O milho é a segunda maior cultura de importância na produção agrícola no Brasil, sendo superado apenas pela soja. Segundo dados da Conab, divulgados em 2017, o milho verão conta com uma área de 5,5 milhões de hectares, totalizando uma produção de 30,31 milhões de toneladas.
Já no milho safrinha – ou segunda safra –, a estimativa de produção total é de 66,68 milhões de toneladas, cultivadas em 11,8 milhões de hectares.
Para atingir esses impressionantes números em termos de área e produtividade, o bom manejo vem sendo cada vez mais importante, e uma das tecnologias fundamentais é o uso de herbicidas para manejo químico das principais plantas daninhas infestantes da lavoura.
O controle químico é o método mais empregado no manejo de plantas daninhas na cultura de milho. No entanto, estratégias de manejo centradas em um único método, selecionam plantas daninhas tolerantes ou resistentes a esse método (Fleck, 2000). O Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD) é considerado a principal ferramenta para reduzir o impacto ambiental dos herbicidas.
O MIPD baseia-se na integração de métodos de controle, tornando os sistemas de cultivo desfavoráveis às plantas daninhas, e minimizando seus efeitos.
Manejo Químico de Plantas Daninhas
O manejo químico de plantas daninhas é realizado basicamente com atrazina, que controla principalmente plantas de folhas largas. Para o plantio consorciado com braquiaria, é comum ainda o uso de graminicidas, que tem o nicosulfuron como principal representante.
Todavia, há outros herbicidas registrados que podem ser utilizados no controle de plantas daninhas de folhas estreitas, como o mesotrione, tembotrione e o glufosinato de amônio.
O glufosinato de amônio pertence ao grupo químico derivado de aminoácidos, e é um herbicida pós-emergente para uso em área total da cultura em pós-emergência.
O mecanismo de ação do glufosinato de amônio ocorre através da inibição da enzima Glutamina Sintetase (GS) na rota de assimilação do Nitrogênio. Com a inibição da GS há um acúmulo de amônia e as células acabam morrendo.
A base da seletividade do glufosinato de amônio em milho e algodão é a presença do gene que permite o uso seletivo deste herbicida sobre as plantas que o expressam.
A aplicação de glufosinato de amônio está condicionada somente às variedades ou híbridos de milho e algodão tolerantes a esse princípio ativo, cuja semente esteja identificada como tal.
O glufosinato de amônio deve ser aplicado quando as plantas daninhas estiverem em crescimento ativo, sendo que os primeiros sintomas de controle podem ser observados a partir do segundo dia após a aplicação.
O estudo
Tendo em vista a importância de saber qual é a melhor época para aplicação do glufosinato de amônio em milho, nós realizamos um trabalho em campo para testar o efeito de fitotoxidez causado pela aplicação de glufosinato de amônio, empregado-o em dois momentos:
Normal (V2 – V4)
Tardio (V6 – V8)
Como o trabalho foi realizado?
Foram feitos 4 ensaios em cidades do PR, SP e MS (quadro 1). Nestes ensaios contamos com parcelas de 6 linhas, com 5 metros de comprimento, e espaçamento entrelinhas de 45 cm no primeiro ensaio (Toledo/PR) e 50 cm nos demais, com 3 repetições.
Híbrido | Local | Data semeadura |
---|---|---|
P3340VYH | TOLEDO, PR | 31/01/2017 |
30F53VYH | PEDRINHAS PAULISTA, SP | 23/02/2017 |
30F53VYH | CAARAPÓ, MS | 20/02/2017 |
30F53VYH | IBIPORÃ, PR | 22/02/2017 |
Quadro 1.
As aplicações de glufosinato de amônio na dose de 2,5 litros/hectare foram realizadas quando as plantas chegaram aos estádios normal (V2 – V4) e tardio (V6 – V8).
Tratamento | Época |
---|---|
T1 | Sem aplicação |
T2 | V2-V4 |
T3 | V6-V8 |
Quadro 2.
As avaliações foram feitas com base no padrão da DuPont (quadro 3) e 7, 14, 21 dias após a aplicação.
Conceito | Toxicidade / Seletividade (Descrição) |
---|---|
100 | Total Destruição, 100% morte de plantas |
80 | Extremamente severo, 75% morte |
60 | Muito severo, redução de estande, 25% morte |
40 | Severo, clorose / engruvinhamento / necrose / queima / redução do porte |
30 | Aceitável comercial / sem dano econômico |
20 | Aceitável, amarelecimento / clorose mais intensa / engruvinhamento |
15 | Definido, sem dano econômico, amarelecimento, clorose, engruvinhamento |
10 | Definido, amarelecimento visível |
5 | Leve, pequeno amarelecimento |
3 | Duvidoso, parece apresentar algum sintoma |
0 | Nenhum sintoma visível |
Resultados
Imagens comparativas de toxicidade
Conclusões
Os resultados foram bastante expressivos no que diz respeito, principalmente, às notas relacionadas à toxidez visual do ensaio.
Com notas altas, os ensaios de Toledo/PR e Pedrinhas/SP indicam uma queda de produtividade significativa, de até 84 sc/ha, em função da aplicação de glufosinato de amônio ter entrado mais tarde e os estádios de desenvolvimento mais avançados.
Aplicações realizadas no estádio inicial foram seletivas ao milho, ocorrendo leve amarelecimento e com total recuperação do milho posteriormente.
Por outro lado, aplicações realizadas no estádio de V7, a fitotoxidez foi elevada e houve baixa recuperação do milho, reduzindo o porte de plantas e influenciando diretamente na produtividade da cultura.
Além disso, foi observado um aumento significativo de plantas dominadas e abortadas quando houve aplicação tardia de Herbicida.
Tendo em vista o resultado deste trabalho, concluímos que é necessário ter cuidado com o posicionamento do glufosinato de amônio em aplicações aéreas na cultura do milho, ficando o seu uso restrito apenas aos estádios iniciais, não devendo ser aplicado após V5.
Dúvidas sobre a melhor época para aplicação de glufosinato de amônio? Acesse o site da Pioneer Sementes que eles responderam as dúvidas.
Referências:
Conab 1, Conab 2, Monsanto, Fundação MS, Scielo.br
FLECK, N. G. Controle de plantas daninhas na cultura do arroz irrigado através da aplicação de herbicidas com ação seletiva. Porto Alegre: Edição do Autor, 2000. 32 p.