmos resolver esses empasses relativos à exportação. A Índia é um mercado que insemina muito e grande parte desses animais são Gir Leiteiro, então, se abrirmos essa porta para nós, iremos passar, do total no Brasil de exportação, de mais de um milhão de doses, para um mercado que poderia estar exportando facilmente, três a quatro vezes mais, o que exportamos hoje”, conclui.
O volume do rebanho indiano é expressivo, são cerca de 305,5 milhões de animais, 97 milhões de doses vendidas e mais de 33 milhões de vacas inseminadas. Além da comercialização de sêmen bovino, a exportação de embriões para a Índia também é uma das metas da ABS. O país asiático investe de forma significativa em inseminação artificial e conta com um leque propício para a inserção da linha de embriões brasileiros.